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Veículos do Samu Aracaju estão sucateados

13/7/2009

Pneus carecas, lanternas quebradas, falta de equipamentos e até de material básico para o trabalho. Essa é a situação precária da maioria das ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Aracaju descrita pelos sindicatos dos trabalhadores da Saúde. “Existem ambulâncias em que faltam sirene, luz e até freio. Viaturas que no período de chuva param de rodar porque molha o paciente que vai dentro, porque falta manutenção”, afirmou a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe (Seese), Flávia Brasileiro. A falta de manutenção adequada é o principal responsável para que menos da metade da frota esteja em atividade, atendendo aos chamados diários realizados pela população da capital.

“As ambulâncias do Samu municipal estão em situação precária em sua maioria. A Prefeitura Municipal de Aracaju anuncia 20 ambulâncias, mas não tem, porque uma parte está fora de operação, outra foi cedida para o serviço social e outra está em reparo”, afirmou Flávia Brasileiro.

Segundo ela, com três novos veículos que entraram em atividade durante o Forró Caju, o Samu Aracaju conta atualmente com apenas nove ambulâncias ativas. Sete delas trabalham fazendo o atendimento básico e duas são responsáveis pelo suporte avançado, a vítimas em estado mais grave.

A Secretaria Municipal de Saúde rebate esta afirmação. A informação é que apenas três das 20 ambulâncias da frota do Samu estão em manutenção e as demais continuam rodando. Mas com a entrada em funcionamento das três novas viaturas agora vai ser possível dar andamento ao projeto de revitalização da frota. Segundo a assessora de Comunicação, Déa Jacobina, os veículos do Samu precisam de manutenção constante, porque como são utilizadas 24 horas por dia há um desgaste natural, sem contar o aumento da demanda por atendimento.

Diariamente, são oito viaturas do Samu em atividade, sendo seis de atendimento básico e duas de suporte avançado. Todos os dias são 23 profissionais prestando atendimento, sendo 12 condutores, sete auxiliares de enfermagem, dois enfermeiros e dois médicos reguladores.

Reclamações

Esta situação talvez explique as constantes reclamações das pessoas quando acionam o serviço e têm que esperar horas até que uma ambulância chegue. “Quando a população reclama que liga para o Samu e a viatura não vem, mesmo com o pátio cheio, não é porque não tem veículo, mas sim porque os que estão lá não têm condições de sair. As ambulâncias estão sucateadas”, afirmou a diretora do Sindicato dos Trabalhadores na Área da Saúde do Estado de Sergipe (Sintasa), Beatriz Barbosa.

A diretora contou que presenciou, após ser chamada por um colega que trabalha no Samu, as condições de uma viatura. “A porta traseira não fechava e o funcionário ia segurando para que o veículo não rodasse com a porta aberta”, disse. Ela ressalta que o problema é que os veículos são utilizados, mas não há a manutenção adequada. “Já ouvi de servidores que trabalham por amor, porque não há condições”, afirmou Beatriz Barbosa.

Mas segundo a Assessoria de Comunicação da SMS, desde setembro do ano passado o Samu tem uma oficina licitada, especializada na manutenção de viaturas de ambulâncias. Além disso, mantém um estoque de pneus para garantir o bom funcionamento das viaturas.

Outra denúncia da presidente do Sindicato dos Enfermeiros de Sergipe, Flávia Brasileiro, é que todos os veículos estão rodando sem o seguro obrigatório exigido pelo Ministério da Saúde.

“Como resultado disso, os profissionais estão trabalhando desprovidos dessa cobertura, bem como os veículos”, afirmou. Flávia disse que a informação passada pela Secretaria de Saúde é que as seguradoras não têm interesse em fechar contrato com o município por conta do alto risco. “Mas a questão é que as viaturas do Samu estadual, que estão expostas a um risco ainda maior, porque trafegam por rodovias estaduais e federais, são todas seguradas”, afirmou.

De acordo com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde, no que se refere ao seguro das ambulâncias a situação já foi regularizada. Na última terça-feira foi realizado o pregão presencial 23.2006 para contratação de empresa especializada na prestação de serviço de seguro de veículo tipo ambulância. A expectativa é que a assinatura do contrato com a empresa ganhadora seja feita ainda esta semana e num prazo de 15 dias o serviço já possa ser realizado. Outra informação passada é que com as três novas viaturas que estão sendo utilizadas e o serviço de manutenção feito está revitalizando a frota de urgência e emergência do município de Aracaju.

Falta material de trabalho

Além da falta de manutenção constante das viaturas, os trabalhadores do Samu municipal denunciam que há algumas semanas alguns itens de trabalho estão em falta, a exemplo de luvas de procedimentos. Por conta disso, eles estão usando luvas cirúrgicas estéreis, o que representa um gasto a mais para o município, já que custam mais caro. Flávia Brasileiro disse também que embora tenham sido comprados alguns medicamentos visando os dias de maior atendimento por conta do Forró Caju, ainda estão faltando alguns remédios utilizados em procedimentos diários. “Às vezes conseguimos algum material que vem dos hospitais Nestor Piva e Fernando Franco”, disse.

Dificuldades também no que se refere aos equipamentos dentro das ambulâncias: de acordo com Flávia Brasileiro, a maior deficiência no momento é quanto à escassez de oxímetro portátil – equipamento que serve para medir a quantidade de oxigênio no sangue do paciente e verificar se ele está respirando bem. A presidente do sindicato ressaltou que deveria haver uma quantidade suficiente desses equipamentos, até para uma maior segurança do paciente, só que praticamente os profissionais do Samu estão trabalhando apenas com o oxímetro fixo. Ela destacou, no entanto, que a boa notícia é que chegaram macacões, óculos e capas de chuva que fazem parte do uniforme necessário que deve ser utilizado durante o trabalho diário.

5.431 atendimentos em junho, mesmo com deficiências

Mesmo com todas as deficiências, a direção do Samu divulgou que só no primeiro semestre deste ano prestou 30.755 atendimentos. Em junho foram 5.431 atendimentos, dos quais 2.172 para pacientes que sofreram acidentes, o que corresponde a 40% dos socorros prestados.

De acordo com o enfermeiro Hilton de Lima Ribeiro, coordenador de Enfermagem do Samu 192 Sergipe, este aumento aconteceu devido às festas juninas, principalmente no interior do Estado. “Houve um aumento considerável de acidentes com múltiplas vítimas nas rodovias sergipanas, tanto por causa dos festejos, período em que o consumo de bebidas alcoólicas é maior, quanto por causa das chuvas que caíram no mês passado”, informou Hilton.

Os pacientes clínicos adultos com problemas cardiovasculares totalizaram 1.955, ou seja, 36% dos atendidos, seguidos por prestação de socorro a crianças com problemas clínicos, que somaram 1.086, totalizando 20% dos chamados.

Férias

Dados do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe) mostram que nos meses em que as crianças e adolescentes estão de férias o número de trotes passados ao serviço aumenta. Em janeiro deste ano, por exemplo, das 16.303 ligações recebidas na Central do Samu 192 Sergipe, 7.260 não eram verdadeiras, gerando uma demanda falsa de 45%.

Já no mês de março, das 13.903 chamadas, 35% eram trotes, ou seja, 4.895 chamados. Mas em junho, quando a maioria dos colégios proporciona férias mais cedo, devido às comemorações juninas, o número de trotes voltou a crescer. Foram 20.541 ligações, das quais 10.151 eram falsas, o que significa 49% das chamadas.

“Passar trotes ao Samu é uma contravenção penal prevista no artigo 41 da lei 3.688, de 3 de outubro de 1941. No mês passado, duas pessoas foram presas em Nossa Senhora da Glória e no momento estamos investigando um número que fez 122 chamadas falsas somente em um dia. Parece brincadeira, mas não é. As pessoas devem estar conscientes de que este serviço ajuda a salvar vidas”, alertou o coordenador de Enfermagem do Samu 192 Sergipe.

Quando chamar o Samu:

Na ocorrência de problemas cardiorrespiratórios;
Em casos de intoxicação exógena;
Em caso de queimaduras graves;
Na ocorrência de maus tratos ;
Em trabalhos de parto onde haja risco de morte da mãe ou do feto;
Em casos de tentativas de suicídio;
Em crises hipertensivas;
Quando houver acidentes/trauma com vítimas;
Em casos de afogamentos;
Em casos de choque elétrico.


Fonte: Jornal da Cidade