Desde 2005 Receita não abria vagas para cargo, cujo salário é R$ 13 mil.
Veja outras reportagens da série
Terça-feira (29/09) Dicas para a prova discursiva
Quarta-feira (30/09) Dicas para a prova 1 (conhecimentos gerais)
Quinta-feira (01/10) Dicas para a prova 2 (conhecimentos específicos I)
Sexta-feira (02/10) Dicas para a prova 3 (conhecimentos específicos II)
Sábado (03/10) Simulados com gabaritos elaborados por dois cursos preparatórios (Abece e Siga Concursos)
A Receita Federal abre às 10h desta segunda-feira (28) as inscrições para 450 vagas de auditor-fiscal, um dos concursos públicos mais esperados pelos candidatos. O salário é de R$ 13.067,00 ( veja aqui o edital ).
A partir de hoje o G1 trará uma série de reportagens que trarão dicas de preparação para o concurso (veja ao lado), cuja prova será nos dias 5 e 6 de dezembro.
Desde 2005 a Receita não lançava edital para o cargo, por isso o concurso estava sendo bastante aguardado pelos candidatos. Além disso, o cargo de auditor tem um dos maiores salários pagos no serviço público no país e exige nível superior em qualquer área de atuação.
O auditor-fiscal trabalha no combate à sonegação e lavagem de dinheiro e analisa processos na malha fina.
O último concurso da Receita Federal para auditor-fiscal, realizado pela Escola de Administração Fazendária (Esaf), ofereceu mil vagas para o cargo e recebeu 76.158 inscrições. A Receita Federal não quis fazer previsão sobre número de inscritos para o exame deste ano.
No entanto, devido ao conteúdo extenso (no total são 20 disciplinas e em cada uma há vários itens) e exigência de conhecimento aprofundado das matérias, professores ouvidos pelo G1 afirmam que a preparação para o concurso é de médio a longo prazo (mínimo de seis meses), ou seja, quem decidir se inscrever sem ter estudado nada do edital deve avaliar os seus conhecimentos, a sua formação e o tempo disponível para estudo e estar ciente de que terá de competir com candidatos que vêm se preparando há anos.
Mudanças
O edital trouxe algumas novidades em relação ao concurso anterior. Houve a inclusão de provas discursivas e das disciplinas de direito civil, direito penal, direito comercial, administração pública, auditoria e contabilidade avançada e a exclusão de direito internacional público, francês e informática, que estavam no último edital. A Receita justifica que o objetivo é buscar um “perfil mais generalista e incluir matérias conceituais da área de auditoria”.
Outra mudança é que o concurso é de âmbito nacional e não regionalizado, ou seja, o preenchimento das vagas será feito respeitando a ordem de classificação, e os candidatos concorrerão para o total de vagas oferecidas (450), e não mais para uma região específica. A lotação não pode ser alterada por um período mínimo de três anos.
“Com essa mudança, o candidato não precisa especificar, no ato da inscrição, para qual região deseja concorrer. Porém, a Esaf poderia divulgar previamente a distribuição de vagas, pois, hoje, o candidato não sabe se haverá vagas para o Rio de Janeiro, por exemplo”, diz Luis Gustavo Bezerra de Menezes, diretor da Academia Brasileira de Educação, Cultura e Empregabilidade (Abece).
Consultada, a Receita informou que a irá avaliar a necessidade de cada área para poder então definir como será a distribuição das vagas.
Para os professores ouvidos pelo G1, a grande novidade ficou por conta da prova discursiva, que será feita por 1.080 candidatos classificados nas provas objetivas.
Serão duas provas discursivas totalizando 100 pontos cada uma. Cada prova versará sobre o desenvolvimento de um tema, em um mínimo de 40 e em um máximo de 60 linhas, e de duas questões, em um mínimo de 15 e em um máximo de 30 linhas. Os temas e as questões das provas versarão sobre as disciplinas de direito constitucional e administrativo, direito tributário, comércio internacional, auditoria, administração pública, economia e finanças públicas.
Disciplinas
Para Sylvio Motta, editor de concursos da editora Campus-Elsevier e diretor do curso preparatório Companhia dos Módulos, as disciplinas de auditoria, administração pública e raciocínio lógico-quantitativo devem exigir mais dedicação do candidato.
“No caso de auditoria, muita gente não vinha estudando porque há muito tempo não caía em concurso da Receita, já administração pública tem um conteúdo pesado, apesar de parecer enxuto, e raciocínio lógico engloba as disciplinas de matemática básica e financeira e estatística, com 20 questões e peso 2”, explica.
Para Carlos Alberto de Lucca, coordenador geral do Siga Concursos, o candidato deve se dedicar mais agora às matérias que sozinhas têm 20 questões e peso 2, como língua portuguesa, direito tributário e auditoria. “Português, por exemplo, vale o dobro do que direito penal, civil e comercial juntos”, diz.
De Lucca considera que o candidato terá tempo para revisar o que já vinha estudando, mas terá de direcionar os estudos levando em conta o peso e o número de questões da matéria.
Mesma opinião tem Menezes. “Deve-se preocupar com as matérias de maior peso e com maior quantidade de questões.”
“Mas é importante priorizar os tópicos mais importantes das matérias novas porque o conteúdo programático é extenso”, alerta De Lucca.
“Nas novas disciplinas, orientamos que o candidato estude na contramão, ou seja, realizando provas anteriores e pincelando o estudo nos pontos novos mais cobrados. Para isso, mais uma vez, o candidato deverá se ater às provas anteriores como fonte de estudo”, diz Menezes.
Área jurídica
Sylvio Motta diz que o edital dá ênfase às cadeiras jurídicas. “Mesmo a contabilidade avançada pede conhecimento em legislação e pede jurisprudência”, diz.
Segundo ele, na parte jurídica há conteúdos que se repetem nas disciplinas – como é o caso de direito penal e administrativo, civil e comercial, constitucional e administrativo, tributário e previdenciário, penal e tributário. “Por isso deve-se fazer uma análise racional do conteúdo programático”, afirma.
Segundo Motta e Menezes, quem fez as provas para o cargo de agente fiscal de rendas na Secretaria da Fazenda de São Paulo este ano foi beneficiado porque o conteúdo programático é semelhante. Eles recomendam que os candidatos façam as provas desse concurso.
Para Motta, os direitos civil, comercial e penal devem ter questões conceituais, que não devem exigir conhecimentos aprofundados dos candidatos.
De Lucca diz que não se pode dizer que todos os assuntos previstos no conteúdo programático serão cobrados. “Os programas de direito civil, penal e comercial são extensos. Não adianta querer aprender tudo, tem que priorizar, mesmo porque o peso é menor”.
Ele diz que no caso de direito administrativo, constitucional, previdenciário, tributário, português e contabilidade os conteúdos são parecidos com o do concurso anterior e pode-se estudar por provas anteriores. Mas ele lembra que as matérias de peso maior devem ter o dobro do tempo de estudo do que as de peso menor.
Para Menezes, em direito administrativo, por exemplo, não há grandes novidades, salvo a parte de ética na administração pública que foi incluída no conteúdo programático. “Agora deverá ser estudada a Lei de Improbidade Administrativa e as normas sobre Ética no Serviço Público, como código e comissão de ética”, diz.
Para Marcelo Rodrigues, professor de direito previdenciário da Academia do Concurso Público, "o foco deve ser a lei 8.212/91 e o Regulamento da Previdência Social, decreto 3.048/99 atualizado até o decreto 6.957/09, sendo que a Esaf tem um histórico de ser literal na disciplina, exigindo mais a lei do que o regulamento”.
Analista tributário
Foram autorizadas ainda 700 vagas para analista tributário, que exige também nível superior em qualquer área. O edital deve ser publicado até outubro, caso contrário, a autorização perde a validade.
O analista assessora o auditor em suas funções. O salário é de R$ 7.624,56. De Lucca diz que o concurso para esse cargo provavelmente será formado por algumas das matérias do concurso para auditor, dando uma nova oportunidade para os candidatos que estudaram e não foram aprovados para auditor.
Fonte: G1
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