Estado de Minas
Márcio de Morais
O presidente do PT em Minas, deputado Reginaldo Lopes, entrou em campo para apagar o incêndio interno que o deputado Elismar Prado provocou dentro do partido ao se lançar candidato à 3ª Secretaria da Câmara dos Deputados, em confronto direto com o colega petista Odair Cunha. A divergência é a última a se abater sobre os três cargos disputados por parlamentares de Minas Gerais – além dessa secretaria, a 2ª Vice-presidência e a Secretaria-geral – e desagradou o dirigente máximo do partido no estado. A sessão que vai eleger as mesas diretoras da Câmara e Senado está marcada para segunda-feira, dia abertura da atual legislatura.
“Nós teremos um só candidato”, desautorizou Lopes, antes de embarcar ontem para Brasília com o propósito de pôr fim à disputa de última hora na chapa liderada pelo paulista Michel Temer (PMDB). Ele informou ao Estado de Minas que vai passar a semana na capital para chamar os dois às falas e tentar superar o inesperado desacerto partidário. “Já tive conversas preliminares com ambos por telefone, mas quero me sentar com os dois na quinta-feira (amanhã) e obter uma solução”, revelou o presidente, que preferiu ser econômico nas explicações sobre as razões de Prado para repentina reivindicação.
“Ele (Prado) disse que tem divergências com o processo”, tangenciou Lopes, num elegante gesto em favor da conciliação. A candidatura avulsa de Prado surgiu de sopetão, pouco mais de uma semana antes da eleição da Mesa. Prado não respondeu às ligações da reportagem. Cunha já tinha sido ungido com as bençãos do partido para disputar o cargo como candidato de consenso da legenda. Até a semana passada, ele não se cansava de proclamar seu alento pela condição de único candidato da legenda para disputar a vaga.
Cunha acreditava viver um privilégio que os dois outros mineiros que estão na disputa por três dos sete cargos da Mesa – Edmar Moreira, do DEM, na 2ª Vice; e Rafael Guerra, do PSDB, na Secretaria-geral – assistiam de longe, já que suas próprias candidaturas eram contestadas por correligionários. Apesar da vaga do DEM estar destinada a Minas, por critérios de representatividade e rotatividade, Moreira ainda é desafiado por três democratas: do Pará, Vic Pires; de Sergipe, José Carlos Machado, e do Tocantins, João Oliveira. O presidente do DEM de Minas, deputado Carlos Melles, ainda tenta desobstruir o caminho para a eleição de Moreira, depois de cogitar, ele próprio, disputar a vaga.
Já Guerra viveu processo inverso ao do petista Odair Cunha. Até semana passada, sofria por ter dois outros tucanos de olho no cargo que acreditava ser seu, os deputados Eduardo Gomes (TO) e Roberto Rocha (MA). Os três foram convocados ao Palácio da Liberdade, sábado passado, pelo governador Aécio Neves, que contemporizou o conflito e deixou Guerra na condição de candidato de consenso ao principal cargo – a secretaria-geral, espécie de prefeitura da Casa – entre os três cobiçados por mineiros.