SALVADOR – Apesar dos fiscais da Conab terem evidenciado irregularidades em 72 cooperativas agrícolas e associações rurais do interior de Sergipe, apenas quatro casos foram encaminhados à Polícia Federal (PF) até agora para investigação das fraudes. As entidades sob suspeita são a Associação Paulina Marques de Oliveira, no município de Pinhão, e a Associação Camponesa, o Centro Comunitário de Formação em Agropecuária Dom José Brandão de Castro e a Associação de Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentado (Adlis), em Poço Redondo.
O delegado Yuri Ramalho instaurou quatro inquéritos criminais para apurar os indícios de fraude e as irregularidades nos contratos das quatro entidades, depois que recebeu relatórios de fiscalização da Conab. “Nós vamos verificar se os produtos não foram entregues pelos agricultores às cooperativas e realizar exames para comprovar se as assinaturas dos produtores rurais foram falsificadas. Existem indícios de que houve fraude e desvio de verbas do programa”, disse. Ele acrescentou que será necessário realizar investigações nos locais, além de interrogar pessoas envolvidas.
As irregularidades detectadas pelos fiscais da Conab nas quatro entidades foram descritas no relatório de inspeção do órgão que foi encaminhado para a PF.
Inspetores descobriram que muitos agricultores que constavam como fornecedores na prestação de contas das cooperativas e associações nunca produziram nem entregaram produtos ao PAA. Muitos produtores rurais que deveriam atuar como fornecedores confessaram que deram documentos pessoais às entidades em troca de alimentos.
Terezinha Dantas de Jesus, por exemplo, garantiu nunca ter fornecido carne de boi à Associação Camponesa de Poço Redondo, mas consta em seu nome a entrega de 114 quilos e o devido pagamento. Situação idêntica ocorreu com Jucélio Gomes dos Santos, que diz no relatório da Conab nunca ter fornecido produtos aos PAA, embora seu nome apareça em entrega de melancia e macaxeira ao Centro Dom José Brandão de Castro. Já Aliete de Carvalho Conceição não sabia que constava como fornecedora da Associação dos Produtores Paulina Marques de Oliveira. Quando viu a cópia do documento apresentada pelos fiscais da Conab, descobriu que sua assinatura havia sido falsificada.