O Globo
Governadores do NE fazem pressão contra nome de Sarney para Senado
Quatro vão a Lula reclamar de PMDB querer comandar as duas Casas
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. Na reta final da disputa pelo comando de Câmara e Senado, governadores aliados do Nordeste ensaiam rebelião contra a decisão do PMDB de lançar o senador José Sarney (PMDB-AP) para a presidência da Casa. Entre os insatisfeitos estão Jaques Wagner (PT-BA), Marcelo Déda (PT-SE), Wellington Dias (PT-PI), Eduardo Campos (PSB-PE) e Jackson Lago (PDT-MA), que têm fortes divergências com o PMDB em seus estados. Pelo menos quatro deles manifestaram intenção de levar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sua desaprovação à ideia do PMDB de comandar as duas Casas do Congresso.
Eles devem aproveitar uma reunião sobre programas sociais no Planalto para alertar Lula. Por esses relatos, há forte risco de rebelião das bancadas aliadas na Câmara. Os governadores admitem que terão poucos recursos para segurar deputados que ameaçam boicotar a candidatura de Michel Temer (PMDB-SP). Com o esvaziamento da candidatura do senador Tião Viana (PT-AC), os governadores acreditam que pode haver alto número de traições de deputados nordestinos, inclusive do PT e do PDT.
Os governadores reagem porque o PMDB começa a rivalizar a disputa pelo poder local. O temor é que a eleição de Sarney fortaleça esses grupos do PMDB regionalmente. Por isso, já ensaiam liberar as bancadas nordestinas. Mas, antes, devem consultar o presidente Lula. Na Bahia, por exemplo, o governador Jaques Wagner administra a rebelião do PMDB desde que o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, decidiu disputar o poder regional.
Em Sergipe, Déda guarda mágoas da campanha agressiva do senador Almeida Lima (PMDB) para a prefeitura de Aracaju. No Piauí, Wellington Dias enfrenta a oposição do senador Mão Santa (PMDB). O embate é ainda pior no Maranhão, onde Lago é o maior adversário da família Sarney. Em Pernambuco, uma particularidade tem feito Eduardo Campos (PSB) trabalhar contra a candidatura de Temer: aliado do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), ele aposta na crise do Senado para conseguir mais votos para o comunista.