CNJ investiga se festa de juízes foi paga por bicheiro
11/11/2009
RIO – O corregedor-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Gilson Dipp, abriu ontem mais um procedimento administrativo. Desta vez, para investigar uma festa paga pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), controlada por bicheiros, para desembargadores do Rio. O pedido de patrocínio fora feito pelo então presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), desembargador Alberto Motta Moraes, em 28 de agosto.
Na última segunda-feira, Dipp adotou o mesmo procedimento para apurar as relações do desembargador fluminense Roberto Wider, corregedor-geral de Justiça do Rio, com o empresário e estudante de direito Eduardo Raschkovsky. Reportagem mostrou que Eduardo usa sua influência junto a magistrados para vender sentenças a políticos. “Meu sentimento é de uma preocupação generalizada. O TRE-RJ está na berlinda. Essa é a impressão do CNJ como um todo, que inclui o presidente do CNJ, Gilmar Mendes”, afirmou Gilson Dipp. “Espero que em três dias eu tenha as informações (sobre Motta Moraes e Roberto Wider). Foram pedidos feitos com urgência. Quero que me esclareçam. É muito grave”, acrescentou.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, preferiu não entrar em polêmica. Britto participara do encontro do Colégio de Presidentes dos TREs. Segundo sua assessoria de imprensa, no entanto, ele não foi ao evento de 28 de agosto, que incluiu show e coquetel. Em nota, Ayres Britto resumiu: “Como anfitrião, o desembargador Alberto Motta Moraes organizou o encontro e fez a programação institucional. Essa visita se deu depois do encerramento do encontro. Eu me limitei a participar da programação institucional”, assegurou.
Ao discursar no coquetel, Motta Moraes homenageou os bicheiros Aniz Abraão David, o Anísio, e Luisinho Drummond, ambos pertencentes à cúpula do jogo do bicho. Anísio foi preso em 2007 na Operação Furacão. A Liga informou que o custo da festa foi baixo, mas não divulgou os valores.