Concorrência é apontada como principal motivo para realizar os exames em instituições de outros estados
Para driblar a concorrência e aumentar as chances de ingressar em uma universidade, muitos estudantes da capital optam por realizar exames em instituições de outros estados. A medida acaba exigindo um esforço maior dos pré-vestibulandos: tanto intelectual quanto financeiro. Apesar de a pressão ser multiplicada, engana-se quem duvida do fôlego deles para enfrentar essa verdadeira maratona na busca pela tão almejada carreira profissional.
O polêmico sistema de cotas adotado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) a partir do vestibular 2010, apontado como responsável pelo aumento da concorrência para o curso de Medicina, foi o ponto crucial para que Natália Monteiro decidisse enfrentar também as provas das Federais de Alagoas (UFAL) e da Bahia (UFBA).
A escolha das instituições considerou principalmente a proximidade com Sergipe, no entanto, a diferença entre as provas é um dos aspectos que mais exigirão da estudante. “O estilo de cada uma é diferente, fora a data em que o vestibular de cada uma ocorre, praticamente um seguido do outro. Fica muito mais difícil, mas é bom tentar”, diz.
Mesmo o colégio tendo por foco o exame da UFS, ela revela que não sente muitas dificuldades para estudar. “Eu costumo resolver as provas dos anos anteriores e se há algum assunto que não costumar cair aqui, eu peço auxílio ao professor”, conta. Natália revela, ainda, que a pressão psicológica aumenta na mesma proporção. “Você acaba se sentindo obrigado a passar, pois são três provas e não apenas uma”, diz.
Provas diferentes
Estudante do mesmo colégio, Thainá Rodrigues mostra-se mais tranqüila. Ela tentará, além da UFS, uma vaga no curso de Engenharia de Produção na Universidade de Brasília (UnB). “A tensão aumenta, sem dúvida, mas a depender da maneira que você leva o vestibular dá para fazer uma boa prova”, afirma. A escolha se deu pelo vínculo familiar e pelo destaque que a instituição tem no país.
A medida encontrada para resolver as duas provas é semelhante a da colega Natália. “Eu foco mais o assunto por ser o mesmo nas duas provas, mas o estilo de ambas é bem diferente: enquanto na UFS é mais ‘decoreba’, na UnB o conteúdo tem um foco maior com o cotidiano”, explica.
Já Marina Barão alçará vôos mais altos. Ela escolheu também a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para graduar-se em Direito. “Lá a prova é mais interpretativa; aqui na UFS é bem mais específica e melhor de estudar. O colégio abrange bem os assuntos, então não vai ser muito dificultoso”, diz.
Os colegas de classe Diogo Carvalho e Dandara Campos, de outro colégio, não demonstram medo com a concorrência, mas concordam que a exigência e as chances de passar aumentam. “Se você faz apenas um exame a pressão é maior. Fica sobrecarregado, mas o estudante também tem que se esforçar”, diz o jovem que tentará uma vaga no curso de medicina na UFS, na UFBA e na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Dandara, que não fará a prova da UFS, diz, entretanto, que a dificuldade maior é com a prova escrita, pois em Sergipe o exame é objetivo. “O colégio foca mais a universidade local, mas como são os mesmos assuntos é possível fazer, sim, uma boa prova”, diz.
Ela, que busca ingressar no curso de Relações Públicas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) ou na Universidade Estadual Paulista (Unesp), diz que a escolha foi baseada na qualidade das instituições. “As duas foram consideradas as melhores para a área que quero seguir. Isso ajuda muito na construção da carreira, que é meio difícil”, acrescenta.
Colégio dão suporte
De acordo com os coordenadores de ensino médio Marcos Vinícius e Genisson Fonseca, a medida encontrada pelos alunos para ter mais chances de passar em um vestibular é válida, desde que não haja exageros. Sobre o conteúdo diferenciado das provas, eles ressaltam a importância do colégio oferecer suporte.
“Se é necessário, nós fazemos aulas extras. Os conteúdos que costumam variar são de literatura, geografia e história locais”, diz Marcos. A pressão, eles concordam que é maior e pode influenciar nos resultados. “Talvez eles se desgastem mais e isso gera um impacto”, completa Genisson.
Com um número expressivo de alunos que farão as provas da UFAL, UFBA e UFPB, o diretor de um colégio do centro da capital, Jairton Guimarães, diz que haverá um esquema espacial para levar os alunos a esses Estados. “Nós ainda fazemos revisões específicas e, dentro do possível, alguns professores acompanham os estudantes”, diz.
Ele concorda com a opinião de Marcos e Genisson, revelando preocupação com o exagero de alguns pré-vestibulandos. “Há estudantes que chegam a fazer cinco vestibulares diferentes. Isso é prejudicial porque os roteiros são diferentes. O recomendável é no máximo dois”, afirma.
Fonte: Infonet - Diógenes de Souza e Raquel Almeida