Clicksergipe - Onde Sergipe é a notícia!
       



Maisa chega aos sete anos exposta a situações "constrangedoras e degradantes"

23/5/2009

Pergunte para Maisa como foram suas últimas participações no "Programa Silvio Santos", no ar todos os domingos, às 14h, no SBT. Depois de ter chorado tanto nas últimas sextas-feiras, dia em que grava os programas, como será que ela está hoje, dia do seu aniversário de sete anos? Será que Maisa vai pedir algum presente especial durante a gravação do programa deste domingo, ou será que o "patrão" reservou mais uma de suas surpresas para ela?

Com presentes ou surpresas, alguma coisa deve mudar na vida da apresentadora-mirim nos próximos dias. Esta semana o Ministério da Justiça advertiu o "Programa Sílvio Santos". Segundo o Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), o programa expôs a garota a situações constrangedoras e vexatórias e, caso isso se repita, será reclassificado para maiores de 12 anos e só poderá ser exibido após as 20h.

Se isso de fato acontecer, os telespectadores serão poupados de testemunhar cenas bastante desconfortáveis entre a menina e o veterano apresentador, como as exibidas nos últimos três domingos. Numa delas Silvio Santos, sabendo que Maisa estava com medo de um garoto maquiado de monstro, pede para o menino entrar no palco, deixando a apresentadora em pânico. Após gritos e muito choro, Maisa escuta de seu "patrão" que ela é "cagona" e que "amarelou", afinal, "parecia uma criancinha de um mês de idade".

A pessoa que elabora isso tem noção? Acho que é ignorância da equipe", avalia a psicanalista infantil Ana Olmos, membro do Conselho de Acompanhamento da Programação de Rádio e TV da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. "Até cerca de seis anos, uma criança pode não ter atingido a clareza de distinção entre o que é real e o que é fantasia", esclarece.

 

Questionada por UOL Celebridades, a direção do "Programa Silvio Santos" disse que não existe roteiro para o quadro "Pergunte para Maisa" e que tudo acontece "de forma natural" entre os dois apresentadores.

Menina prodígio
Maisa Silva começou a trabalhar com quase três anos de idade, quando pediu aos pais para se apresentar no programa de caça-talentos de Raul Gil, na época exibido pela TV Record. Engraçada e inteligente, a menina prodígio conquistou o apresentador e ficou três anos trabalhando no programa. "A relação nossa com Maisa foi divina. Ela amava ir ao programa do meu pai. Ela o chamava de vô Raul", conta Raulzinho, filho do apresentador, que há 28 anos dirige o "Programa Raul Gil". O diretor disse que "nunca teve nenhum tipo de problema com ninguém" e que os pais de Maisa, Gislaine e Celso de Araújo Andrade, "sempre foram educadíssimos".

Em 2007, Maisa foi chamada por Sílvia Abravanel para fazer um programa no SBT. O salário da menina nascida no ABC paulista, filha de uma dona de casa e de um técnico em telefonia, saltou de R$ 2 mil para R$ 20 mil.

 

À frente do "Sábado Animado", programa matutino no SBT, Maísa ganhou visibilidade com seu jeito debochado. Seus vídeos tornaram-se uma febre na internet e não demorou muito para os humoristas do "Pânico na TV", da RedeTV!, iniciarem uma série de sátiras da menina. A personagem "Malisa, a Menina Monstro" e campanha "Fala, Maísa", que tentava a qualquer custo uma entrevista com a apresentadora, viraram quadro fixo na atração.

Gracinha até quando?
Desde que estreou no SBT Maísa passou a ser abordada na porta de casa e precisa de seguranças para ir à escola, que proibiu outras crianças de levarem máquinas fotográficas à sala de aula.

Segundo o Conselho Tutelar de São José dos Campos, onde a apresentadora vive com a família, fotógrafos e jornalistas vão diariamente à porta da escola e chegam a cercar os coleguinhas da garota para tentar tirar alguma informação.

Nesta quinta-feira (21), a conselheira Drenna Scarpel disse que os pais de Maisa foram notificados. "Acredito que eles foram pegos de surpresa nos últimos episódios do programa. Eu acho que ela [Maisa] já devia ter um acompanhamento psicológico. O papel do conselho é advertir e fiscalizar os pais, que devem zelar pelos direitos da criança".

Para a psicanalista Ana Olmos, a preocupação é que ela pague um preço muito caro na hora em que deixar de ser uma "gracinha". Segundo Olmos, vão surgir outras "gracinhas" e se Maisa for tratada como meninos ricos e mimados poderá ficar deprimida assim que suas fantasias forem se distanciando da realidade. "Alguém tem que saber que é questão de muito pouco tempo", reforça.

LUCIANA ETZEL - Da Redação - UOL