No futebol, quando um time perde seguidamente seus jogos, a direção do clube resolve demitir o técnico como se ele fosse o único culpado pelas derrotas. Com os governos estaduais e municipais acontece a mesma coisa quando o governador ou o prefeito de plantão exonera um dos secretários colocando sobre seus ombros a responsabilidade pelo fracasso na prestação de um determinado serviço público. No futebol, o dirigente não leva em conta que a maioria dos jogadores do seu time é composta de “pernas de pau” e que o técnico não é capaz de fazer milagres com um plantel dessa natureza. Da mesma forma, o governante prefere colocar o pescoço do secretário na quilhotina, sem contabilizar o grande número de assessores desmotivados e muitos deles sem conhecimento e aptidão para o desempenho de suas funções.
Pode ser que os motivos para a exoneração do secretário de Segurança Pública, Kércio Pinto, tenham sido outros que somente aqueles que circulam nas entranhas do governo estadual têm conhecimento, mas, à primeira vista, ficou a impressão de que o governador Marcelo Déda desejou apontar um único culpado pelo caos que reina na segurança pública e, assim, se eximir de qualquer tipo de responsabilidade. Afinal de contas, o que mais poderia fazer o ex-secretário Kércio Pinto em termos de segurança pública com os policiais militares sendo destratados pelo governo do estado e totalmente insatisfeitos como os salários que recebem? É óbvio que a segurança pública em um estado depende enormemente do trabalho desempenhado pela Polícia Militar. Quando os PMs não se envolvem nessa tarefa com entusiasmo (leia-se bons salários), o resultado não pode ser bom.