Clicksergipe - Onde Sergipe é a notícia!
       



PLANTÃO - Revista VEJA - O golpe dentro do golpe

30/5/2009

Tese do terceiro mandato fracassa e seus trambiques devem varrê-la para o lixo da história

O presidente Lula já disse diversas vezes que não aceita. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, também falou que a mais alta corte de Justiça do país não aprova. Até o PT, o maior interessado na mudança, divulgou um manifesto contra. Ainda assim, depois de quase três anos de desmentidos, começou a tramitar na semana passada a proposta de emenda à Constituição (PEC) que permite ao presidente Lula disputar um terceiro mandato no ano que vem.

 

 

Dida Sampaio
ELE OU ELA? Lula quer Dilma, mas dá asas ao "terceiro mandato"
para não deixar nenhum vácuo de poder até o último dia no Planalto

 De autoria do deputado federal Jackson Barreto, do PMDB de Sergipe, a emenda foi apresentada com 215 assinaturas de deputados e condiciona o terceiro mandato à realização de plebiscito marcado para setembro. O golpe, que ganhou força com a luta da ministra Dilma Rousseff contra um câncer, mal começou sua marcha e já corre o risco de ser varrido para o lixo da história. É que, assim como seu conteúdo, a tramitação da PEC também é um trambique.

Das 215 assinaturas apresentadas, 32 estavam duplicadas. As 183 restantes foram reduzidas para 166, cinco a menos do que o necessário, depois que dezessete parlamentares retiraram seu nome ou alegaram nunca ter assinado a tal lista. O golpe dentro do golpe fez a Câmara devolver a PEC ao deputado Barreto. Ele promete reapresentá-la nesta semana.

Sergio Lima/Folha Image,
ESTRANHO A emenda do deputado Jackson Barreto tinha até assinaturas duplicadas

A mudança constitucional que permitiria a Lula e aos atuais governadores e prefeitos disputar um terceiro mandato deve ser aprovada até o fim de setembro deste ano para produzir efeitos já nas eleições do ano que vem. Ela precisa ser aprovada em dois turnos na Câmara e no Senado antes de ser promulgada pelo Congresso.

Todos os especialistas acham muito difícil a tramitação em tempo recorde, mas um precedente anima a turma dos golpistas. Em 1999, a PEC que prorrogou a CPMF, um tema nada popular, tramitou durante exatos 119 dias – prazo inferior ao que ainda existe para a aprovação da emenda do terceiro mandato. "Se houver consenso e vontade política, a emenda pode ser aprovada em dois meses e entrar em vigor nas próximas eleições", afirma Barreto.

O deputado sergipano é o pai de aluguel da tese da re-reeleição. Ex-carteiro que se diz solidário a Lula desde as greves do ABC, Barreto herdou de Devanir Ribeiro (PT-SP), compadre do presidente, o apelo pela mudança constitucional. Barreto e Devanir não entendem por que Fernando Henrique pôde mudar a Constituição para disputar a reeleição e Lula não pode alterá-la para tentar o terceiro mandato. Simples. Dois mandatos é quase uma regra nas democracias. Três só existe na África e em países como Cuba e Venezuela.

FONTE: Expedito Filho - Revista VEJA