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Queijo sem inspeção pode causar meningite

24/4/2009

Os laticínios – queijos coalho, requeijão e manteigas - comercializados nos mercados, ruas e feiras livres, sem o selo de inspeção da Deagro, podem provocar no consumidor de uma simples diarréia, à meningite, uma doença grave que pode causar a morte. Foi o que informou ontem, Salete Dezen, diretora da Defesa Animal e Vegetal da Secretaria de Estado da Agricultura, ao revelar que mais de 200 fabriquetas clandestinas estão produzindo esses produtos no Estado, sem nenhuma condição de inspeção e são verdadeiros focos de doenças. Só que, mesmo sabendo que a situação é grave, existe uma omissão geral do Estado com relação ao problema.

A Emdagro não fiscaliza as fabriquetas, por serem clandestinas, e tão pouco as Vigilâncias Sanitárias Estadual e Municipal agem nos pontos de venda, recolhendo todos os produtos sem inspeções estadual ou federal. É uma questão que exige a intervenção do Ministério Público Estadual.

Alheio ao problema da omissão dos órgãos fiscalizadores, o consumidor continua pondo em risco a saúde, e a própria vida. Muitos consomem o produto exposto por ser gostoso e mais barato do que o vendido nos supermercados ou lojas especializadas. Não procura saber sobre a data de fabricação e muito menos onde ele foi produzido. Como está exposto, compra. Mas em Sergipe, existem mais de dez fábricas de laticínios legalizadas, duas com inspeção federal, com produtos que garantem o consumo saudável das iguarias que fazem parte da culinária sergipana.
E estas iguarias são muitas. O queijo coalho aparece no beiju e até na sobremesa, coberto pelo melaço de cana. Estas delícias são verdadeiras armadilhas e podem ser o motivo da infecção intestinal do dia seguinte. “É comum a gente presenciar as pessoas saboreando o queijo na praia. Adultos e crianças consomem o queijo assado alheio aos riscos. Precisamos de uma grande campanha para conscientizar a população sobre esta prática nociva”, disse Dezen, mostrando também que é necessária a ação da Vigilância Sanitária Estadual e Municipal.

Apreensão

A situação veio à tona devido a apreensão pela Polícia Rodoviária Federal de cerca de 400 quilos de queijo coalho, manteiga e requeijão, transportados em sacos plásticos e sem refrigeração. A ação aconteceu na tarde de quarta-feira, no Km 69 da BR 101, em Maruim. Policiais Rodoviários Federais faziam ronda pela rodovia quando desconfiaram do excesso de peso carregado em um VW Parati, placa MMS 0888/SE. Na abordagem, os agentes encontraram a carga. Além disso, a nota fiscal apresentada aos policiais indicava o transporte de 170 quilos dos produtos. O condutor Gladston Jorge Costa Santos, 33, e o passageiro Erisvaldo Lopes de Andrade, 50, foram detidos e vão responder por crime de descaminho (valor em Nota Fiscal diferente do transportado) e crime contra o consumidor (má acondicionamento de produto perecível). Os dois informaram que venderiam os laticínios em feiras livres de Aracaju e era comum transportar as mercadorias daquela forma.

Salete Dezen, pede que as pessoas não consumam os queijos e manteigas que são vendidos nas feiras livres e nos mercados. “Além da fabricação, existe o problema do transporte, que não é o ideal e da conservação nos pontos de venda. Os laticínios devem ser resfriados, não podem ser expostos da forma que são. É o mesmo problema da carne”, enfatiza.

Vigilância estadual

A gerente de Alimentos da Coordenadoria de Vigilância Sanitária do Estado, Silvina Aquino disse que a situação das fabriquetas clandestinas de laticínios é bastante discutida entre os órgãos de segurança alimentar, mas que para atuar como deve, recolhendo todo o produto sem inspeção das feiras e mercados, seria provocado um grande problema social. “Os comerciantes não podem ser prejudicados. A ação tem que ser feita na produção, buscando a qualificação dos produtores. Também devemos trabalhar na conscientização da população para que não consuma os produtos clandestinos, sem inspeção. Pois, se não houver consumidor, não há produção”, acrescentou.

A omissão também passa pelo trabalho da fiscalização municipal. A exemplo do que ocorre com a carne, que ainda é comercializada nos mercados sem refrigeração, os laticínios seguem o mesmo caminho, afrontando todos os preceitos de higiene, sem que alguém seja punido, até que vítimas reclamem do descaso das autoridades.

Por:Acácia Trindade

Fonte: Jornal da Cidade