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Coisas que muita gente não sabe sobre a transposição

3/3/2009

Essa camisa feita por essa agência de marketing serve para indicar que as águas da Transposição irão ser de uso doméstico? Esse é o principal argumento que usam para a realização da obra, e é por isso que sou amplamente contra a Transposição. Grande parte das águas da Transposição será destinada à irrigação, e o governo procura retratar que nós nordestinos estamos morrendo de sede e a Transposição será a nossa salvação.
Estudos técnicos mostram que nenhum dos quatros estados (RN, PE, PB e CE) "beneficiados" pela Transposição tem déficit hídrico, ou seja, a quantidade de água (subterrânea + superficial) é maior do que a demanda exigida pela população. O que está faltando é uma eficiente distribuição dessas águas. Construções de adutoras seria uma boa solução e bem mais barata.

A Transposição levará água para onde já existe em abundância. Um bom exemplo disso é aqui mesmo no nosso estado. O projeto levará água para a barragem Armando Ribeiro Gonçalves (barragem de Assú), local onde já existe um enorme volume d’água, e com certeza acabaria com os problemas de abastecimentos de água daquela região se fosse feito um eficiente sistema de distribuição, sem precisar de água da Transposição.

Essa grande obra é um verdadeiro “presente de grego”, pois acarretará em aumentos nos impostos, e isso acontecerá porque um significante trecho da Transposição funcionará por sistema de recalque (uso de bombas). Esse sistema exige para seu funcionamento, grandes gastos com manutenção e energia elétrica, gastos esses que serão pagos pela população.

Concluo querendo mostrar que a Transposição do Rio São Francisco não pode ser vista como um projeto social, coisa que o governo vem fazendo para iludir a população. Nenhum habitante do Nordeste Setentrional necessita de água do Rio São Francisco. Necessitamos de melhoras no nosso saneamento, e para isso temos que ter bons e eficientes sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais e limpeza pública. A Transposição pode ser vista como um projeto econômico, pois está voltado principalmente para a irrigação, mas pelo fato do projeto apresentar um altíssimo e exorbitante investimento inicial, é visto por muitos estudiosos como economicamente inviável.

John Glennedy (estudante de Engenharia Civil - UFRN)