"Uma vitória do Rio desqualifica a imagem do COI (Comitê Olímpico Internacional)". É com frases como essa que o advogado Alberto Murray Neto, ex-membro do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), se tornou um dos principais críticos da candidatura carioca a sede da Olimpíada de 2016.
Neto de Sylvio Magalhães Padilha, presidente do COB entre 1963 e 1990 e ex-membro do COI, Murray faz campanha aberta contra a escolha do Rio de Janeiro.
"Até semana passada mandei para os membros do COI três cartas por semana com cópias de matérias que saíram na imprensa mostrando a violência e as carências da cidade, como a falta de infra-estrutura básica, como transporte público e habitação. Agora mandar carta não adianta mais, não dá mais tempo. Então estou me comunicando com eles por email", afirma Murray.
A eleição da sede da Olimpíada acontecerá na próxima sexta-feira, em Copenhague, na Dinamarca. Além do Rio de Janeiro estão concorrendo as cidades de Chicago, Madri e Tóquio.
Segundo o advogado de 43 anos, que tem escritório na avenida Paulista, em São Paulo, um dos membros do COI, cujo nome ele não revelou, respondeu com gravidade. "Um dos eleitores falou o seguinte: "o que ocorre no esporte do seu país hoje fede". Mas a maioria apenas responde que vai analisar as candidaturas ou os dossiês, mas não dizem em quem vão votar", disse.
Para Murray, a candidatura carioca tem ao menos dois problemas graves: a falta de estrutura da cidade para receber um evento do porte da Olimpíada e a quantidade de dinheiro público que será usada para a realização dos Jogos.
"O que pega principalmente é a falta de estrutura, juntamente com o escândalo financeiro que foi o Pan (de 2007). Se o COI não levar isso em consideração vai jogar a sua imagem no lixo", afirma Murray, que é árbitro da Corte Arbitral do Esporte.
"Se o Pan foi aquela coisa horrorosa de gastança de dinheiro público, imagina então o que vai ser da Olimpíada. E o que houve de melhoria estrutural depois do Pan? O trânsito no Rio está cada vez mais caótico, os hospitais são ineficientes, a rede de hotelaria idem", complementa.
Fora do COB, Murray ainda lembra quando foi a última vez que se encontrou com o presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman. "Minha relação com o Nuzman sempre foi cordial. Mas no final do ano passado nos encontramos em uma audiência no Senado e ele não me cumprimentou", conta.
Por intermédio de sua assessoria de imprensa, o Comitê de Candidatura Rio 2016 informou que não iria se pronunciar sobre as críticas feitas pelo ex-membro do COB.
Fonte: Uol Esporte