Fonte: Estadão
Tucano afirma que PSDB pode ir ao TSE para garantir condições iguais
Felipe Werneck
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem no Rio que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "está em campanha" e repetiu quatro vezes, em dez minutos de entrevista, que "a lei não permite" isso. "Nós (do PSDB) estamos seguindo a lei. Talvez, se o presidente Lula continuar forçando antecipar a eleição, vamos ter de pedir autorização ao Tribunal (Superior Eleitoral). Porque não pode, simplesmente não é o momento de lançar."
Ele reconheceu, porém, que o tempo do PSDB "está encurtando". "Todo mundo sabe que os candidatos possíveis são dois, de Minas e de São Paulo. Minha posição é dar tempo ao tempo. Mas, como Lula está precipitando, nosso tempo está encurtando. Mas é preciso ver a lei. É loucura o que está acontecendo, fazer campanha neste momento."
Fernando Henrique fez o comentário após ser indagado sobre declaração de Lula, na terça-feira, diante de cerca de 3.500 prefeitos, em Brasília. Na ocasião, o presidente, sem citar o governador José Serra (PSDB), dirigiu-se ao prefeito Gilberto Kassab (DEM) e afirmou que o Estado mais rico do País tem 10% de analfabetos. "Kassab, você vai cair da cadeira. Você não sabe e eu não sabia, mas no Estado de São Paulo ainda temos 10% de analfabetos. O Estado mais rico da Federação. Significa que tem alguma coisa errada", disse Lula.
"Nem sei se o dado é certo", comentou Fernando Henrique, antes de começar a acusar o presidente de fazer campanha para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, possível candidata do PT em 2010. "O presidente já está com a candidata andando pelo Brasil todo, está precipitando, mas a legislação não permite. Não sei como vamos sair dessa. Porque ele, como é presidente, faz o que quer. E nós, se começarmos a lançar candidato agora, vem processo em cima, porque é contra a lei", declarou. "Não quero entrar em campanha, quero respeitar a lei. Existe um calendário."
PRÉVIAS
Fernando Henrique afirmou que "em princípio" não é contra prévias no PSDB, "desde que haja uma prévia verdadeira". E pôs algumas questões: "Quem é que vai cadastrar? Quem tem direito a votar? Não são coisas simples."
Sobre o fato de seu partido ter rachado em relação à liderança na Câmara, disse que é uma questão local. "O que eu pedi a eles é que tomassem posição política com relação ao Brasil, ao governo, ao futuro. Em vez de brigar internamente, que briguem para fora."