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Para Dutra, base irá fragmentada no 1º turno

11/9/2009

Favorito para a eleição interna para a presidência do PT, o ex-senador José Eduardo Dutra (SE), da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), já trabalha com um cenário de fragmentação do quadro eleitoral em 2010 tanto para a Presidência da República quanto nas eleições estaduais.

"Qual foi o efeito imediato da possível candidatura da senadora Marina Silva pelo PV? o Ciro Gomes (PSB) se sentiu estimulado a ser candidato. Ele tem uma tese que a eleição no próximo ano não deve ser plebiscitária. O Ciro vinha sendo convencido da importância de uma eleição bipolarizada, mas agora reposicionou-se como candidato", afirmou Dutra, referindo-se ao deputado cearense a quem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta convencer a transferir o título eleitoral para São Paulo e lançar-se candidato a governador.

Segundo Dutra, "o PT vai insistir na aliança, até porque quer manter a unidade nos Estados governados pelo PSB, mas é certo que no segundo turno, o campo governista estará unido", disse.

Dutra afirmou ainda que o partido estará preparado para a multiplicidade de candidatos da base governista nos Estados. Minas Gerais é um dos Estados onde a divisão é possível. O ministro das Comunicações, Hélio Costa , é o virtual candidato do PMDB e há uma disputa dentro do PT pela cabeça de chapa entre o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel.

"Vamos tentar reproduzir ao máximo a aliança nacional. Mas em Estados onde isso não for possível, será possível um consenso por regras de convivência. Minas Gerais não é o quadro mais grave. O mais grave é na Bahia", afirmou. Na Bahia, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), colocou-se como candidato, contra a reeleição do governador petista Jaques Wagner.

Dutra visitou Belo Horizonte para o lançamento da candidatura à presidência estadual do PT do dirigente Gleber Naime, que apoia a pré-candidatura de Patrus. No dia 26, deve voltar a Minas para o lançamento da candidatura estadual à reeleição do deputado Reginaldo Lopes, que apoia Pimentel. O ex-senador negou que a eleição direta petista seja uma prévia da disputa interna entre Patrus e Pimentel.

"O processo de eleição direta do PT não tem a tarefa de substituir a prévia para a escolha do candidato ao governo. Nem aqui em Minas e nem em outros Estados", afirmou. Hegemônico no atual comando do partido no Estado, Pimentel continua apostando na eleição interna petista para evitar as prévias. Seu grupo político lançou uma chapa própria, chamada "PT para Todos", para a disputa nacional, sem indicar um candidato a presidente.

É uma forma de apoiar Dutra para o comando da sigla e ao mesmo tempo demarcar seu território no Estado. Uma vitória da "PT para Todos" em Minas será utilizada por Pimentel como um sinal de que tem o apoio da maior parte do partido para concorrer ao governo em 2010.

Uma possível aliança entre PT e o PMDB também passará por uma disputa interna pemedebista. Com apoio do ex-governador Newton Cardoso, o deputado estadual Adalclever Lopes disputa a presidência estadual da sigla contra o deputado federal Antonio Andrade, ligado a Hélio Costa. Dentro do PT, uma vitória de Adalclever seria vista como o fim da possibilidade de uma composição de Hélio Costa com o PSDB do governador Aécio Neves. Se Antonio Andrade ganhar, o ministro das Comunicações fica fortalecido para negociar apoio à sua candidatura tanto entre os petistas como com Aécio.

César Felício, de Belo Horizonte - VALOR