O ex-governador João Alves Filho (DEM) disse ontem que não existe nenhuma definição quanto sua candidatura ao Senado Federal e considerou “uma temeridade” defender candidaturas – majoritárias ou proporcionais – a mais de um ano das eleições. Disse, entretanto, que será candidato “a aquilo que o povo quiser e que seja bom para Sergipe”. O ex-governador faz uma ressalva: “é claro que minha biografia demonstra que minha vocação é disputar o Governo do Estado e o meu plano é levar adiante um projeto que me faça chegar à disputa do pleito”. Faz uma pausa e insiste na concepção política de que ninguém é candidato de si próprio.
João Alves Filho confidencia que jamais pensou em ser candidato a prefeito de Aracaju, nas eleições de outubro passado. Fez um levantamento sobre isso e constatou que se fosse eleito e assumisse a Prefeitura da capital, “não receberia um único centavo do governador Marcelo Déda (PT) e nem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. O ex-governador revelou, entretanto, que quando viu que “Aracaju era viável [João elaborou um plano e constatou que poderia administrar sem precisar de ajuda dos Governos], pensou em anunciar sua candidatura a prefeito pelo DEM”. Não aconteceu porque foi nesse período que surgiu o problema de saúde da senadora Maria do Carmo Alves e ele resolveu abandonar o seu projeto político para ir acompanhar e cuidar de sua mulher em São Paulo: “fiz isso e não me arrependo”, disse.
O ex-governador reconhece que “a gente não pode dizer que será ou não candidato”. E mais uma vez afirmou: “a minha preferência é disputar o Governo do Estado, mas depende das circunstâncias do momento e, lógico, da vontade do povo”. João Alves ensina que um líder político não tem vontade e o lançamento não pode ser agora, porque o “povo pode dizer que eu deva exercer outra função”. Dentro de mais 30 dias o DEM vai contratar uma pesquisa qualitativa, para analisar o perfil do melhor candidato: “na pesquisa o povo mostrará uma quantidade grande de pistas que são importantes. O povo pode me dizer onde estou errado e até quais os pontos mais frágeis”.
O presidente nacional do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), esteve ontem em Aracaju para a posse do conselheiro Reinaldo Moura na Presidência do Tribunal de Contas de Sergipe (TSE). Jantou com membros do partido e fez um comentário rápido sobre a formação da chapa majoritária de sua legenda no Estado. Segundo Rodrigo, “temos um grupo político com muita experiência, que tem à frente o ex-governador João Alves Filho”. Para ele, a Direção Nacional vai poder ajudar com a realização de pesquisas – quantitativa e qualitativa – as quais poderão ser analisadas por Antônio Lavareda [analista de pesquisas que dá consultoria ao DEM], para daí escolher a melhor posição: “mas a decisão de formação da chapa cabe ao Diretório Regional”.
No final, João Alves Filho disse que “a gente não tem um possante fuzil russo AK-103. Mas temos uma garrucha e vamos lutar”.
Uma especulação que surgiu ontem e não se pode deixar passar. O senador José Almeida Lima (PMDB) está no mais absoluto silêncio. Tem fugido da imprensa sergipana, como o “diabo foge da cruz”. Mas ele tem um objetivo e está vendo se concretiza: dominar o PMDB em Sergipe. Terá que passar por cima do deputado federal Jackson Barreto, atual presidente regional do partido, que o odeia [a recíproca é verdadeira] e já avisou que negará legenda ao senador. Almeida se pôs ao lado da mais alta cúpula peemedebista e quer ser candidato a governador pelo partido. Pensa que com isso colocará o PMDB de Sergipe em situação difícil, porque recusará ter candidato próprio a governador de Estado.
Jackson Barreto é aliado de Déda. Almeida Lima não é aliado de ninguém. Entretanto – segundo um fonte de Brasília – não recusará apoio do DEM, caso seja procurado. Isso prece impossível porque o PMDB, inclusive Almeida, vota no candidato de Lula a presidente e o DEMOCRATA vai de José Serra ou Aécio Neves.
Fonte: Diógens Brayner