Soluções simples podem reduzir consumo de energia e água em casa
21/8/2009
Pintar o telhado de branco reduz uso do ar condicionado, por exemplo. Em São Paulo, projetos assim já saíram do papel.
Um horizonte de concreto e de fumaça. São Paulo acorda cinzenta, debaixo de poluição. A cada ano, cerca de 400 novas construções são erguidas na maior cidade brasileira. Liberam resíduos, desperdiçam água, consomem toneladas de energia.
Uma nova proposta de arquitetura pode reduzir esses impactos em pelo menos a metade ou ainda neutralizá-los totalmente. Os chamados prédios sustentáveis saíram da prancheta dos arquitetos.
De longe parece defeito. A geladeira está toda apagada. Mas é só o cliente se aproximar, que a luz acende. A tecnologia dos sensores de presença é apenas uma das adotadas pela rede de supermercados que acaba de inaugurar uma loja ecológica em São Paulo. As paredes foram revestidas de isopor para regular a temperatura do ambiente. O sistema de refrigeração, assim como o ar-condicionado, é automatizado. Menos consumo de energia e uma conta de luz 60% mais barata no fim do mês.
“O sistema de refrigeração é constituído por um sistema paralelo que não leva nenhum gás refrigerante, que é nocivo à camada de ozônio e ao aquecimento solar”, explica a diretora de construção do supermercado Elisabeth Freitas.
Um hospital, em plena Zona Leste da cidade, tem jardins suspensos construídos sobre o concreto e até uma horta natural para abastecer a cozinha. Os ambientes são claros, ventilados, com muita luminosidade. A arquitetura ecoeficiente também tem a função de combater a infecção hospitalar.
“Você tem a dissolução de qualquer tipo de bactéria. Quanto mais se usa sistemas fechados, mais se tem a possibilidade de ter dutos contaminados. O ar natural é insubstituível”, diz o arquiteto Siegbert Zanettini.
A agência bancária de Cotia, na Região Metropolitana de São Paulo, foi a primeira construção no Brasil a receber a certificação ambiental americana LEED - uma das mais requisitadas e difíceis de se obter. No Brasil, apenas outros quatro prédios têm o reconhecimento.
Nos banheiros, há uma descarga econômica, com água da chuva reaproveitada. Nas escadas, madeira certificada, de origem controlada, produzida apenas para a extração. No teto, descobrimos de onde vem a grande economia de energia: um sistema de placas capta a luz solar e distribui para os computadores do banco. Comparada a uma agência tradicional, a obra ficou 30% mais cara.
Mas a longo prazo “estamos economizando 30% na conta de energia elétrica, e temos economia de 50% na conta de água. Ao longo do tempo isso vai se pagando. Uma vez que você paga esse investimento, continua tendo essa economia”, avisa o arquiteto Roberto Orange.
Existem soluções bem mais baratas e ecológicas para reduzir o consumo de água e de energia elétrica. Uma delas ajuda a aliviar o calor dentro de casas. Em áreas como uma na Zona Sul de São Paulo, por exemplo, basta pintar o telhado de branco para amenizar o efeito do sol. A tinta branca também poderia ser substituída por um telhado coberto de plantas. Nesse caso, além de diminuir o calor, ele absorve a poluição.
“Diminuindo a temperatura, conseguimos reduzir a energia consumida por ar condicionado e assim por diante. Conseguimos diminuir a necessidade de geração de CO2 para produzir energia”, explica o diretor do GDC Brasil Nelson Kawakami.
Em um condomínio nada é desperdiçado. As casas foram projetadas para aproveitar ao máximo a iluminação natural. A água da chuva, canalizada, vai para a manutenção do jardim. Uma economia que os moradores já sentiram no bolso.
"Compensou. Vários aspectos: tem a parte da natureza, rica em pássaros e plantas. E a parte do condomínio que a gente consegue fazer mais um preço bastante acessível. Muita natureza, agradável para os olhos e para a vida", elogia o empresário Robert Schaffer.