O ESTADO DE SÃO PAULO
Nem vitória livra Sarney de derrota política hoje
Placar acirrado assusta o PMDB, que previa aclamação
Christiane Samarco, BRASÍLIA
Mesmo que consiga transformar em vitória numérica a vantagem que apresentava ontem sobre o petista Tião Viana (AC), elegendo-se presidente do Senado, o senador José Sarney (PMDB-AC) deve amargar uma derrota política nesta segunda-feira.
Projeções otimistas de dirigentes do próprio PMDB apontam para um placar em torno de 52 dos 81votos pró-Sarney, marca idêntica à obtida pelo líder do partido Renan Calheiros (AL) em dezembro de 2007 quando, desgastado por denúncias que lhe tiraram a presidência do Senado, livrou-se da cassação e da perda do mandato.
Ao apresentar oficialmente a candidatura de Sarney dez dias atrás, a expectativa do PMDB era de que seu candidato sairia consagrado do plenário do Senado. Agora, no entanto, os mais pessimistas do grupo de Renan e Sarney já falavam até em 45 ou 46 votos.
Quem cantava vitória com entusiasmo ontem eram o candidato Tião Viana e seu principal aliado - o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). Os dois alardeavam o apoio de 43 senadores que consagrariam o petista como candidato da instituição, apoiado por sete partidos.
CAUTELA
Mais cauteloso, o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), dizia que a briga pela cadeira de presidente do Congresso está "indefinida", em uma situação de rigoroso empate. "Será uma disputa apertada, cabeça a cabeça", previu Casagrande, ontem.
Um dos alvos da operação de emergência montada ontem por Tião Viana e pelos líderes dos partidos aliados no Senado para consolidar a virada a partir da adesão do PSDB na noite de quinta-feira foi o senador Antônio Carlos Valadares (SE), único liderado de Renato Casagrande na Casa.
Embora os sarneístas dessem como certo o voto de Valadares, Casagrande e Tião Viana apostavam que o trabalho de reconquista do aliado foi muito bem sucedido.
Na guerra de números entre petistas e peemedebistas que já se proclamavam vitoriosos ontem, só uma previsão era comum às campanhas dos dois partidos: a de que existe ainda um contingente de dez senadores indefinidos.
ESPERANÇA
A esperança dos aliados de Viana é de que essa dezena de votos se defina em favor do PT na última hora, envolvida pelo clima de entusiasmo e emoção dos discursos em plenário.
Mais pragmática, a cúpula do PMDB, que passou o dia trabalhando na casa de Sarney, conferindo votos por telefone, admitia apenas que há sempre um grupo de "indefinidos que tendem a acompanhar o curso do rio".
COLABOROU ROSA COSTA