Sonho abortado
 
Se as recentes pesquisas eleitorais estão corretas ou não, é outra conversa, mas não há dúvida que o resultado de uma delas divulgado na última segunda-feira fez brotar um sorriso de “orelha a orelha” nos semblantes dos deputados federais Jackson Barreto (PMDB) e Eduardo Amorim (PSC). Explica-se: com a pequena diferença de 5% entre Marcelo Déda e João Alves Filho na disputa pelo governo estadual, os dois parlamentares que sonham em ser eleitos para o Senado Federal devem estar acreditando que esse resultado pode motivar o ex-governador João Alves Filho a ser candidato ao governo do estado, deixando assim de pleitear uma candidatura a senador da República, cuja eleição é tida como certa.

Sem João Alves Filho na disputa para o Senado Federal e com o senador Antônio Carlos Valadares caminhando a passos largos para sua reeleição, Jackson Barreto e Eduardo Amorim teriam mais chances de “abiscoitar” a outra vaga de senador. O raciocino tem suas razões de ser, mas existe um outro obstáculo para a dupla e que atende pelo nome de Albano Franco (PSDB). O deputado federal tucano apareceu na pesquisa com um percentual de intenção de voto para senador que sinaliza para a sua vitória nas urnas. Também deve ser levado em consideração que o petista José Eduardo Dutra almeja seu retorno ao Senado e, nesse caso, não existe um só sergipano ou sergipana que duvide da preferência do governador Marcelo Déda e do PT pela candidatura do ex-presidente da Petrobrás. Assim sendo, chega-se à conclusão de que a concretização do sonho de Jackson Barreto e de Eduardo Amorim terá que ser sepultada com dois se conformando em ser candidatos à reeleição para a Câmara Federal.         

Discurso arrebatador

Soaram como música para os ouvidos de sindicalistas, professores, médicos e outros trabalhadores inconformados com o tratamento dispensado pelo governo do estado as palavras proferidas pela deputada estadual Ana Lúcia (PT) durante discurso no dia de ontem que marcou o retorno dela à Assembléia Legislativa: “Voltei para parlar, para exercer um mandato que o povo de Sergipe me confiou e vou atuar da forma como sempre atuei. Toda a classe trabalhadora, que se organiza e que luta, contará com a força desta socialista que alimenta cotidianamente o sonho de construção de uma sociedade que supere essa em que vivemos, de uma sociedade socialista onde todos sejam tratados como iguais e que tenham os mesmos direitos”. Por motivos óbvios, os governistas devem ter sentido calafrios na espinha, enquanto a bancada de oposição vislumbrou a possibilidade de contar com uma nova integrante. 

Inversão de valores

Somente os insensíveis e os dotados de “nervos de aço” podem ficar imunes a sentimentos de indignação e revolta ao se deparar com a seguinte informação: enquanto o custo mensal (leia-se dinheiro do contribuinte) para manter um marginal atrás das grades é de R$ 1.581,80, o de um aluno da rede pública de ensino é de R$ 173,56. Trocando em miúdos: o governo do estado gasta uma quantia quase 10 vezes maior do que um estudante de escola pública. É por essa e outras que, a cada dia, cresce o número de pessoas que defendem abertamente a implantação da pena de morte no Brasil.

Sem respostas

O tempo passa, o tempo voa, e as quatro perguntas que não querem calar continuam sem respostas: que fim levou aquela gravação de uma conversa entre um assessor da secretaria de Estado da Saúde e um empresário sobre o pagamento de propina de 30%? Em que pé está aquele rumoroso caso da compra de um terreno em Lagarto pelo governo do estado, cuja valorização atingiu 4.000% em apenas dois  meses? Quanto a Secom do governo do estado pagou para imprimir revistas coloridas versando sobre as “iniciativas” da administração estadual? Quem foi o responsável pela fuga do cão “Pitoco” do Palácio de Veraneio?

Soltando o verbo

“Marcelo Déda fez mestrado e doutorado em greves, mas hoje, no cargo de governador, busca a Justiça para impedir greves, corta o ponto dos grevistas, promove a abertura de inquérito administrativo e defende até a prisão de sindicalistas”.

Deputado estadual Venâncio Fonseca (PP)

Para reflexão:

“O mundo dá muitas voltas” (Ditado popular)