“Governo está pagando pra ver, e verá”, diz agente
22/9/2009
Agentes penitenciários entraram em greve à meia-noite desta quarta-feira, 22, e reclamam que Secretaria de Justiça não quer negociar as reivindicações da categoria
Agentes penitenciários em greve reunidos na Praça Fausto Cardoso
Durante a manhã desta quarta-feira, 23, agentes penitenciários em greve estiveram reunidos na Praça Fausto Cardoso, no Centro da cidade. A paralisação, iniciada à meia-noite desta quarta-feira, não tem previsão para terminar.
Os agentes penitenciários têm uma série de reivindicações, dentre elas o aumento do efetivo de homens que fazem a vigília dos detentos nos presídios do Estado. Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Sergipe (Sindipen), Antônio Cláudio Viana, dos 650 servidores que deveriam atuar nas carceragens sergipanas, apenas 1/3 deles está na ativa.
“Nós queremos o ingresso de novos homens ao sistema penitenciário do Estado por meio de concurso público, uma vez que o número de agentes atuantes é insuficiente para garantir a segurança dos custodiados e dos próprios agentes”, afirma Viana.
Além disso, a categoria pede a correção das distorções salariais, novos equipamentos, reformas nos presídios e o enquadramento de agentes nas carreiras do sistema prisional sergipano. No entanto, apesar de tantas reivindicações, o presidente do Sindipen garante que o secretário de Estado de Justiça e Cidadania, Benedito Figueiredo, ainda não se manifestou quanto às solicitações da categoria.
Alguns representantes da categoria jogavam baralho durante mobilização
“Nós não queremos fazer baderna, mas sim um diálogo sincero e respeitoso com a Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Sejuc). Eles parecem não notar que os agentes têm feito um excelente trabalho junto à sociedade”, declara o presidente.
Ainda segundo ele, o clima nos presídios está tenso, uma vez que apenas 30% do efetivo está trabalhando durante a greve, como manda a Lei. Para ele, é improvável que haja visitação nos presídios nos próximos dias. “Hoje, no Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copemcan) não houve visita, pois todas as agentes que fazem a revista estão aqui conosco no movimento. A não ser que o próprio diretor do Copemcan tenha revistado os visitantes”, ironizou Antônio Cláudio.
“As portas da Sejuc estão abertas”
De acordo com a assessoria de comunicação da Sejuc, a informação de que apenas 30% dos agentes estariam trabalhando durante a greve não procede. Segundo informações do órgão, “o número de adesões à greve ainda não foi calculado, mas é certo que a grande maioria dos agentes está trabalhando normalmente”.
"O Governo quer pagar pra ver? Então verá", declara o presidente do Sindipen
Sobre a falta de diálogo e de interesse por parte da Sejuc em resolver a situação, a assessoria afirma que os agentes enviaram uma pauta de reivindicações ao órgão, mas que em momento nenhum procurou a Sejuc para discutir e negociar. Ainda segundo o assessor, as portas da Sejuc estão abertas para as negociações.
“Tanto que na terça-feira, 22, o secretário Benedito Figueiredo recebeu em seu gabinete um grupo de agentes penitenciários que ainda não estão enquadrados oficialmente. Essa, aliás, é a primeira pauta de reivindicações da categoria. Como se vê, a Sejuc já começou a trabalhar no sentido de resolver a situação”, garante Anderson Cristian, assessor da Sejuc.
Já para o presidente do Sindipen, Antônio Claudio Viana, a atitude do secretário em receber um pequeno número de agentes em nada modifica o pensamento e a atuação da categoria. “A nossa comissão de negociação foi eleita na semana passa, em reunião na OAB/SE. O secretário não pode negociar com três ou quatro pessoas individualmente. Com essa atitude lastimável ele deu um passo atrás e foi contra toda nossa categoria. O Governo quer pagar para ver? Então verá”, finalizou o presidente.