RIO - A internet passou nos últimos anos por uma evolução que consolidou a força de alguns "gigantes da web" (como o Google, responsável por 6% do tráfego atual) e levou ao declínio do p2p, substituído pelos cada vez mais populares sites de "streaming de vídeo", como o YouTube. Essas são as duas principais conclusões de uma pesquisa feita pela Arbor Networks , uma empresa de administração de redes que presta serviços para mais de 70% dos grandes provedores de internet do mundo.
Para o estudo, feito em parceria com a Universidade de Michigan e a Merit Network, a Arbor analisou por dois anos um tráfego total de 264 exabytes, a partir de 110 provedores do mundo. Um exabyte corresponde a um bilhão de gigabytes.
O relatório aponta uma "evolução no núcleo da internet", com o grosso do tráfego online migrando das grandes operadoras internacionais (como a AT&T) para provedores de conteúdo (como o Google). Essa mudança deu origem aos "hipergigantes", como o estudo chama o pequeno número de grandes empresas de conteúdo, armazenamento e serviços da "nuvem".
Domínio do 'HTTP', declínio do 'p2p'
Com isso, deu-se uma centralização da internet em superpotências da web. O Google, para surpresa de ninguém, é responsável por 6% de todo o tráfego atual da internet. No passado, os grandes provedores como AT&T e Verizon redistribuiam o tráfego para dezenas de milhares de redes e provedores regionais. Agora, 150 redes controlam 50% do tráfego online.
Reduzindo o espectro da análise, 30 grandes companhias - entre elas Facebook, Microsoft e YouTube - respondem por 30% de todo o tráfego da internet. Craig Labovitz, cientista-chefe da Arbor Networks, afirma que essa mudança se dá por conta das aquisições de websites menores por grandes empresas, ocorridas nos últimos anos.
- Dizer que a internet mudou dramaticamente nos últimos cinco anos é um clichê - a internet está sempre mudando dramaticamente. No entanto, nesse período nós testemunhamos o início de uma transformação no negócio fundamental da internet - diz Labovitz.
O estudo revela uma migração dos aplicativos da internet para a web, substituindo cada vez mais os diversos protocolos através dos quais os aplicativos online se comunicavam. Com isso, a participação da web cresceu para 50% do tráfego da internet, graças ao aumento do uso de sites como o YouTube e outros que utilizam o Flash.
Essa migração também se deu graças a uma queda sensível no uso do p2p nos últimos dois anos. De acordo com a Arbor, o p2p representa hoje 18% de todo o tráfego da internet. Nada desprezível, mas uma grande queda em relação aos 40% de 2007, quando essa forma de troca de arquivos atingiu seu ápice.
Como substitutos do p2p - o inimigo número 1 das indústrias do software, games, músicas e cinema - aparecem serviços baseados na web, como o YouTube e o RapidShare. Nos EUA, onde está boa parte da audiência da internet, se multiplicam os serviços pagos - ou sustentados por publicidade - como Hulu e Netflix (para filmes e séries de TV), last.fm e Pandora (para música).
O p2p é muito rápido, gratuito e permite que o usuário guarde cópias físicas dos arquivos que podem ser transferidas livremente para um DVD, outro HD, iPod, pen-drive, etc. Mas o serviço exige o download de programas especiais, alguma intimidade com os meandros da informática e paciência para procurar os arquivos pela internet.
O relatório final do estudo feito pela Arbor será apresentado no próximo dia 19, na conferência NANOG47 , em Dearborn, Michigan.
Fonte: O Globo
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