Artigo
Os usuários de Internet que têm casa de campo ou de praia ou que vivem de atividade agro-pastoril no interior têm uma grande dificuldade no Brasil para se conectar à Internet. É que a disponibilidade de acesso à rede mundial de computadores em lugares remotos, distantes das grandes cidades, é precária, não existindo meios para a conexão.
Mesmo a conexão por rádio só é disponibilizada nas proximidades das regiões metropolitanas e a ligação discada por telefone, só é disponível quando existe telefone fixo por fio. Assim mesmo, quando a ligação discada é possível, o usuário sofre com a má qualidade da ligação devido a vagareza resultante da baixa velocidade de transmissão de dados pela conexão dial-up.
Tal situação se constitui num entrave ao desenvolvimento do uso da Internet já que ampla faixa da população interiorana está impossibilitada de fazer uso dela para o trabalho, pesquisa, entretenimento. Agora, entretanto, uma nova perspectiva surgiu com a possibilidade de uso da rede elétrica para a conexão com a Internet e que foi regulamentada recentemente pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). É que a rede elétrica tem ampla capilaridade pelo interior e se constitui num meio de conexão de boa qualidade tendo em vista que elevadas velocidades de transmissão podem ser alcançadas. Além disso, a ligação pela rede elétrica não exige investimento inicial de vulto já que a transmissão é feita pelos fios e cabos já existentes que conduzem eletricidade. A disponibilização de um simples moldem para BPC permite uma ligação de velocidade de transmissão suficiente para quase todas as finalidades.
A ligação pela rede elétrica é conhecida como Broadband Power Line Communication identificada pela sigla BPC. Há muito que a cabeação das linhas de tramissão vêm sendo usada para comunicação pelas empresas de geração e transmissão de eletricidade.
Um dos sistemas usados há longo tempo é o Teletra que se constitui numa comunicação de baixo custo das empresas com linhas de transmissão de alta tensão entre as usinas geradoras e os grandes centros consumidores. O que foi regulamentado agora pela Anatel é a possibilidade deste recurso ser aberto ao grande público usuário da Internet. É previsto, entretanto, que tal recurso de acesso à grande rede mundial de computadores não terá serventia nas grandes cidades onde outros meios, como o cabeamento de telefone e de transmissão por televisão a cabo já são usados.
Assim sendo, o grande público a ser beneficiado pela conexão BPC será o do imenso interior do País. Segundo foi noticiado as empresas de eletricidade apenas disponibilizarão suas linhas de transmissão para a comunicação via Internet. Aí não se sabe se o ideal seria que as empresas de transmissão de eletricidade passassem a disponibilizar, também, o serviço de acesso à Internet e, assim sendo, passariam a competir com as empresas concessionárias de serviço de telefonia bem como com as empresas de televisão por assinatura via cabo.
Mas a mania de adotar regulamentação irracionalmente no nosso País poderá resultar que o serviço de fornecimento de acesso à Internet BPC em banda larga seja feito, também, pelas empresas de comunicação via telefonia. Nesta segunda hipótese a possibilidade de maior concorrência que poderia beneficiar o usuário com preços mais baixos passará a inexistir já que as empresas geradoras e de transmissão de força elétrica não poderiam atuar como prestadoras de serviço para conexão à Internet.
Didymo Borges