Na monótona e repetitiva ladainha que impera na classe política sergipana, a “guerra” particular que vendo sendo travada nos últimos anos entre o deputado federal Jackson Barreto e o senador Almeida Lima é um caso à parte. Muitos avaliam essa querela entre os dois como algo sem importância que não deveria ser explorado pela imprensa, mas ninguém pode negar que é um raro condimento a temperar a insossa e fria sopa de letrinhas da política estadual. Nas últimas semanas, os dois arquiinimigos subiram novamente ao ringue para outra troca de cruzados de direita e de esquerda abaixo da linha da cintura.
Bastou o senador Almeida Lima ser designado presidente da Comissão Mista do Orçamento para Jackson Barreto declarar que isso aconteceu por obra e graça do senador Renan Calheiros como forma de “pagamento” pela defesa intransigente que seu desafeto fez para livrar o parlamentar alagoano da cassação. Almeida Lima ainda não havia se manifestado a respeito dessa afirmação do primo, mas ontem durante entrevista ao radialista Gilmar Carvalho, o senador retrucou dizendo que Jackson Barreto já foi a Alagoas pedir dinheiro para campanhas eleitorais ao então governador Fernando Collor de Mello e ao senador Renan Calheiros. Citou até uma testemunha do pedido: o ex-vereador Marcélio Bonfim.
Agora, a questão entre os dois envolve as eleições de 2010. Enquanto Jackson Barreto diz que vai comandar o PMDB no processo eleitoral e apoiar a reeleição do governador Marcelo Déda, Almeida Lima afirma que poderá ser o candidato peemedebista ao governo do estado ou à reeleição de senador.
Assim como aconteceu por ocasião da recente eleição para prefeito de Aracaju, a disputa pelo comando do PMDB na eleição do ano que vem será mais “round” a ser travado entre os dois.
Há alguns dias, vários outdoors foram afixados em Aracaju parabenizando Sergipe por ter o senador Almeida Lima na presidência da Comissão Mista do Orçamento. Não demorou muito tempo para que outdoors com uma mensagem de parabéns pelo aniversário de Jackson Barreto fossem também espalhados na capital sergipana. Uma prova de que nessa contenta entre os dois primos ninguém quer “comer poeira”. Convenhamos que, mesmo sendo um tanto quanto despropositada - e por que não dizer hilariante -, essa “briga” entre Jackson Barreto e Almeida Lima é a única coisa mais ou menos interessante ou curiosa a existir nas entranhas da enfadonha classe política sergipana. Ou tem alguém que prefere petistas e democratas chamado uns aos outros de “feio narigudo”?
Avaliação de petista
“Em janeiro de 2008, expusemos em artigo breve análise do governo Marcelo Déda, caracterizando-o como neoliberal. O expurgo de Nilson Lima da secretaria da Fazenda, as crescentes ameaças contra as justas reivindicações da PM, entre outras ações igualmente antidemocráticas, ampliam, aprofundam e desnudam o caráter autoritário e despótico de Marcelo Déda” - são as palavras iniciais de um artigo intitulado “A greve dos policiais, Nilson Lima e um governador do século XVI” assinado por Frederico Lisboa Romão, um membro de longas datas do Partido dos Trabalhadores em Sergipe.
Que país é esse?
O Tribunal de Constas da União suspendeu a tomada de preços do Conselho Federal de Economia (Cofecon) que visava contratar empresa para confeccionar a nova carteira profissional do economista. O valor do contrato é estimado em R$ 260 mil. O TCU descobriu que, antes mesmo de abertos os envelopes com as propostas, o site do Cofecon e o informativo interno já noticiavam a GD Burti como empresa vencedora. Até tu, Cofecon?
Soltando o verbo
“Quem faz doação eleitoral por baixo dos panos, cobra por baixo dos panos. É uma obrigação nossa garantir que as doações sejam feitas à luz do dia”.
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Carlos Ayres Britto
Para reflexão:
“Somente o medíocre não julga pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível, não o invisível”. (Oscar Wilde)