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Namoro na adolescência: o que pensa pais e filhos

2/10/2009

É comum encontrar adolescentes namorando cada vez mais cedo, um psicólogo analisa o comportamento desses jovens e ressalta a importância do diálogo entre os pais

Adolescentes de 13, 14 e 15 anos estão namorando cada vez mais cedo. O psicólogo Antônio Luciano Dantas alerta para esse tipo de relação precoce. “É um fato que as adolescentes começam a namorar cada vez mais cedo e também engravidam mais cedo. Há 10 anos 11% dos jovens namoravam antes dos 15 anos, uma década depois esse percentual triplicou. No caso da gravidez na adolescência também, em 1996 esse percentual era de 2%, hoje o número de grávidas abaixo dos 15 anos é de 6%”, disse o médico, ressaltando para os estímulos sofridos por esses adolescentes.

“Estamos em um mundo muito precoce, onde a criança começa a estudar cada vez mais cedo, meninas de 15 anos já estão prestando vestibular, então a criança é induzida a amadurecer mais cedo. Só que esse amadurecimento não ocorre no campo afetivo, o que acontece é que a gente ver criança no corpo de adulto. O adolescente funciona de acordo com o grupo que ele anda e muitas vezes existe uma submissão com relação ao namorado, onde a adolescente principalmente as meninas expõem o próprio corpo para o sexo, apenas para fazer uma vontade do namorado, ou então para não perdê-lo”, explica Antônio Luciano.

Importância da família

O psicólogo salienta ainda a importância da família na escolha dos adolescentes. “A questão é que a família hoje está desestruturada, antes existia um respeito natural pelos pais e pelas autoridades. Mas hoje essa autoridade paterna é confrontada e a criança e o adolescente se rebelam. Isso é um reflexo da sociedade porque a partir do momento que se tem menos diálogo em casa o vinculo afetivo se perde. Os valores cristãos estão em desuso, estamos em um mundo onde se pode tudo e quando o adolescente é contrariado ele se revolta porque não aceita limites. Os pais precisam aprender a dizer não para os filhos e lidar com todos os limites”, esclarece.

Sobre o fato de uma adolescente namorar um rapaz mais velho o psicólogo Antônio Luciano diz que é natural. “Existe uma distancia física entre os adolescentes, no caso das meninas de 14 anos, por exemplo, elas não se interessam por rapazes da sua idade. Mas se interessam por rapazes maduros porque os garotos da sua faixa etária são desinteressantes. O que é preocupante saber é o tipo de relação que se estabelece em um namoro desse tipo com um rapaz mais velho. O que precisa é a presença dos pais para intervir de forma saudável”, enfatiza.

O que pensam pais e filhos

Para o funcionário público Roberto Ismerim os pais precisam conversar com os filhos sobre as conseqüências do namoro. “Eu faço parte de outra geração, hoje é importante educar e conversar sobre as conseqüências que um namoro tão cedo pode trazer. Com certeza abrindo a oportunidade para um diálogo será um processo menos doloroso no futuro”, afirma.

A agente de limpeza Ivone Donato que já é avó acredita que o namoro na adolescência atrapalha. “Acho errado namorar tão cedo, meninas de 14 e 15 anos não deviam namorar porque atrapalha na vida delas. Acho importante ouvir a opinião dos pais para depois não se arrepender com decisões erradas”, diz.

No caso das adolescentes as opiniões se dividem.  A estudante Nivia Micaely Santos, 15 anos, afirma que o namoro atrapalha os estudos. “Acredito que nessa idade tem que pensar mais nos estudos porque tenho amigas que namoram e sei que atrapalha no desempenho escolar. Os pais precisam conversar com seus filhos, dizer o que está certo e orientar para que nada de ruim aconteça com eles”, fala.

“Essa questão do namoro depende de cada adolescente saber separar uma coisa da outra. O meu namorado é mais velho, comecei a namorar com 15 e ele tinha 18 anos e meus pais não aceitaram no começo. O importante foi que no meu caso eu procurei conquistar a confiança dos meus pais e esperei com calma a permissão deles, hoje namoro há um ano e um mês”, relata Tatiane Caroline, de 16 anos.

Para a estudante Savana Maraisa, de 15 anos, o diálogo é a melhor forma de obter a confiança dos pais. “Eu tenho uma ótima relação com os meus pais, conversamos sobre tudo e quando comecei a namorar, ele tinha 20 anos e logo no início meu pais não aceitaram bem, mas conversamos e passei confiança. Namorei uns cinco meses até que cheguei à conclusão que precisava estudar e terminei o namoro”, fala.

Confiança também é a palavra chave para a estudante Wegianne Vitória, de 17 anos. “Como moro com meus avós no início eles não aceitaram, mas conversamos e eles confiaram em mim. Acho que é importante que os pais confiem nos filhos”, opina.

Fonte: Infonet - Por Kátia Susanna


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