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A Orla e o Petroclube

9/4/2009

Pois é meu compadre Ronaldo, eu não tenho a tarimba de Zé Lima pra contar "causos", mas peço licença pra relatar com tristeza um fato que está mexendo muito comigo. Voce sabe meu compadre que ultimamente quase não boto o meu zoinho pelas bandas de Aracaju, tempo não me sobra, pois com a "marolinha" que falou o presidente, tento garantir o leite das crianças, e pois não é que nesse fim de semana dei uma sarabanda, peguei a criançada e lá fomos nós visitar a nossa orla maravilhosa, a mais bonita do Nordeste.

Olha compadre logo de cara fui ficando avexado, decepcionado com o abandono da orla, andei mais pra adiante em direção ao Mosqueiro, bem devagarinho pra não perder nada de vista, meu zoinho estava atento e outra decepção. Voce já ouviu falar do Petroclube, não compadre? Pois é, quem te viu, quem te vê, mudou até de nome. Não é mais aquele, Petroclube do seu Helião, do seu Nivaldo, do seu Cezar e nem mesmo do seu Gonzaga. Tive vontade de parar e entrar, mas não vi nenhum conhecido. Que dó me deu ver aquele abandono. Cadê os socios, cadê a alegria daquela gente? O que vi  meu compadre Ronaldo, foi meia dúzia de gente parada que mais parecia num velório a espera do enterro.

Frequentei muito o Petroclube, lugar bom demais pra gente se divertir com a família, fui lá mais de mil vezes, eu acho. Brinquei carnaval no tempo que era de noite no salão antigo, dancei muito forró nas festas juninas e foi lá que conheci a gerentona, mulher bonita que só, parecia uma estrangeira com um sotaque bonito tal e qual uma portuguêsa. Fiquei de butuca com meus zoinhos tentando avistar ela, mas fiquei meio ressabiado, nenhum conhecido e dali escapei e fui pra casa daquele outro compadre que voce conhece. Aquele que mora no Tecarmo, aposentado da Petrobrás.

Era ele que me levava ao Petroclube e foi uma surpresa eu aparecer por lá e como sempre, lá estava frente a churrasqueira preparando aquele churrasco compadre e me lembrei de quantos fizemos no Petroclube. Nós acordávamos de madrugada pra conseguir um quiosque, mas era muito bom. E ai perguntei ao compadre se tinha morrido alguém, pois passara no Petroclube e vira tudo vazio, o pouco de gente que tinha, não era aquela de antigamente que riam, brincavam, dançavam até já de noitinha. Meu compadre me olhou com tristeza e disse: O petroclube tá morto compadre, só tá faltando enterrar. E eu então perguntei: E a gerentona, ainda está lá? Não compadre, ela se aposentou e demitiram ela. Voltou pra sua terra com a família, assim me informaram. E eu então fiquei mais triste ainda, só de pensar na minha gerentona de sotaque português lá pelas bandas do Rio de janeiro e nunca mais vou botar meu zoinho nela? Gente boa compadre, educada e muito prestimosa.
  
É uma pena meu compadre, fazer o que né?
 
Zoinho