Ao mesmo tempo, PSDB acusa Lula de uso eleitoral de eventos de governo
No comando do maior Estado do País, o governador de São Paulo, José Serra, afirmou ontem ser legítimo usar ações de governo para "colher dividendos políticos". O tucano é um dos nomes do PSDB para a disputa da Presidência da República em 2010. "A gente saber o que nós mesmos fizemos (no governo) é muito importante para poder explicar, defender e inclusive colher dividendos políticos, o que é legítimo dentro de uma ação governamental", afirmou o tucano, ao participar de cerimônia para sanção de um projeto de lei que tem como beneficiários em potencial cerca de 220 mil professores.
A declaração foi feita para uma plateia de parlamentares e dirigentes de escolas no momento em que Serra enfatizava a necessidade de todos conhecerem a fundo os detalhes do Programa de Valorização pelo Mérito. A nova medida permitirá aos professores da rede estadual até quadruplicar o salário ao longo da carreira. Ele, entretanto, foi breve no comentário e não deu detalhes de como acredita que deveria ser feita essa "colheita" política.
Na esfera federal, o PSDB e o DEM acionaram na Justiça o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, com a acusação de uso eleitoral de eventos rotineiros de governo. O caso que gerou a representação foi a visita de Lula e Dilma às obras de transposição do Rio São Francisco neste mês.
O secretário estadual da Educação, ex-ministro Paulo Renato, que acompanhou Serra na cerimônia, afirmou que a lei sancionada ontem à tarde poderia sim trazer "dividendos políticos". "A médio prazo certamente terá."
Serra tem criticado com frequência o PSDB por não explorar politicamente experiências bem-sucedidas das gestões tucanas pelo País. Já admitiu algumas vezes em público que considera o PT muito mais competente em capitalizar politicamente ações governamentais do que os tucanos. Em uma dessas ocasiões, o alvo da queixa era sua própria equipe de governo.
Ontem foi o segundo evento organizado pelo governo para divulgar o Programa de Valorização pelo Mérito aos professores. O primeiro, em agosto, foi quando Serra enviou o projeto de lei à Assembleia. Em seu discurso, contudo, Serra disse que não governa de olho no calendário eleitoral.
Mais uma vez, ele fez críticas sem mencionar o destinatário. "Para nós, educação não é discurso nem frufru. Chama empresários fala isso, fala aquilo, faz declarações, expressão de intenções, mas, na prática, fica no frufru até a próxima campanha", disse.
Silvia Amorim
O Estado de São Paulo