Ben Self participou de seminário em São Paulo nesta quinta, 15.
Ele não comenta possibilidade de trabalhar na campanha do PT em 2010.
Ben Self, o estrategista que esteve à frente da campanha digital de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos, participou nesta quinta-feira (15) de um seminário em São Paulo e deu dicas de como usar a internet para quem pretende se candidatar nas eleições brasileiras no ano que vem.
Explicou o melhor modo de usar e-mail e como demonstrar transparência (abaixo, nesta reportagem, veja um resumo em tópicos).
Durante o evento, organizado pela George Washington University, Self não quis comentar notícias de que teria fechado um acordo para trabalhar para o PT em 2010. “Não posso comentar sobre clientes ou clientes em potencial. Respeitamos a privacidade deles.”
Trazido ao Brasil devido à reforma eleitoral aprovada pelo Congresso – que permitirá o uso livre da internet nas campanhas e doações on line – Ben é cauteloso quando se trata de um “efeito Obama” no Brasil.
“Não faça uma campanha apenas na internet. Muitas coisas acontecem fora dela em uma campanha”, aconselhou a uma entusiasmada pré-candidata ao Legislativo que, da plateia, disse considerar que a rede é solução para tudo nas eleições, inclusive para acabar com a corrupção no Brasil.
Sobre a arrecadação on line, que poderá ser feita por cartão de crédito nas próximas eleições, mais um pouco de ceticismo.
“Não acho que você vai conseguir arrecadar milhões de dólares em 2010. É uma mudança cultural, e isso leva tempo. Levou tempo nos Estados Unidos, nós não tínhamos essa cultura. Obama não foi o primeiro a arrecadar dinheiro pela internet. Muitas pessoas fizeram isso antes dele.”
As fórmulas de sucesso do homem que esteve à frente da estratégia da campanha que arrecadou US$ 500 milhões pela internet são simples.
Por e-mail – “talvez uma das ferramentas de comunicação pela internet mais antigas”, como ele mesmo define – 13 milhões de pessoas foram mobilizadas e se tornaram cabos eleitorais do então candidato democrata Barack Obama. Elas fizeram doações, bateram à porta de outros eleitores, gravaram depoimentos e ajudaram a eleger o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
Na mensagem final, uma surpresa e mais um conceito simples. “Não acho que a tecnologia resolve todos os problemas em uma campanha. A primeira coisa é descobrir o que apaixona as pessoas (...) uma vez que você consegue isso, você pode usar a tecnologia para se conectar com as pessoas de uma outra forma e construir algo maior do que você achava que seria possível, algo que possa ser chamado de movimento”, disse.
Veja algumas dicas dadas por Ben Self:
Emocionar as pessoas
Os vídeos mostrados por Ben são extremamente emocionais. Desde a trilha sonora escolhida até pessoas segurando cartazes escritos a mão com a palavra “mudança”, tudo envolve o eleitor, ou o mero espectador do seminário.
Uma das estratégias foi contar histórias, utilizando depoimentos de pessoas envolvidas na campanha. Esqueça clichês como “meu voto é do fulano”. Na campanha de Obama, apareceram personagens como Charles, um idoso que ingressou na campanha democrata. O depoimento dele e de companheiros de trabalho no comitê, sem frases feitas ou condução artificial, tem mais de meio milhão de visualizações no You Tube.
Buscar engajamento
“A internet não é só persuadir pessoas, mas fazer com que se engajem e trabalhem para o candidato”, definiu. Para quem já começou a corrida para obter mais seguidores no Twitter ou contatos no Facebook, um aviso. “Não é uma campanha de popularidade, de quantos amigos você vai ter em redes sociais.”
Construir relacionamentos
Vídeos editados de forma simples, postados no You Tube, passavam uma mensagem intimista da campanha. Exemplo foi um jantar entre Obama e alguns eleitores. Na tela, aparecia um candidato descontraído, dando risadas, conversando com pessoas como você sobre assuntos que você conversaria com seus amigos. O slogan? “Conheça o verdadeiro Obama”.
Transparência
Imagine que você, em sua casa, resolva gravar um vídeo para postar na internet. É provável que, na ausência de um tripé, utilize a webcam em cima do monitor. Talvez você não se preocupe muito em arrumar o cenário ou vestir algo especial. Pois foi exatamente isso que a campanha de Obama fez. No melhor estilo “gente como a gente”, um organizador da campanha aparecia no escritório do comitê agradecendo os e-mails e a mobilização na campanha.
Ser autêntico
“Quem por aí gosta de ler newsletter?”, diz um sincero Ben. Ele afirma que, se o e-mail não partir de alguém conhecido, como um amigo ou namorado, é difícil que a pessoa se interesse em ler. Uma estratégia é tornar o e-mail da campanha pessoal, ou seja, uma pessoa “fala” com o eleitor na mensagem. “Tem que criar uma voz, uma personalidade”, explica.
Conversar regularmente
“Construir um relacionamento on line não é diferente de construir um relacionamento off line. Você não pede alguém em casamento no primeiro encontro”, diz Ben. É preciso manter contato. A primeira coisa é saber de onde a pessoa vem e que assuntos ou interesses vocês têm em comum.
Testar ferramentas e medir resultados
Segundo o estrategista, por muito tempo, as campanhas tradicionais dependiam da opinião das pessoas. Agora, não é preciso perguntar a todo tempo. A campanha on-line, diz ele, permite testar tudo, passando pelo layout de homepages até vídeos, ver o que dá certo e adaptar ferramentas.
Fonte: Maria Angélica Oliveira Do G1, em São Paulo
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