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Desinteresse afasta alunos das escolas

16/4/2009

O Globo

O maior percentual de falta de interesse como justificativa para o abandono na escola foi em Tocantins: 59%. Em Sergipe (42%) e em Santa Catarina (38%) houve o maior número de respostas indicando demanda por trabalho e renda como o motivo da evasão. Das jovens que indicaram “outros motivos”, 46% falaram em gravidez.

Problema é apontado por 40,3% dos jovens entre 15 e 17 anos que abandonaram os estudos

O desinteresse é o principal motivo do afastamento de jovens de 15 a 17 anos das salas de aula, de acordo com pesquisa sobre evasão escolar divulgada ontem pela Fundação Getulio Vargas. O estudo mostra que 40,3% dos alunos nessa faixa etária que abandonaram a escola o fizeram por falta de interesse, 27,1% por razões de trabalho ou renda, 10,9% por falta de oferta e 21,73% por motivos diversos.

Para o coordenador da pesquisa, o economista Marcelo Neri, o resultado mostra que manter o jovem na escola não é apenas uma questão econômica: — É preciso criar e atender a demanda por educação. Garantir a atratividade da escola.

A base do estudo é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006 e a série de 2008 da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pais e alunos responderam a um questionário.

Os dados revelam que, em 2006, 2,7% de jovens e crianças entre 10 e 14 anos estavam fora da escola, percentual que sobe para 17,8% na faixa de 15 a 17 anos.

Os dados da PME mostram que a taxa de evasão escolar é maior em regiões mais ricas: São Paulo, com 19,43%, e Porto Alegre, 18,70%, têm os maiores índices de abandono de um ano para o outro, na faixa etária de 15 a 17 anos. Na região metropolitana do Rio, a taxa foi de 10,69%.

— Numa região rica, é maior a oferta de trabalho. No caso de necessidade, como o pai perder o emprego, é mais provável que o aluno dessas áreas deixe a escola para procurar trabalho.

Neri ressalta a necessidade de aprofundar os estudos sobre as razões da falta de interesse dos jovens em ficar na escola.

— Como combater a evasão? Devemos mudar o conteúdo, fortalecer o ensino técnico, a inclusão digital? O estudo destaca o que foi chamado pelos pesquisadores de “O paradoxo da Educação”.

Segundo Neri, mesmo com problemas, a escola dá retorno ao aluno, então é difícil explicar por que ele está fora da sala de aula.

Uma das teses é a de que os maiores ganhos da educação sobre a renda ocorre na meia idade, “portanto, longe no horizonte de planejamento do jovem”.

Motivos de renda aumentaram em relação a dados de 2004 Em relação a 2004, o percentual dos que abandonam a escola por falta de interesse diminuiu (45,12%, naquele ano), e o dos que largaram os estudos por problemas de trabalho ou renda aumentou (22,75%).

O maior percentual de falta de interesse como justificativa para o abandono na escola foi em Tocantins: 59%. Em Sergipe (42%) e em Santa Catarina (38%) houve o maior número de respostas indicando demanda por trabalho e renda como o motivo da evasão. Das jovens que indicaram “outros motivos”, 46% falaram em gravidez.

A pesquisa foi patrocinada pelo movimento Todos Pela Educação, Fundação Educar DPaschoal, Instituto Unibanco e Fundação Getulio Vargas.