O presidente Lula reconhece a demora na execução de duas grandes obras anunciadas para o Nordeste: a Transnordestina e a transposição. Mas, segundo ele, quando elas estiverem prontas, assim como outros investimentos na região, não mais se falará de pobreza no Nordeste. Em Salgueiro, o presidente ainda falou de crise e disse que este ano será mais complicado e perigoso para o Brasil. Disse que a conclusão da Transnordestina era uma dívida que tinha, desde 1989, com o ex-governador Miguel Arraes. “O doutor Arraes falou para mim: ‘Lula, se você ganhar as eleições, que trate com carinho a Transnordestina’”, lembrou.
O presidente disse ainda que conseguiu acabar com as brigas em torno da transposição, que separavam os interesses de Estados nordestinos. Segundo ele, quem conhece a realidade da seca não pode negar um “tiquinho” de água para o vizinho. E prometeu recuperar toda a margem do São Francisco. “Nós vamos limpar e deixar o Rio tão bonito como Deus fez.”
Lula aproveitou para ironizar os críticos do projeto. “Vocês acompanharam, houve greve de fome, houve artista que falou... Ah, como seria bom se essa gente, ao invés de fazer política pelo o que vê, viesse conversar com vocês. Se essa gente entrasse na casa de um matuto no Sertão e visse a qualidade da água que ele bebe.” O bispo de Barra (BA), Dom Flávio Cappio fez, por duas vezes, greve de fome contra a transposição e a atriz Letícia Sabatella chegou a bater boca com o deputado e ex-ministro Ciro Gomes sobre o assunto.
O presidente concluiu dizendo que, com as obras, o nordestino não mais precisará ir para São Paulo em busca de melhoria de vida. “Eu certamente não vou ver tudo pronto no meu mandato. Mas, com a refinaria que nós estamos fazendo em Pernambuco, com a Transnordestina, com a duplicação da BR-101, com o Estaleiro Atlântico Sul, com a refinaria que vamos fazer no Ceará e no Maranhão, eu vou dizer para vocês: eu posso não ver, mas os meus filhos verão o Nordeste nunca mais ser lembrado como a região pobre deste País”, disse.
“Quando eu voltar aqui depois de 2010 eu vou poder dar uma volta no trem. Que vai passar aqui apitando e vocês poderão se lembrar que um dia teve um presidente que pensou no nosso querido Nordeste”, concluiu. (R.L.)
JORNAL DO COMÉRCIO