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70% das micros não conseguem crédito

28/6/2009

De cada 10 micro e pequenas empresas sergipanas, apenas três conseguem crédito nos bancos públicos e privados. Quem diz isso é o presidente da Federação das Micro e Pequenas Empresas de Sergipe, Nelson Araújo, ao analisar uma pesquisa feita pelo Sebrae de São Paulo em todo país, onde revela que quatro em cada 10 empresas reclamam que ainda não há melhoria na oferta de crédito. Araújo se queixa, por exemplo, do Banco do Estado de Sergipe (Banese), que abriu uma linha de crédito, chamado de Compras Governamentais, somente para aqueles que prestam serviços ao Estado. “Quem tem um negócio com uma prefeitura do interior, não tem acesso. É um absurdo”, reclamou.

“O governo do Estado fez uma festa para lançar a linha de crédito, mas que não atende a todas as micro e pequenas empresas”, afirma Nelson. “São 75 municípios em Sergipe e o governo não pensou em quem presta serviços às prefeituras do interior”, reforçou. Sobre o assunto, o diretor de crédito comercial do Banese, Carlos Alberto Tavares, reconhece que o Compras Governamentais é justamente para aqueles que têm contrato com o Estado. Desde que foi lançado, em 2 de junho, o Compras está atendendo mais de 20 contratos e já emprestou cerca de R$ 200 mil.

Quanto às críticas de que não há linha de crédito específica para os micro e pequenos empresários no interior do Estado, Carlos Tavares, explica que há a antecipação de recebíveis, junto a todas as prefeituras sergipanas – inclusive com prefeitura da capital – onde o empresário tem acesso. O presidente da Federação das Micro e Pequenas Empresas, Nelson Araújo, diz, no entanto, que ainda é muito pouco e sugere que, não só o governo do Estado, mas também bancos privados e públicos atentem para três fatores básicos que, em sua opinião, estão faltando em Sergipe: seriedade, confiança e acompanhamento dos financiamentos.

Sebrae

A postura de Nelson Araújo em lamentar a ausência de crédito para micro e pequenos empresários ganha reforço com a pesquisa realizada pelo Sebrae em São Paulo em todo país, pois Sergipe não é diferente do restante do país. A conclusão é do gerente da unidade de atendimento individual do Sebrae em Sergipe, Celso Patrício da Silva. “O resultado também se aplica a Sergipe, porque a pesquisa atingiu este Estado. Sim, os empresários enfrentam dificuldades devido à falta de informação, controle, planejamento, garantias reais e o principal motivo é que o empreendedor investe muito mais por necessidade e não por oportunidade”.

Com o objetivo de orientar os empresários, o Sebrae disponibiliza informação, auxilia no planejamento e facilita o acesso ao crédito com o Fampe (Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas). São beneficiários do fundo de aval, micro e pequenas empresas dos setores industrial (inclusive agroindústria), comercial e de serviços, de acordo com a receita bruta anual: microempresa - até R$ 240 mil; pequena empresa - superior a R$ 240 mil e até R$ 2,4 milhões; e micro e pequenas empresas exportadoras - até R$ 10,5 milhões.

O financiamento máximo do Fampe é de 80%, observados os seguintes limites quanto ao valor: em financiamentos destinados à aquisição de equipamentos, obras civis, capital de giro associado - até R$ 130 mil; para capital de giro - R$ 60 mil; investimentos em desenvolvimento tecnológico, inovação e operações de crédito voltadas às exportações, na fase pré-embarque - até R$ 300 mil.

Na avaliação de Celso Patrício, a população sergipana é empreendedora, mesmo com as dificuldades que enfrenta. “Considerando a população do Estado, hoje em torno de dois milhões de pessoas, 20 mil micro e pequenos negócios são considerados relevantes demonstrando que o sergipano também é empreendedor”. Ele explica que na Unidade de Atendimento Individual se elabora projetos para empreendimentos que visam à implantação, ampliação, modernização e buscam crédito bancário. Esse número gira em torno de 10 projetos por mês.

As unidades de atendimentos coletivos atendem número bastante superior, “mas no momento não podemos informar porque os responsáveis se encontram atuando nos municípios onde estão sediados os projetos. Se tivéssemos que dividir por setor, o setor de comércio é o que busca maior volume de crédito (em torno de 60%), principalmente para capital de giro”, explicou.

Nelson insiste que os MPE’s precisam ter os mesmos privilégios das grandes empresas e cita que uma famosa indústria de brinquedos faliu, mas vai se instalar no interior de Sergipe com os benefícios do Estado. “A situação é cada vez pior para o pequeno”, avalia.

Pesquisa ouviu 4,2 mil empresas

A pesquisa do Sebrae São Paulo ouviu, entre os dias 16 de março a 15 de maio deste ano, por telefone, 4.200 empresas das áreas industrial, comercial e de serviços, em todo o país, aplicando um questionário com 15 questões. Os resultados foram ponderados pela participação de cada setor no universo das micro e pequenas empresas (MPEs) em cada unidade federada e pela participação de cada uma delas no Brasil. O objetivo foi avaliar o impacto da crise financeira internacional no universo das MPE’s em todo país.

Sergipe conta com 20 mil micro e pequenos empresários. Tendo como insumo básico a informação, o Sebrae conta com equipe de pessoas capacitadas na Unidade de Atendimento Individual, que diagnostica a situação do pretenso empreendedor e caso pretenda crédito bancário, procede-se a elaboração de um plano de negócio para analisar a viabilidade do pleito.

Para tanto, se pode contar com o programa Próprio, que vem a ser um programa de orientação ao futuro empresário realizado através de palestras presenciais que deságuam no plano de negócio; ou mediante o programa Negócio Certo que tem a mesma modalidade do Programa Próprio, diferenciando-se que este é on-line.

Dispõe-se ainda, do SADE - Sistema de Apoio a Decisão Empresarial. Este sistema permite que se localize qualquer atividade comercial, industrial ou prestadora de serviço existente em Aracaju e mais nove municípios sergipanos, visando a orientação nos aspectos referente a mercado ofertante.

O Sebrae possui um centro de documentação e informação onde existe vasto acervo bibliográfico, composto de publicações técnicas elaboradas pelo Sebrae Nacional ou Sebraes estaduais que estão disponíveis para pesquisas dos clientes.

Para obtenção de crédito o Sebrae oferece ao interessado, orientação sobre as modalidades de linhas de disponíveis na rede bancária e disponibiliza o apoio na realização de simulações que avaliem a capacidade de pagamento do negócio em relação ao futuro empréstimo.

Sebrae dá dicas de gestão

Evite contrair dívidas, demitir funcionários e busque alternativas para atrair novos clientes e fidelizar os já existentes. Estas são quatro sugestões – de um total de 15 – que, diariamente, o gerente da unidade de atendimento individual do Sebrae, Celso Patrício da Silva, oferece aos pequenos e micro-empresários que buscam orientação. São dicas importantes para a gestão dos negócios. Confira abaixo o que Celso considerou mais importante para gerir uma empresa.

01-Busque alternativas para atrair novos clientes e fidelizar os já existentes;
02-Controle suas despesas e receitas;
03-Corte todos os custos despesas desnecessários;
04-Peça sugestões aos funcionários;
05-Gerencie seus estoques;
06-Negocie maior prazo de pagamento com seus fornecedores;
07-Evite contrair dívidas;
08-Nunca faça um investimento sem antes analisar o potencial do mercado consumidor;
09-Evite demitir funcionários;
10-Procure ganhar produtividade e competitividade verifique seus preços, margens, custos fixos, processos produtivos. Há sempre algo que pode ser melhorado;
11-Mantenha-se informado sobre os desdobramentos da crise;
12-Esteja sempre aberto às mudanças seja de produtos, processos internos e mercados;
13-Fique atento às novas oportunidades, elas sempre surgem em momentos de crise;
14-Procure melhorar seus conhecimentos de gestão. Quem administra melhor enfrenta menos dificuldades nos momentos difíceis.

O Sebrae pode ajudar o empreendedor nisso.

BNB amplia recursos em 50%

No primeiro quadrimestre deste ano, em comparação a igual período do ano passado, a superintendência do Banco do Nordeste (BNB) em Sergipe registrou um incremento de 33,6% em recursos para micro e pequenos empresários pela região. Foram R$ 28,3 milhões, de janeiro a abril de 2008, enquanto que no mesmo período deste ano subiu para R$ 38,5 milhões. As informações são do superintendente do BNB, Antônio César de Santana, ao destacar que os bancos públicos dispõem de recursos para as empresas.

Somente no ano passado em Sergipe, o BNB alocou mais de R$ 100 milhões em recursos e espera, até o final de 2009, ter um incremento de 50%. “A demanda não diminuiu em consequência da crise financeira”, assegurou Antônio César.

No segundo semestre de 2009, os bancos oficiais foram responsáveis por 40% do crédito concedido no país. Entre eles estão o próprio BNB, o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nessa linha, Antônio César incluiu o Banese. “No Nordeste é o único banco estadual”, destaca.

Jornal da Cidade - Texto: Antonio Carlos Garcia