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‘Jackson chamava Déda de maconheiro e Valadares de assassino'

28/8/2009

Mendonça afirma ainda que a Secretária de Saúde é a ‘vaca’ e o Palácio do Governo a ‘teta gorda’
Na manhã de hoje, sexta-feira, dia 28, o deputado federal Mendonça Prado serviu como porta-voz do DEM para esclarecer, e rebater, as críticas feitas, especialmente ao ex-governador João Alves Filho, nos últimos dias, pelo governador Marcelo Déda (PT) e alguns aliados seus, após João Alves ter dito que os prefeitos podem ‘mamar' no governo e depois mudar de lado.

Mesmo afirmando que a iniciativa desse evento partiu de uma decisão do grupo Democratas, Mendonça não justificou a ausência de João na coletiva. E tratou, ao seu modo, de dar conta do recado. A primeira resposta foi ao deputado federal Jackson Barreto (PMDB): "Jackson é um tipo de político covarde. Mas eu me coloco à disposição para debater pessoalmente com ele. Quero perguntar na lata se ele lembra que quando Marcelo Déda, hoje aliado, votou na cassação de dele, Jackson o chamava de maconheiro, irresponsável e mauricinho? E, entre 1988 e 1989, chamava nos quatro cantos de Sergipe, Valadares de assassino, dizendo que o senador tinha mandado matar a mãe dele. Agora, ele quer dar lição de moral?", indagou.

 
O deputado fez ainda menção a outras expressões grosseiras que, embora tenham partido de um grande representante político, não teve a mesma repercussão que a ‘mamata' dita por João. "No livro ‘Viagens com o Presidente', observamos que há um depoimento do presidente Lula dizendo: eu quero ‘fu ...' com João Alves. E outro dia ele mencionou ‘sifus', e eu não vi ninguém orquestrar uma ação por conta dessas palavras do excelentíssimo presidente", lembrou.


Mendonça disse que os próprios membros do Democratas estranharam quando o líder do partido, conhecido no Estado como o homem das grandes obras, teria se referido aos prefeitos de Sergipe como ‘mamateiros'. "Ficamos surpresos, porque o ex-governador João Alves, todos sabem, tem grande carinho pelos prefeitos. Hoje, João entende que não deveria ter usado esse termo. E todos os integrantes do nosso partido têm essa compreensão, de que, realmente, houve um excesso. Fazemos, então, essa alto crítica".

 
"Mas acessando a internet podemos ver que vários políticos, em vários setores já utilizaram essa palavra (mamata). Eu tenho aqui uma nota do PT que fala de mamata, e uma nota do Sintese que fala que existe muita gente mamando. Mesmo assim, entendemos que palavras como essa devem ser evitadas. Ainda mais porque todos os prefeitos merecem respeito", ressaltou.

As vacas e os ‘mamateiros'

O deputado Mendonça Prado, contudo, não deixou de classificar como hipocrisia a ausência desse termo na linguagem política, e pontuou que para o prefeito de Santa do São Francisco, Ricardo Roriz (PT) - que manifestou repúdio ao que disse João Alves através de nota pública - a colocação se encaixa muito bem.

 
"Ele não representa só a Associação de Prefeitos não, ele representa também a construtora que trabalha para a Secretaria de Saúde do Estado e trabalhava para a Secretaria de Saúde do Município. O Prefeito de Santa do são Francisco é o maior exemplo de mamata desse Estado. E eu desafio o governador a instalar uma CPI para verificar como está se dando o processo licitatório em Santa do São Francisco", provocou.


O parlamentar aponta como primeira ‘vaca' o Palácio do Governo e diz que uma das maiores de Sergipe é a Secretaria de Saúde do Estado. "Não é uma Secretaria, é uma verdadeira vaca. O Palácio do Governo é a teta gorda. E a Secretária da Fazenda é outra vaca que paga essas remunerações exorbitantes, enquanto o povo pobre não tem dinheiro nem para comprar um remédio. A SMTT também. Não é só uma vaca, são as próprias tetas da vaca. Que até hoje, junto com a prefeitura de Aracaju, não fez a licitação do transporte".


Com uma extensa lista de pessoas, que ele assegura ‘mamar' nas tetas do governo do PT, em mãos, em cuja capa do calhamaço há o desenho de uma vaca, Mendonça afirma que muitos estão, de fato, mamando no Estado, mas prefere não citar nomes. "Não quero prejudicar ninguém, mas eles sabem quem são", diz. Ele também não quis declarar, especificadamente, os nomes dos políticos, que segundo João Alves, atualmente participam de um ‘sonho de verão' com o governador Marcelo Déda, mas no próximo ano estarão no palanque do DEM.

 
Sobretudo, Mendonça acredita que o pivô das últimas críticas feitas a João Alves não foi apenas a expressão ‘mamateiros', e sim, principalmente, as últimas pesquisas eleitorais que mostraram o ex-governador com 7% de vantagem sobre Déda. "Aproveitaram o excesso de João Alves para corromper a imagem dele", sustentou.

 
Processo de cassação de Déda

O deputado federal confessou que o DEM tentou participar do processo contra o governador Marcelo Déda, entretanto, segundo ele, nem foi necessário. "Nós chegamos a apresentar uma petição pedindo que o processo continuasse. Mas nem precisou, porque, hoje, a ação já é do Ministério Público Eleitoral. Então, nenhum procedimento do DEM foi analisado pela justiça. E o governador sabe bem disso".

 
Mendonça enfatizou também que o seu partido não está trabalhando pela cassação de ninguém, mas garante que o mesmo não pode ser dito do PT, que tenta tomar o mandato da senadora Maria do Carmo (DEM). Ele observou ainda que a postura do governador Déda, quando os acusa de tal ato, ratifica uma desconfiança da parte dele para com o Poder Judiciário.

 
"Quando ele diz que alguém está influenciando o processo, ele está colocando em cheque a postura dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, que por coincidência, em sua grande maioria, foram nomeados pelo presidente da República Luís Inácio Lula da Silva (PT)".

 
Rota do Sertão, comício e racismo

Exibindo um áudio do discurso do governador durante a inauguração da Rota do Sertão, o parlamentar denunciou que Marcelo Déda promoveu um comício. "Ouvimos aqui que o governador está inaugurando, o que na verdade foi uma reforma do que já estava construído, uma obra que se deu com o dinheiro de empresas privadas. É muito estranho. Como é que a empresa privada faz uma obra caríssima daquela, que se o preço é um preço ajustado, logicamente o lucro não é tão elevado, e depois elas ainda têm dinheiro para pagar Piscirico (Banda de pagode)? Isso é crime de improbidade administrativa", entende.

 
Mendonça acredita que o governador não pode estar realizando inaugurações, com shows patrocinados por empresas privadas. E promete denunciá-lo aos órgãos competentes. "Eu vou mandar esse cd para o Ministério Público. E para o Tribunal Regional Eleitoral, eu vou mandar a gravação de Déda dizendo neste mesmo dia: o prefeito de Cumbe não voltou em mim, mas quem sabe um dia. Isso é crime eleitoral", ajuizou.

 
O deputado disse ainda que, no mesmo evento, Déda praticou também o racismo, quando criticou João Alves. "Ele fala de um neguinho que passou por três vezes no governo. Ele que é tão preocupado com o significado das palavras, chama o ex-governador João Alves de neguinho. Uma forma bem pejorativa e reprovável", condenou.

 
R$ 3 milhões usados em campanha

"Se Jackson tem alguma denúncia. Ele que vá para a justiça e prove. Porque se ele faz uma denúncia e não vai para a justiça, ele está prevaricando", desafiou Mendonça sobre a acusação que o deputado Jackson Barreto fez de que João Alves utilizou R$ 3 milhões de verba de gabinete do Estado para financiar sua campanha política em 2006.

 
"Eu só acho engraçado que Jackson que esculhamba até o Tribunal de Contas, vá procurar os tribunais para interpretar atos. E segundo a Revista Veja, ele é o político mais corrupto do Brasil. Então, realmente, ele é a pessoa mais indicada para fazer denúncia.", ironizou.

 
Da redação do Universo Político.com

Por Raissa Cruz

Foto: Diógenes Menezes