Em pronunciamento na tribuna da Assembléia Legislativa no dia de ontem, o economista Luiz Moura, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, reduziu a pó a pregação do governo estadual de que não tem condições financeiras para conceder um reajuste salarial que atenda às reivindicações do servidores públicos. Em alto e bom som, o representante do Dieese vaticinou: o governador Marcelo Déda pode dar aumento de salário ao funcionalismo com percentuais entre 15,8% e 21,89%. O primeiro índice refere-se ao limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, sendo que o segundo refere-se ao limite máximo. Não foram palavras “ao vento”, mas resultantes de números relativos ao comportamento da economia sergipana com base em 2008 e nos meses de janeiro e fevereiro de 2009.
As reações das bancadas governista e da oposição à contundente afirmação de Luiz Moura foram, como não poderia deixar de ser, diametralmente opostas. Para o deputado Venâncio Fonseca (PP), isso demonstra que a crise econômica não comprometeu as finanças do governo estadual. “Se o governador não conceder um reajuste salarial com os percentuais apontados pelo economista do Dieese, é porque simplesmente não quer e ponto final”, disparou. Já o deputado Francisco Gualberto (PT) encontrou uma saída para se contrapor aos argumentos de Luiz Moura afirmando que o estudo feito pelo Dieese é de 2008 e não serve para que o governo estadual estabeleça seus parâmetros agora.
No frigir dos ovos, a explanação do economista do Dieese na Assembléia Legislativa serviu para colocar mais lenha na fogueira na questão que envolve o reajuste salarial dos servidores públicos. Na próxima semana, o governador Marcelo Déda irá anunciar o percentual de aumento do funcionalismo e, caso seja menor do que 15,8%, o caldo vai engrossar com a decretação de greves pelos servidores estaduais. Pelo sim, pelo não, o governador precisa colocar as barbas de molho e se preparar para o pior.
“PEC do trabalhador
O sério e atuante deputado federal Iran Barbosa (PT) está recolhendo assinaturas de seus colegas parlamentares para apresentar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de sua autoria, que propõe a inserção de um inciso no artigo 7º da Constituição Federal para criar o Sistema Nacional de Proteção ao Salário e aos demais Direitos dos Trabalhadores. A já batizada “PEC do trabalhador” estabelece a criação de uma rede social e institucional de acompanhamento e fiscalização do cumprimento dos direitos dos trabalhadores e penalidades para casos de descumprimento do que manda a Constituição Federal. Iran Barbosa quer a instituição de um cadastro nacional que torne pública a informação das empresas que desrespeitam os direitos dos trabalhadores e propõe que as empresas que integrarem esse rol não possam ser beneficiadas e manter relações com o poder público.
Nova música
Até há pouco mais de dois anos, a “trilha sonora” das manifestações de trabalhadores sempre foi uma canção do inesquecível Geraldo Vandré com os versos “Vem, vamos embora que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Nos dias de hoje, o “fundo musical” passou a ser outro e, desta feita, um samba gravado pela sensacional Beth Carvalho com esse acachapante trecho da letra: “Você pagou com traição/A quem sempre lhe deu a mão”. Para bom entendedor...
Soltando o verbo
“O PSDB em Sergipe vai ter que apoiar o candidato do DEM ao governo do Estado que poderá ser o ex-governador João Alves Filho, do DEM”.
Presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra.
Para reflexão:
“Rir é o melhor remédio e achar graça a melhor saída”. (Millôr)