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Corrida para antecipar férias

7/7/2009

Ideia dos aliados de Sarney é votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias e tirar o senador do foco das denúncias

Correio Braziliense - Denise Rothenburg


Como a crise do Senado não termina, os parlamentares decidiram correr com a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)(1) para antecipar o recesso do dia 18 para esta sexta-feira. Assim, longe das câmeras de TV que ajudam a inflamar os discursos no plenário da Casa, os estrategistas políticos esperam ganhar tranquilidade para tentar fechar acordos que permitam dar um fim à guerrilha entre os partidos aliados ao governo e os de oposição. O objetivo é organizar o próximo semestre com mais calma, sem que o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), passe pelo constrangimento de ver Arthur Virgílio (PSDB-AM), que mescla explicações sobre empréstimos com ataques, ou Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pedindo que ele saia do cargo, como ocorreu ontem à tarde.

Sarney não estava em plenário na hora em que Virgílio e Jarbas discursaram. Ficou em seu gabinete, no 6º andar, como é de costume nas segundas-feiras. Lá recebeu os aliados, Gim Argello (PTB-DF), Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL). A avaliação dele é a de que o pior já passou, mas que a situação ainda requer cuidados e faltam algumas respostas, como, por exemplo, a reforma geral da estrutura do Senado, mais enxuta e moderna. Ele recebe esta semana o relatório final da Fundação Getulio Vargas (FGV) para, então, promover as mudanças que forem necessárias.

A seus fiéis escudeiros, Sarney tem dito que todas as medidas administrativas para dar mais transparência à Casa já foram tomadas. Os atos estão todos na internet, seguem sempre para publicação no Diário Oficial da União (DOU). No site do Senado estão ainda as despesas com a verba indenizatória. As horas extras foram regulamentadas, diretores demitidos. Além disso, há uma série de auditorias em curso, todas pedidas pelo próprio Sarney ao Tribunal de Contas da União. Os ex-diretores Agaciel Maia e João Carlos Zoghbi já respondem a processo administrativo. Isso sem contar as investigações a cargo do Ministério Público e da Polícia Federal. Ontem mesmo, Sarney mandou para o MP o relatório da sindicância sobre os atos secretos.

Reforma administrativa à parte, os aliados do presidente consideram que, do ponto de vista político, a situação ainda requer cuidados já que o cLima está longe da normalidade. Ontem mesmo, houve quem dissesse que os dossiês que o PMDB montou contra seus adversários vão começar a sair da gaveta. O líder do partido, Renan Calheiros, anunciou os nomes do partido para o Conselho de Ética, todos fiéis a ele: Almeida Lima (SE), Leomar Quintanilha (TO), Gilvan Borges (AP) e Wellington Salgado (MG), os mesmos de 2008. Mas, como a ordem é correr para o recesso, a expectativa é a de que o Conselho só funcione em agosto.


1- REGRAS
A Lei de Diretrizes Orçamentárias é o único projeto que, se não for votado, impede o recesso dos parlamentares. A deste ano traz como novidade o fim do Projeto Piloto de Investimentos (PPI) e o reforço no caixa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O parecer do deputado Wellington Roberto (PR-PB) será discutido hoje na Comissão Mista de Orçamento sob o comando do senador Almeida Limam(PMDB-SE), aliado de Sarney que fará de tudo para que o texto seja aprovado até quinta-feira no plenário do Congresso.

Se você tem alguma informação sobre o tema ou deseja opinar, escreva para leitor.df@diariosassociados.com.br


PT entre as urnas e a cartilha de Lula

Ricardo Brito
Daniela Lima


Os senadores do PT sabem que custará caro o palanque da ministra Dilma Rousseff, candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas próximas eleições. Os 12 parlamentares da bancada equilibram-se no fio da navalha desde a última semana. De um lado, pesa o apoio incondicional exigido por Lula para manter no cargo o acossado presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O cacique peemedebista é um dos fiadores da aliança entre seu partido e os petistas para o projeto Dilma-2010. Do outro, o risco de a exigência de Lula pesar individualmente no voto do eleitorado nos estados, já que nove deles (75% da bancada) deve concorrer à reeleição. É com base nessas variáveis que o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), marcou reunião da bancada hoje para discutir qual posicionamento da bancada no caso Sarney.

“É um preço alto para o partido (apoiar Sarney), mas é um preço ainda mais alto para a sociedade perder as próximas eleições presidenciais (com Dilma)”, afirmou a senadora Serys Slhessarenko, candidata à reeleição em Mato Grosso. “O partido tem que ter coragem para garantir as prioridades”, afirma Fátima Cleide, que também pedirá votos em Rondônia em 2010. Os petistas sabem que importante fatia do eleitorado é de opinião. E que o apoio a Sarney na crise do Senado pode respingar nos projetos individuais. “Com certeza é um eleitorado de opinião, mas nós não temos uma posição fechada”, ameniza Fátima Cleide.

Entre a ordem do Planalto e a necessidade de manter o fiel eleitorado, os senadores petistas estão em cima do muro. Na tarde de ontem, por exemplo, a tradicional reunião da bancada às terças-feiras, chegou a ser desmarcada por assessores do líder do PT. De São Paulo, Mercadante estava com receio da cobrança por um posicionamento oficial da bancada. No início da tarde, uma assessora da liderança entrou em contato com os liderados cancelando o encontro.

No fim da tarde, contudo, assessores de Mercadante fizeram nova bateria de ligações, confirmando a reunião. “Sou uma pessoa de partido e tenho responsabilidade de ser governo”, afirmou o senador João Pedro (AM). “Não é só o Sarney em si. Se ele sair e vier outro senador, a crise acaba?”, questionou o parlamentar.

A divisão na bancada é explícita. No início da semana passada, o próprio líder do PT pediu, informalmente, o afastamento temporário do presidente do Senado. A resposta de Sarney veio depois pela boca de Lula, que cobrou apoio incondicional ao peemedebista. Resultado: o PT ainda não tem uma posição pública, embora a pressão interna na bancada tenha aumentado no último fim de semana. Primeiro, o senador Tião Viana (PT-AC) criticou diretamente a postura de Lula na crise do Senado. Ontem, foi a vez da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PT-AC) reafirmar sua posição pela licença de Sarney.