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Sergipe se destaca em receber recursos do BNDES

13/2/2009

Fatia de recursos do BNDES para NO e NE fica estável

Valor - Chico Santos, do Rio

Os esforços que o BNDES vem desenvolvendo para melhorar a distribuição regional dos seus financiamentos, privilegiando as regiões Norte e Nordeste, apresentaram em 2008 resultados muito tímidos. Embora os números absolutos dos desembolsos tenham crescido mais nas duas regiões do que no Sudeste e no Sul, em termos relativos as participações ficaram praticamente estáveis em relação a 2007. A fatia nordestina passou de 8,20% para 8,39% do total. A da região Norte variou de 5,33% para 5,45%.

O chefe do Departamento de Nordeste do banco estatal, Paulo Guimarães, destaca o crescimento em termos absolutos de 43,3% dos desembolsos para a região (de R$ 5,3 bilhões para R$ 7,6 bilhões), acima dos 40% da média nacional e dos 35,7% de aumento dos empréstimos para o Sudeste, mas admite que a diferença ainda é "incipiente" para alavancar uma redistribuição regional maior dos recursos do banco.

Em relação ao Nordeste especificamente, Guimarães ressalta que a presença do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) como financiador não pode ser esquecida quando se mede a presença do BNDES na região. No ano passado, o BNB, que opera basicamente com fundos constitucionais, emprestou aproximadamente R$ 13 bilhões.

 

Quanto à mudança dos números relativos do BNDES, Guimarães disse que o banco está convencido de que só haverá alteração substancial quando crescer fortemente a quantidade de grandes projetos nas regiões Norte e Nordeste. "Há uma variação dinâmica muito grande em uma região como o Nordeste quando há grandes projetos", ressaltou.

O técnico do BNDES, que comanda o escritório do banco em Recife, ilustra sua conclusão mostrando o forte aumento do número de projetos contemplados com financiamentos do banco da região, apesar da estabilidade na sua participação relativa no bolo dos recursos. Em 2007 foram 13.668 projetos atendidos, número que saltou para 18.602 no ano passado, um incremento de 36,1%.

No Brasil, houve ligeira queda no total de projetos atendidos pelo BNDES no ano passado, de 0,9%, passando 205.875 para 204.041 projetos.

Os dados do BNDES revelam que apenas cinco projetos executados no Nordeste receberam no ano passado recursos do banco superiores a R$ 250 milhões. A lista é liderada pelo Gasoduto do Nordeste (Gasene), do grupo Petrobras, que recebeu R$ 874,6 milhões, seguido da ampliação da planta de alumina da Alcoa/Alumar, no Maranhão, que levou R$ 579,1 milhões em 2008. O programa de investimentos da petroquímica Braskem (Odebrecht) recebeu R$ 461,3 milhões.

O estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, que está sendo construído por um consórcio liderado pela Camargo Corrêa e a Queiróz Galvão levou R$ 276,6 milhões e a Vale recebeu R$ 250 milhões para a ampliação da capacidade de transporte da Estrada de Ferro Carajás.

Segundo Guimarães, o BNDES está enfrentando o desafio de estimular o aumento do número de grandes projetos na região, especialmente na área de infra-estrutura, em parceria com os governos estaduais. Até porque, o banco está ciente que além de a distribuição regional dos recursos não ser a ideal, há também um forte desbalanceamento intrarregional no Nordeste. Dos R$ 7,63 bilhões recebidos pela região em 2008, R$ 6,85 bilhões (89,8%) foram para os Estados da Bahia, Pernambuco, Ceará e Maranhão. Bahia e Pernambuco sozinhos ficaram com 63%.

O primeiro projeto nessa linha do trabalho conjunto com os Estados foi a aprovação, em janeiro deste ano, de R$ 250,5 milhões para o Programa Sergipe Cidades, prevendo investimentos em infra-estrutura social e produtiva no Estado e também na modernização das administrações municipais do Estado.

Com isso, Sergipe, que recebeu apenas R$ 82,8 milhões do BNDES no ano passado, deverá dar um salto significativo este ano. Segundo Guimarães, o Piauí, que levou apenas R$ 77,4 milhões do banco no ano passado está também tentando obter recursos do BNDES para um projeto consolidado de desenvolvimento.

O chefe do escritório do BNDES no Nordeste disse que outra ação do banco para melhorar e ampliar sua participação no financiamento à economia da região é a busca de soluções para que os grandes projetos em fase ou em vias de implantação, como o polo industrial de Suape (PE) e a ferrovia Transnordestina, gerem nas suas áreas de influência um cinturão de fornecedores e de prestadores de serviços. "Queremos evitar que os grandes empreendimentos sejam enclaves na região, relacionados apenas com o Sudeste e o exterior", disse.