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PSDB dribla governo e consegue a leitura da CPI no Senado

15/5/2009

Brasília - O PSDB conseguiu desatar o nó dado ontem pela base aliada do governo e conseguiu garantir na manhã desta sexta-feira a leitura do requerimento de abertura da CPI da Petrobras para apurar irregularidades nas licitações da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, na distribuição de royalties e na contabilidade tributária, para deixar de pagar R$ 4,3 bilhões em impostos.

O vice-presidente do Senado, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), abriu a sessão no Senado hoje e leu, junto com outros dois senadores, o pedido de abertura da comissão parlamentar de inquérito.

Com a leitura do requerimento de abertura da CPI da Petrobras, os 32 senadores que assinaram o pedido têm até meia-noite para retirar seu apoio. Se forem mantidas ao menos 27 assinaturas, será aberto o prazo para que os líderes indiquem representantes e a comissão de investigação será instalada.

Na noite de quinta-feira, uma reunião dos líderes, sem a presença do líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), tinha adiado a leitura por duas semanas e convocado o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a depor no Senado sobre as irregularidades.

Mas a estratégia comandada pelo governo, com o apoio do DEM, abriu uma crise na oposição, já que os tucanos se rebelaram contra a decisão do colégio de líderes e cobraram, no fim da tarde, a instalação da CPI.

Reunião com Gabrielli

O líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), chegou a promover uma reunião no início da tarde de quinta-feira entre Gabrielli e a cúpula tucana. Mercadante reiterou os argumentos que havia levado à bancada do PSDB na véspera, alegando que uma investigação sobre a Petrobras poderia comprometer o desempenho da segunda maior empresa de petróleo do mundo, com faturamento de R$ 240 bilhões, 55 mil contratos e 850 mil postos de trabalho diretos.

Entretanto, depois de mais uma hora de conversa com os tucanos, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), Virgílio e o senador Tasso Jereissati (CE) seguiram para o plenário dispostos a cobrar a leitura do requerimento de criação da CPI.

"Autorizamos o senador Álvaro Dias a coletar assinaturas para a criação da CPI da Petrobras. Precisávamos de 27 assinaturas, conseguimos 32. Portanto, não há outra alternativa a não ser ler esse requerimento", cobrou Virgílio.

Bate-boca em plenário

O senador Mão Santa (PMDB-PI), que presidia a sessão, foi substituído pelo primeiro secretário da Mesa, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que contou do acordo a Virgílio. Diante da contestação dos tucanos, Heráclito disse que o líder do DEM, José Agripino (RN), teria informado que estava representando o PSDB.

"Ninguém tinha procuração para falar em nome do PSDB", reagiu Tasso.

"O senador Agripino sempre foi um aliado nosso na Casa, mas não fala por nós", emendou Sérgio Guerra.

Petistas presentes saíram em defesa de Heráclito, que, pressionado pelos tucanos, chegou a propor a convocação de uma reunião de líderes na segunda-feira. Ainda brincou: "Veja só a minha situação, sendo elogiado pelo PT!"

Os tucanos pretendiam prosseguir no embate, quando a senadora Serys Slhessarenko (PT-MS), segunda vice-presidente do Senado, chegou em plenário para substituir Heráclito e encerrou a sessão. Indignados, Virgílio e Tasso subiram à Mesa e tentaram reabrir a sessão sob os olhares perplexos de funcionários e jornalistas. Isso porque essa prerrogativa não existe.

Tasso acabou batendo boca com a secretária-geral da Mesa, Cláudia Lyra, que teria referendado a decisão da senadora petista com o argumento de que não havia mais qualquer orador inscrito. Assustada, Serys deixou o plenário.

"Isso é uma vergonha!", protestou Tasso, de dedo em riste na direção de Cláudia.

Heráclito, então, mandou desligar os microfones. "Você não é mais senador que ninguém", retrucou Tasso.

Heráclito disse não concordar com o que Serys fizera, mas que ela tinha precedência para assumir a sessão. E tentou acalmar os ânimos: "Continuar desse jeito será péssimo para nossa biografia!"

Virgílio, no final, tentou negar o racha com o DEM, mas chamou o episódio de "momento infeliz": "É um estupro o que cometeram conosco e não vamos desistir de instalar essa CPI, que será a favor da Petrobras. O que não podemos é compactuar com corrupção na empresa."

Da Redação*
J. Freitas/Agência Senado

*Com agências