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O Globo - Sergipe como veio ao mundo

13/2/2009

Mangue Seco / Foto: Marcelo Piu

Praias virgens
 
Luciana Brum

 

 

 

ARACAJU - Resort, até tem. Um. Que propagandeia-se usando justamente os seis quilômetros de praias inabitadas ao seu redor. Fora o Starfish Ilha de Santa Luzia, e a própria capital, Aracaju, perto da qual está instalado, o litoral de Sergipe é feito de dunas, coqueiros, mar. e uma ou outra ocasional barraca de praia. Ao contrário da vizinha Bahia, o menor estado brasileiro mantém sua costa quase como veio ao mundo. E seus atrativos vão além da faixa de areia. Pirambu, no litoral Norte, conjuga água salgada com lagoas e cachoeiras, algumas desconhecidas até dos locais. Mangue Seco, que na verdade fica na Bahia, mas só é acessível por território sergipano, é o mesmo paraíso de dunas e águas rasinhas que serviu de cenário às aventuras de Tieta do Agreste, personagem de Jorge Amado cuja história foi adaptada para a televisão.

 

São Cristóvão / Foto: Marcelo Piu - Agência O Globo Cansado de praia, pode-se ainda explorar um pouco da História do país na quase mineira São Cristóvão. E o que é melhor: dá para explorar tudo isso e algo mais sem precisar correr atrás de hotéis e transferes em cada lugar, pois, num estado de apenas 21,9 mil km², fica tudo pertinho, pertinho de Aracaju.

Lagoa Redonda, perto de Pirambu, a 32 quilômetros ao Norte de Aracaju, é, na verdade, um riacho que serpenteia ao longo de uma região de mangue e dunas, cuja vegetação vai de cactus às onipresentes mangabeiras antes de chegar ao mar. Nas dunas em torno dela, dá até para improvisar um esquibunda, e ir paredão de areia abaixo, direto às águas.

Litoral de Aracaju / Foto: Marcelo Piu Agência O Globo O governo de Sergipe planeja asfaltar as estradas que percorrem todo o litoral do Sergipe, o que terá como consequência a criação de um corredor costeiro de Salvador a Recife. A obra prevê a construção de três pontes, uma das quais já está com os alicerces à vista, como bem pode ver quem toma uma escuna ou lancha do Pontal, no extremo Sul do litoral do estado, em direção a Mangue Seco. Batizada de Joel Silveira, em homenagem ao jornalista sergipano, a ponte, que deverá ficar pronta em 2010, tornará mais fácil o acesso a Mangue Seco. Hoje, só se chega ao lugar cruzando o encontro dos rios Real e Piauí, que dividem Bahia e Sergipe, numa travessia de 40 minutos.

Mangue Seco / Foto: Marcelo Piu - Agência O Globo A dificuldade de acesso é, muito provavelmente, a principal razão pela qual o paraíso selvagem continua merecendo o título e o adjetivo, após ser mostrado em horário nobre e rede nacional há duas décadas. Há ainda um outro motivo a ser levado em conta: o poder das dunas. Ao criar uma tempestade de areia que engolia a fictícia Santana do Agreste no capítulo final da novela, os autores certamente tinham em mente um quê de realismo fantástico. Mas a verdade é que a natureza de Mangue Seco não passa longe de espetáculos do gênero. As dunas já chegaram a cobrir o cemitério local. E, circulando entre elas, podem-se distinguir por galhos descobertos cajueiros e mangabeiras que, de resto, estão soterrados pelas areias.

Fonte: O Globo