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Justiça decreta o fim das torcidas organizadas no Baptistão e em Itabaiana

1/10/2009

Uma Ação Cautelar Preparatória, emitida pelo Juízo da 12ª Vara Cível da Comarca de Aracaju, requerida pelo Ministério Público Estadual, proíbe liminarmente, o acesso das torcidas organizadas, nos estádios Estadual Lourival Baptista, em Aracaju e Presidente Médici, na cidade de Itabaiana.

Com isso, se prevê o fim dessas torcidas organizadas, atendendo aos anseios da comunidade sergipana, considerando o mal que essas facções uniformizadas, têm causado aos verdadeiros desportistas e ao futebol sergipano.      

As torcidas organizadas surgiram em Aracaju, na década de 80. A primeira delas foi a Trovão Azul, vinculada à Associação Desportiva Confiança. Depois houve uma dissidência interna e foi criada a “Torcida Jovem”, também ligada ao Confiança. Posteriormente foram criadas outras torcidas organizadas, ligadas a outros clubes como “Torcida Gigante Rubro” e “Torcida Esquadrão Colorado” a famosa TEC, ambas ligadas ao Sergipe. O Itabaiana também tem a sua torcida organizada, porém muito menos violenta, que as da capital.

Inicialmente, o maior objetivo na criação dessas torcidas era promover festa nos estádios, durante as partidas. As torcidas organizadas entravam nos estádios com seus times em dias de clássico e a comemoração era feita à base de música, animação e papel picado. Na época, havia disputa entre a torcida que organizasse a maior carreata, tivesse a queima de fogos mais longa, o maior bandeirão do time e o grito que mais contagiasse os presentes no Batistão.  Não existiam violência, palavrões, badernas e vandalismos. Era uma competitividade sadia, que dava brilho às disputas.

De 1992 até hoje, inúmeros casos de agressão nos estádios de futebol começaram a acontecer, no entanto, os últimos anos foram decisivos, para que os órgãos de segurança,  Ministério Publico Estadual e a Justiça passassem a tomar algumas decisões. Em Sergipe, a situação não tem sido diferente. Apesar de há alguns meses haver suposições, de que alguma séria medida poderia ser tomada para impedir o excesso da parte das torcidas organizadas, somente no dia 21 deste mês foi tomada a decisão final.

A gravidade das brigas voltou a ser assunto de discussão depois da morte do jovem de 19 anos, Jeferson Ramos da Silva, que ao sair de um jogo no Batistão foi morto a pedradas. Apesar de alguns acreditarem que a morte não tenha sido causada por rixas entre torcidas, mas por brigas de bairro, a situação fez voltar à tona, o que há muito tempo estava sendo comentado.

Acreditando que as instituições que fazem o futebol em Sergipe precisam tomar medidas mais duras e procedimentos preventivos, o Promotor de Justiça Deijaniro Jonas Filho, relembra que em 2006 foi assinado um termo de ajustamento de conduta, obrigando a realização de uma série de procedimentos de segurança nos estádios, como a instalação de câmeras e limpeza de pedregulhos nas imediações.

No entanto, a medida não teve bons frutos em Sergipe e em 21 de setembro de 2009 foi aprovado o despacho, que prevê medidas de segurança para os estádios Lourival Baptista (Baptistão) e Presidente Médici. Através da decisão, o Ministério Público Estadual pretende impor ao estado de Sergipe, a obrigação de fazer algumas medidas serem colocadas em prática, a fim de prestar segurança pública à população, nos jogos de futebol.

A primeira medida impede o acesso dos integrantes das facções Trovão Azul (Confiança), Torcida Jovem (Confiança), Torcida Gigante Rubro (Sergipe) e Torcida Esquadrão Colorado (Sergipe) aos estádios Batistão e Presidente Médici, ou redondezas, nos dias de jogos portando distintivo, brasão, bandeira, camisa, boné ou qualquer outro meio, que sirva para identificar os torcedores como componentes de alguma dessas torcidas.

A segunda medida visa promover a apreensão de tais instrumentos e objetos de identificação das torcidas citadas, ou de qualquer outra facção de torcida de estado diverso, que venha a Sergipe com o objetivo de participar de eventos esportivos. A terceira e última medida propõe a identificação formal dos integrantes das torcidas, incluídas no despacho. O descumprimento de qualquer uma das três medidas implica em uma multa diária no valor de 10 mil reais.

Com a aplicação das medidas, espera-se que sejam reduzidos os casos, em que a violência nos estádios fez perder o brilho das torcidas organizadas de anos atrás, nutrindo a meta de acabar com a situação e fazer voltar os tempos de antes, quando futebol era um esporte sem violência.

Fonte: Ne Notícias