Redação é novidade no concurso da Receita; veja dicas de professores
29/9/2009
Prova discursiva será feita por 1.080 classificados nas provas objetivas.
Candidato deve aliar conhecimento técnico com escrita concisa e correta.
A prova discursiva pegou os candidatos ao concurso da Receita Federal de surpresa, porque até então não havia essa modalidade de exame.
De acordo com especialistas ouvidos pelo G1, O candidato à vaga de auditor terá de mostrar que sabe escrever com clareza, coerência e objetividade e que também domina os assuntos que podem ser abordados - direito constitucional e administrativo, direito tributário, comércio internacional, auditoria, administração pública, economia e finanças públicas.
A Receita Federal abriu na segunda-feira (28) as inscrições para 450 vagas de auditor-fiscal, um dos concursos públicos mais esperados pelos candidatos. O salário é de R$ 13.067,00 ( veja aqui o edital ).
A prova discursiva será feita por 1.080 candidatos classificados nas provas objetivas.
Serão duas provas discursivas totalizando 100 pontos cada uma. Cada prova versará sobre o desenvolvimento de um tema, em um mínimo de 40 e máximo de 60 linhas, e de duas questões, em um mínimo de 15 e máximo de 30 linhas.
Para Renato Aquino, autor dos livros “Português para Concursos” e “Redação para Concursos”, pela editora Campus/Elsevier, o candidato terá de provar que sabe escrever. “Mas a redação deve ser clara e objetiva, e não uma peça literária”, diz.
De acordo com Aquino, que já participou de banca examinadora de provas de redação em concursos, a banca quer entender a redação do candidato, e isso envolve não somente clareza e objetividade, mas respeito às normas gramaticais, como concordância, regência, crase e acentuação.
“O candidato não deve ficar preocupado em criar uma obra literária, com vocabulário difícil ou figuras de linguagem, tem que ser o máximo objetivo possível, tomar cuidado com o encadeamento dos parágrafos e o uso de conectivos que ligam duas orações. O segredo é ter a capacidade de se expressar bastante com poucas palavras, ser conciso, e sem rechear de adjetivos”, diz.
Outra dica do professor é que o candidato evite frases longas. “Para quem não tem tanta prática com redação, períodos longos tendem a levar o candidato a se perder”. Segundo ele, o ideal é fazer orações de até três linhas, mas sempre tomando cuidado com o tamanho das frases.
Redação técnica
Para Carlos Alberto de Lucca, coordenador geral do Siga Concursos, a prova dissertativa no concurso da Receita terá o objetivo de avaliar o conhecimento do candidato nos assuntos técnicos mencionados no edital e a parte tradicional de redação. “É como se fosse uma redação técnica, talvez por isso haja dois professores para corrigir”, diz.
De Lucca ressalta que é importante o candidato ter alinhamento com o tema proposto e cobrir os tópicos exigidos para mostrar que tem conhecimento técnico. “Por isso é importante treinar redação com ajuda de algum especialista na área e direcionar para as disciplinas que serão pedidas. Tem que ter alguém para corrigir”, diz. De Lucca diz que a Escola de Administração Fazendária (Esaf), organizadora do concurso, pode ainda mesclar as disciplinas relacionadas no edital na redação e também nas questões discursivas.
Para Aquino, o candidato não deve de forma nenhuma fugir do tema pois a redação pode ser anulada. E concorda com De Lucca: “Tem que treinar muito, entrar em turmas de redação, em cursos e pedir para o professor corrigir”, aconselha.
Aquino diz que o candidato deverá fazer a prova em letra cursiva, não de forma. Por isso, será necessário treinar a caligrafia. “Tem muitos candidatos que não têm o hábito de escrever à mão devido ao costume de usar o computador”.
O especialista diz que o importante não é ter letra bonita, mas escrever de forma legível. Se o examinador não entender o que está escrito ele irá tirar pontos. “A banca não irá ler a redação várias vezes, quem lê quer entender”, diz.
O candidato não deve ainda desrespeitar o número de linhas estipulado. “Não pode apelar para aquele recurso de colocar letra muito grande ou espaçamento para enrolar e atingir o número necessário de linhas, o examinador percebe”, diz Aquino.
Outro conselho do professor é não usar gírias nem palavras que não sejam “educadas” ou pesadas, como “sacanagem”, por exemplo.
Aquino diz ainda que o candidato não deve citar nomes de instituições públicas ou privadas nem de pessoas – principalmente quando for fazer críticas na redação.
Veja mais dicas do professor Renato Aquino:
Estruture o texto em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.
Ao introduzir o assunto não se deve gastar mais do que cinco linhas, no máximo outras cinco para a conclusão, e o restante deve ser destinado à defesa da idéia, à argumentação.
Corrija os erros encontrados e evite rasuras ao passar a redação a limpo para entregar à banca.
Evite repetições de palavras e ideias e ainda expressões que não saiba como empregar adequadamente.