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PMDB evita confronto com Jarbas e vê na entrevista-denúncia um desabafo

17/2/2009

Plenário do Senado foi tomado por pronunciamentos criticando PMDB e governo

Num momento de vitórias, as mais recentes foram para as presidências da Câmara e Senado, o PMDB acabou surpreendido com as denúncias do senador Jarbas Vasconcelos, colocando seu presidente Michel Temer numa posição incômoda. Este trata de esvaziar o debate, que não interessa ao Partido, desvalorizando a crítica, e não punindo o senador. Se vai conseguir amortecer e esvaziar o fato só os próximos dias vão demonstrar. A primeira medida foi evitar a polêmica, apesar do impacto causado pela entrevista, na qual Vasconcelos faz duras críticas às lideranças e dirigentes do PMDB. Vê "o Partido sem bandeiras, sem propostas nem norte e a maioria dos seus integrantes "querendo mesmo a corrupção".
 
Diz que ela "não aponta nenhum fato concreto que fundamente suas declarações. Ademais, lança a pecha de corrupção a todo o sistema partidário quando diz que a "corrupção está impregnada em todos os partidos´", diz o comunicado.

Para o comando nacional do PMDB, a entrevista é um "desabafo" ao qual a direção "não dará maior relevo". E tenta essa estratégia neste primeiro momento. Não quer polemizar, nem punir.Se vai dar certo ninguém sabe.


Íntegra da nota do PMDB

"Em face da entrevista do senador Jarbas Vasconcelos, a Comissão Executiva Nacional do PMDB declara que não dará maior atenção a ela em razão da generalidade das alegações. Não aponta nenhum fato concreto que fundamente suas declarações. Ademais, lança a pecha de corrupção a todo sistema partidário quando diz "a corrupção está impregnada em todos os partidos". Trata-se de um desabafo ao qual a Executiva Nacional do Partido não dará maior relevo.

Brasília, 16 de fevereiro de 2009. Comissão Executiva Nacional"


Sem debate

Em resumo, o comando partidário além de não aceitar o debate,decidiu não impor punições a Jarbas pelas acusações, apesar de chegar a cogitar até mesmo sua expulsão. Não quer, porém, precipitar desdobramentos. E nem gerar polêmicas inconvenientes.

Antes, porém, o presidente nacional do PMDB e da Câmara, deputado Michel Temer já repudiara na noite de domingo, tão logo veio a público o fato, a acusação do senador de que há corrupção no PMDB. Mas a estratégia já estava pensada, desde a véspera: não dar importância às declarações de Jarbas por "serem genéricas e não falarem de nenhum caso específico. Repudiamos a afirmação de que PMDB é corrupto. Nós não queremos dar relevo à algo que não tem especificidade. Não há intenção de apenar o senador Jarbas", diziam desde a primeira hora os dirigentes do PMDB.

Já pela manhã, ontem, a estratégia era posta em execução: a Executiva do PMDB divulgava nota em que considerava que as declarações de Vasconcelos eram um "desabafo" ao qual o PMDB "não dará maior relevo".


Apoio no Senado

Mas o senador pernambucano não ficou isolado. No senado, Pedro Simon defendeu-o, afirmando que ele, como um dos fundadores do PMDB, tem autoridade para criticar atos da legenda com os quais não está de acordo.

"Eu sou favorável a falar, criticar. Se o partido tem alguma dúvida, que abra um processo. Mas acho que ninguém vai querer que ele fale tudo o que sabe. O Jarbas, como eu, somos fundadores do velho PMDB. Nós temos que sair para eles ficarem? Eu me sinto muito bem dentro do PMDB", afirmou o senador gaúcho num recado para a cúpula do partido. E foi além dizendo que, apesar de não adotar o estilo que expõe as fragilidades da legenda, concorda com a maioria das críticas."

"Não é o meu estilo nem o meu modo de agir, mas ele não fala apenas do PMDB, fala do PT, PTB, PSDB, de todos os partidos. A política brasileira é aquilo, a impunidade é um realidade", observou.

Discorda, porém, de Jarbas quando o peemedebista afirma que vai apoiar o governador José Serra para disputar a presidência da República em 2010, pois defende a candidatura própria do PMDB à Presidência. Diante da decisão da Executiva Nacional de não punir o senador pelas acusações que faz, Simon identifica na medida uma "estratégia" da cúpula do Partido visando isolar Vasconcelos. "Isso foi de propósito. Jarbas achava que podia chamar essas questões para o debate. Mas pedir para expulsá-lo por que? Por que ele disse algumas coisas que o partido não gostou?", pergunta Simon.


Estratégia

Na realidade, a cúpula do PMDB teria optado por esse caminho, o de não valorizar as críticas, como uma estratégia para reduzir as proporções do fato e tirar o senador dos holofotes, por isso optou por entendê-las como um desabafo. Mas o PMDB vai continuar trabalhando para enfraquecê-lo em seu estado, em Pernambuco. Temer já disse que só examinará a possibilidade de punição a Jarbas se houver uma representação contra o senador.


A entrevista

Na entrevista à revista "Veja" que provocou toda essa reação, Jarbas diz que boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção. "Para que o PMDB quer cargos? Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político."

E foi além, dizendo que o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. "É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos."


E críticas

Outro correligionário de Jarbas, o senador Mesquita também reagiu e encaminhou-lhe carta na qual cobra explicações sobre as denúncias. "Faz-se necessário que o ilustre senador diga publicamente se tem conhecimento de fatos ou possui provas que possam sustentar que tal afirmação me alcança. Do contrário, peço que venha a público informar que, ao conceder a entrevista já mencionada, não pretendeu se referir a este colega que lhe escreve", disse ele, em busca de manifestação que lhe proteja.


Carlos Fehlberg

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