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Carne de cabrito é mais apreciada no Nordeste; veja receita

2/2/2009

A carne de bode, quem diria, está fazendo sucesso nos Estados Unidos. Na retrospectiva 2008 da Time, ela figura entre uma das tendências da gastronomia. Embora seja relativamente difícil de ser encontrada naquele país, segundo a revista, sua carne magra vem conquistando comensais, e algumas propriedades da Califórnia já criam animais para fins comerciais, permitindo que chefs sirvam em seus restaurantes pratos como linguiça de bode e cabrito assado.

Apesar de a relação de parentesco não estar explícita nos nomes, cabrito é a cria do bode, o animal jovem, com carne mais úmida e menos gordurosa. No Nordeste e em alguns restaurantes de cozinha regional em São Paulo, como o Mocotó, o bode atrai a atenção no cardápio, mas é o cabrito quem entra na panela. A brincadeira é um resquício do tempo em que costumava-se abater animais velhos --o que desencadeou, também, a fama de ser uma carne malcheirosa.

O chef Rodrigo Oliveira, do Mocotó, é adepto da provocação, já que acredita que o bode sofre mais preconceito do que o cabrito, mas não deixa de usar esse nome nos pratos de seu restaurante. Só de ouvir falar em bode, a pessoa já pensa em buchada, mas ele é muito mais do que isso. Além da carne, tem a tripa, o coração, os miolos... É um animal muito versátil.

Para o pesquisador Evandro Vasconcelos Holanda Júnior, da Embrapa Caprinos e Ovinos, o preconceito deriva provavelmente de questões culturais, do odor característico dos animais de idade avançada e do fato de a espécie ser explorada em áreas de baixo desenvolvimento --os rebanhos se concentram no Nordeste do país, onde a carne é mais apreciada. Hoje, contudo, vem aumentando o abate de animais jovens, e a carne caprina passa a ser vista como saudável em função de sua composição nutricional, afirma.

Um dos maiores diferenciais da carne caprina é o baixo teor de gordura: a cada 100 gramas, contém 2,76 gramas, contra 3,75 gramas do frango sem pele e 17,14 gramas da carne bovina. Também é uma carne rica em ferro, mineral cuja carência pode causar anemia e atraso no desenvolvimento das crianças: são 3,54 gramas, o dobro da quantia encontrada na carne de frango.

Os caprinos foram domesticados por volta do século 8º a.C., na mesma época em que os ovinos, no sudoeste da Ásia. Ao Brasil, chegaram com os colonizadores portugueses, no século 16.

Prepare um atolado de bode

436 calorias por porção
Rendimento: oito pessoas

Ingredientes

Para a marinada

- 1/2 cabrito em pedaços pequenos (peça ao açougueiro)
- 6 dentes de alho amassados
- 1/3 de xícara (chá) de azeite
- 3 colheres (sopa) de vinagre de maçã
- 3 colheres (sopa) de cachaça
- 2 folhas de louro

Para o cozimento

- 2 cebolas picadas
- 1 pimentão grande em rodelas
- 1/3 de xícara (chá) de extrato de tomate
- 4 xícaras (chá) de caldo de carne
- 1 colher (chá) de cominho
- 1 colher (chá) de colorau
- 1 colher (café) de semente de coentro
- Sal e pimenta-do-reino a gosto

Passo a passo

1- Junte o cabrito aos ingredientes da marinada e deixe-os por uma noite na geladeira.

2- Aqueça uma panela de fundo grosso, coloque um fio de azeite e doure a carne uniformemente. Reserve.

3- Na mesma panela, acrescente a cebola e o pimentão e deixe até amolecer. Junte o extrato de tomate e refogue até caramelar levemente.

4- Retorne a carne, os temperos, o líquido da marinada e adicione o caldo até a altura de 2/3 da carne. Cozinhe lentamente até a carne ficar macia, quase soltando do osso.

5- Sirva com mandioca cozida, tomate-cereja, cebola-pérola, cheiro-verde e molho. Finalize com um fio de azeite.

Fonte: FAXAJU