Hermano Penna irá produzir filme em Sergipe no mês de fevereiro
O cineasta Hermano Penna, que concorre pela primeira vez no Curta-SE 9 com o longa 'Olho de Boi', uma adaptação livre da peça Édipo Rei, também veio a Aracaju para apresentar ao Governo do Estado um esboço do novo projeto que pretende gravar em Sergipe.
Para falar um pouco sobre os dois projetos, Hermano Pena recebeu no hotel em que está hospedado a equipe do Portal Infonet para um bate papo.
Portal Infonet – Depois de ganhar vários prêmios, não só no Brasil como também em outros países com o longa ‘Olho de Boi’, como o senhor avalia essa participação no Curta-SE 9?
Hermano Penna – Esse é um festival muito respeitado na área cinematográfica brasileira. Temos grandes nomes do cinema concorrendo no festival, o Mateus Nachtergaele, o Zito, o Belmonte. É tão importante para mim como todos os outros festivais dos quais participei.
Infonet – Este é o seu primeiro trabalho com um roteiro de outra pessoa. O que te encantou nesse roteiro a ponto de produzir o filme?
HP – O roteiro me pegou pela qualidade extrema dos diálogos e o fato de ser uma tragédia quase em estilo grego. Como eu adoro cinema italiano, ficou mais fácil. Também tem todo o encantamento do sertão do Guimarães Rosa e atrelado a tudo isso, o talento de Marcus Cesana.
Infonet- Outro trabalho seu de grande sucesso foi ‘Sargento Getúlio’, que retrata a história política e cultural de Sergipe, e esse novo projeto apresentado ao Governo do Estado você pretende gravar 80% aqui no Estado. Qual a sua relação com Sergipe?
HP – Tenho uma relação profunda com Sergipe, não só pela produção do 'Sargento Getúlio´. Em 1977 eu produzi um trabalho que era gravado em Poço Redondo, e desde essa época tenho uma relação íntima, não só com o Estado, mas também com o povo do sertão.
Infonet - O projeto já foi apresentado ao governador Marcelo Déda. Quem são os parceiros para a produção do novo filme ‘Os ventos que Virão’?
HP – Como parceiros, temos Prefeitura de São Paulo, Governo de São Paulo, Petrobras, Caixa Econômica de São Paulo e finalmente estive com o governador Marcelo Déda, que foi extremamente gentil e favorável ao projeto. Estamos aqui resolvendo as coisas. Tive também uma boa reunião no Banese que resolveu participar e a secretária Eloisa Galdino está resolvendo a questão de uma participação do fundo da cultura. É um orçamento pequeno, a participação do Estado é pequena, mas muito bem vinda.
Infonet – Qual o tema central do filme? Que tipo de história ele irá retratar?
HP – É um filme baseado em uma história que eu ouvi, do meu amigo Alcino de Poço Redondo e que eu fiquei encantado desde 77, quando estive lá. Uma pessoa que foi do bando de Lampião, mas não é uma história sobre o cangaço. Esse homem depois vai para São Paulo e volta para retomar a vida. Naquela época os jovens faziam parte do cangaço, mas não tinham relação com o crime. Não vou falar mais se não acabo contando o filme [risos].
Infonet – Para esse novo filme, você pretende trabalhar com atores sergipanos?
HP – Sem dúvida nenhuma, sempre trabalho com atores sergipanos nos meus filmes, independente de ser uma produção feita aqui no Nordeste. Para meu trabalho na Amazônia contei com atores daqui. Sergipe tem nomes consagrados como Orlando Vieira, Antônio Leite, Amaral Cavalcanti. Vamos trabalhar com oficinas para fazer seleção de atores. O filme tem aproximadamente 40 personagens, e quero trabalhar com a maior parte de artistas locais.
Infonet - Você pretende trazer algum ator já consagrado nacionalmente?
HP – Com certeza! Todo filme para ser distribuído precisa de nomes já consagrados, mas é um mínimo de atores, o pequeno elenco central, vamos dizer assim.
Infonet- Você Já tem algum nome em mente?
HP- Não posso falar ainda, até porque a gente precisa saber com está agenda desse pessoal em relação a teatro. Por que essas pessoas precisam largar o eixo Rio - São Paulo. Então é um pouco burocrático.
Infonet – Para essa seleção local você pretende realizar oficinas?
HP – O que já estamos fazendo é visitando alguns grupos de teatro, olhando ensaios, vendo atores para fazer uma seleção. Dessa seleção vamos fazer uma oficina especial, não de formação do ator, pois não teremos tempo para isso.
Infonet – Quando começam as gravações?
HP – Começam no ano que vem, provavelmente em fevereiro
Infonet – Onde será gravada a maior parte das cenas, já que aqui no Estado serão feitas 80% das gravações?
HP – Em Poço Redondo. Gosto muito de gravar na terra em que a história se passou.
Fonte: Infonet - Por Alcione Martins e Glauco Vinícius