Senadores apoiam discurso de Jarbas e defendem medidas de combate à corrupção
Durante quase três horas, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e os diversos senadores que o apartearam falaram, de uma forma unânime, sobre a necessidade de adotar medidas de combate à corrupção no país. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) observou que desde o episódio conhecido como "mensalão", o país vem se desintegrando moralmente. O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) disse que o Orçamento da União transformou-se não apenas em um mecanismo usado para negócios, mas, sobretudo, em um instrumento de dominação do Legislativo pelo Executivo.
Para Tião Viana (PT-AC) o Congresso não deve esperar ou transferir a responsabilidade pela aprovação da reforma política para o Executivo. Na mesma linha, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) lembrou que só depende dos próprios deputados e senadores evitar que o governo federal tranque a pauta das duas Casas e o Judiciário legisle pela omissão do Parlamento. Já o senador Marco Maciel (DEM-PE) afirmou que se a reforma política não for aprovada este ano também não o será no próximo, em virtude das eleições.
- O mais grave é o óbvio: todos sabem que a corrupção existe, que ela faz parte da paisagem, que o povo passa, vê essa paisagem, sente nojo e nós fazemos de conta que ela não existe - desabafou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
Pedro Simon (PMDB-RS) cobrou a participação dos movimentos sociais na mobilização contra a corrupção. Jefferson Praia (PDT-AM) opinou que Jarbas apontou o caminho e que agora esse discurso deve ser colocado em prática.
Na linha de adotar medidas práticas, Arthur Virgílio (PSDB-AM) defendeu a aprovação de projeto de sua autoria que permite ao Conselho de Ética da Casa investigar a vida pregressa dos senadores. Renato Casagrande (PSB-ES) posicionou-se a favor de uma reforma política feita pelo Congresso e não iniciada pelo governo. José Agripino (DEM-RN) propôs a elaboração de uma agenda com compromissos a cumprir visando o estabelecimento de uma pauta contra a corrupção.
O senador Valter Pereira (PMDB-MS) confessou ter se sentido ferido quando leu na Veja as críticas ao seu partido, mas apoiou a luta contra a corrupção. Aloizio Mercadante (PT-SP) antecipou que apresentará projeto propondo paridade na gestão dos fundos de pensão, eleição de voto direto para seus dirigentes, mandato com tempo definido e improrrogável e reservado aos funcionários de carreira. Lúcia Vânia (PSDB-GO) comprometeu-se a apoiar todos os projetos propostos por Jarbas com o objetivo de combater a corrupção.
Por sua vez, Almeida Lima (PMDB-SE) pediu apoio para sua PEC que acaba com as emendas parlamentares e transforma esses recursos em receita tributária para estados, municípios e o Distrito Federal. O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) revelou que pensou em interpelar judicialmente o colega Jarbas Vasconcelos, sobre entrevista à Veja, mas desistiu ao perceber que ele não havia generalizado suas denúncias. Heráclito Fortes (DEM-PI) sugeriu aos partidos políticos que tirem lições da entrevista do parlamentar pernambucano à revista.
Ao apoiar o discurso de Jarbas Vasconcelos, Mão Santa (PMDB-PI) citou Ulysses Guimarães: "A corrupção é o cupim que corrói a democracia". O senador José Nery (PSOL-PA) comparou a corrupção a um câncer que se instalou nas instituições públicas do país. O senador Marconi Perillo (PSDB-GO), presidente da sessão durante toda a duração do pronunciamento de Jarbas, observou que a luta deve ser também contra a impunidade.
Da Redação / Agência Senado