Hugo Costa

Durante mais de 50 anos, o músico sergipano professor João Pires Argolo, que faleceu no último sábado, com 99 anos de idade, recebia todos os domingos, artistas e amigos em sua casa para uma manhã musical. Havia até um hino para iniciar suas reuniões dominicais, que em seus versos dizia assim: “aos domingos ele abre sua casa para nós, aos domingos ele junta seu violão e nossa voz, aos domingos ele abre todas as portas do seu coração e ali no meio da sala a gente se instala com toda emoção”.

Depois os versos seguiam: “professor Argolo mestre verdadeiro, toque para nós um chorinho brasileiro de Ernesto Nazaré ou Jacó do Bandolim, porque o domingo só é bom se for assim”.
O mestre Argolo tinha um curso clássico e era escolhido sempre pelos grandes cantores brasileiros quando visitavam Sergipe, tais como: Francisco Alves, o rei da voz, e Orlando Silva, o cantor das multidões, além de Carlos Galhardo com o seu estilo romântico e sensual.

O professor Argolo ensinou violão a muitas gerações de alunos e todos os seus discípulos ficaram exímios violonistas aplaudidos e respeitados.

Todos os domingos ele recebia turistas de todo o Brasil que iam participar das suas festas musicais, era um nome conhecido em todo o país.

Mas, afinal no último sábado o mestre dos mestres encerrou a sua missão na terra e com ele desapareceu meio século de música de boa qualidade que emocionava os presentes e recebia muitos aplausos.

O último domingo do professor João Argolo ficou na história de Sergipe.

Jornal da Cidade