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Número de apagões no país cresce 29%

15/11/2009

... o corte deixou parte de Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Piauí sem energia por 40 minutos...

Blecautes de grandes proporções sobem de 48 em 2008 para 62 em 2009; causa da maioria dos casos não é esclarecida

O Brasil teve neste ano aumento de 29% no número de apagões de grandes proporções em relação a 2008, indicam dados dos boletins do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) - foram 62 blecautes em 2009 ante 48 no ano passado. Os números se referem a cortes superiores a 100 MW, o equivalente ao consumo médio de cidades de 400 mil habitantes. Especialistas atribuem o crescimento a clima, queimadas, desmatamento e falhas em equipamentos de transmissão do Acre e de Rondônia, de linhas de transmissão "novas e sujeitas a falhas".

 

País teve 62 apagões graves só neste ano

Segundo o Inpe, 70% dos blecautes são causados por descargas elétricas; prejuízo anual com corte de energia é de R$ 600 milhões

Desligamentos causaram cortes superiores a 100 MW, que equivalem ao consumo médio de um município com 400 mil habitantes

MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), responsável por controlar a operação e a transmissão de energia elétrica do SIN (Sistema Interligado Nacional), registrou neste ano um aumento de 29% no número de apagões de grandes proporções em relação a 2008.
Especialistas ouvidos pela Folha atribuem o aumento a condições climáticas, queimadas, desmatamento e falhas em equipamentos de transmissão, causadas por erros de planejamento ou falta de manutenção.
Na última terça-feira, o blecaute mais abrangente na história do país deixou no escuro 70 milhões de pessoas em 18 Estados e no Distrito Federal.
Segundo levantamento feito pela reportagem com base em boletins do ONS, foram registrados neste ano 62 desligamentos significativos, ou seja, com cortes superiores a 100 MW (que equivalem ao consumo médio de uma cidade com 400 mil habitantes). O valor é a referência máxima adotada pelo órgão.
Também constam nos relatórios dois desligamentos envolvendo linhas de transmissão de Itaipu, que, segundo o ONS, não geraram consequências aos consumidores.
O número desse tipo de ocorrência estava em queda nos últimos quatro anos, passando de 74 em 2005 para 48 em 2008. Empresas atribuem a redução nesse período a investimentos em melhorias da transmissão da energia. O aumento neste ano, dizem, é motivado por condições climáticas.
A maioria das ocorrências está ligada às empresas Eletronorte, Furnas e Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). Os desligamentos levantados correspondem apenas às transmissoras de energia elétrica que participam do SIN, rede que liga todos os Estados (exceto RR, AM e AP). O ONS não faz registro de desligamentos originados nas distribuidoras, que levam a energia das subestações até os consumidores.
O pesquisador José Maurício de Barros Bezerra, da Universidade Federal de Pernambuco, diz que não existe um sistema "imune a falhas".
"Pode ser um pico, porque neste ano houve uma condição climática adversa. Podem ocorrer falhas na blindagem, porque seria inviável garantir a segurança total", afirma o pesquisador.
O desmatamento, segundo ele, pode deixar as linhas de transmissão mais susceptíveis ao vento e às queimadas.

Causas

Com duração média de mais de uma hora, os apagões registrados neste ano, na maioria das vezes, ainda não tiveram as causas esclarecidas.
Um levantamento do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) afirma que 70% dos desligamentos são causados por descargas elétricas, com prejuízos anuais de R$ 600 milhões.
Para o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), o clima adverso também foi o culpado pelo apagão da semana passada. Essa versão foi praticamente descartada pelo Inpe, que atribuiu o blecaute a uma falha no sistema.
Ligado ao governo federal, o órgão monitora a queda de raios nas linhas de transmissão desde 1999, quando o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso usou a versão climática para um apagão que desligou 70% da energia do país. O Inpe também contestou essa explicação.

Apagões

Com tráfego de quase um terço de toda a energia produzida no país, São Paulo foi o Estado com o maior número de desligamentos neste ano (14), seguido de Mato Grosso (11) e Pará (9) (veja quadro).
No início de outubro, três linhas de transmissão entre o Sudeste e o Nordeste foram desligadas por descargas elétricas e sobrecarga. O corte deixou parte de Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Piauí sem energia por 40 minutos.
Em 2 de setembro, 57% dos consumidores de Goiás ficaram sem energia elétrica por quatro horas depois que uma palmeira encostou na estrutura de transmissão e provocou o desligamento de duas subestações.
Em Goiânia, hospitais tiveram de acionar geradores. Escolas dispensaram alunos. De acordo com a Celg (Centrais Elétricas de Goiás), a palmeira havia sido plantada por moradores que ocupam irregularmente áreas da empresa.

Folha de São Paulo