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Em busca de visibilidade

24/3/2009

Deputados cotados para assumir o comando da comissão que define destino de verbas avaliam poder dos cargos e chance de viabilidade eleitoral

Tiago Pariz
Da equipe do Correio

Antes da posse na Comissão Mista de Orçamento, a nova cúpula traça planos que a leve para voos mais altos. Os dois principais nomes na elaboração e análise da proposta orçamentária do ano da disputa eleitoral, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) e o deputado Geraldo Magela (PT-DF), falam em recompensa caso consigam ter o trabalho reconhecido no colegiado.

O deputado petista, indicado para ocupar a relatoria, garante que dará atenção a projetos propostos para o local que o elegeu para representá-lo na Câmara. “Não tem como separar o olhar do parlamentar do DF com o de relator. Mas também não vou privilegiar o Distrito Federal em detrimento de outro estado”, disse Magela.

O petista é pré-candidato ao governo do Distrito Federal e disputa com o ex-ministro Agnelo Queiroz a indicação do PT. Magela nega vinculação entre a tarefa de relator e a de candidato por apostar que até o fim do ano, o partido terá definido quem disputará o Palácio do Buriti.

“O trabalho na comissão é uma moeda de dois lados: tem o ônus e o bônus. Espero entregar o Orçamento dentro do prazo e até lá já tenhamos definido quem será o candidato do PT (ao DF)”, afirmou. O fato é que Magela está empenhado em conquistar a indicação. No começo do mês, espalhou outdoors na cidade para divulgar o mandato: a conquista de R$ 215 milhões para o Distrito Federal. Trabalho, segundo ele, graças ao seu esforço como coordenador de bancada.

Almeida Lima, indicado pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), para ocupar a presidência da Comissão, prefere ser mais comedido. Nem por isso esconde objetivos eleitorais. “Se fizermos um bom trabalho, seremos laureados, se fizermos um mau trabalho seremos condenados”, disse. “Qualquer posição que o parlamentar exerce bem o mandato, a exemplo da de presidente de Comissão, dá mais visibilidade”, acrescentou. O senador sergipano afirmou não ter decidido qual cargo disputará em 2010, apesar de sonhar com o governo estadual.

Não só a questão eleitoral converge entre ambos. Temas do dia a dia da Comissão de Orçamento são tratados com a mesma posição. Preparam-se para enfrentar pressões sobre o aumento do limite das emendas individuais que os 594 parlamentares sugerem no Orçamento. Atualmente, o valor está em R$ 10 milhões, mas fala-se em R$ 12 milhões. “Não tem o menor sentido o ponto de partido de discussão da comissão ser o aumento da emenda individual”, condenou o peemedebista. O deputado do PT concordou com o colega. “No ano passado, já tivemos um aumento substancial. Este ano, vamos ter que lutar para manter em R$ 10 milhões porque seremos pressionados para diminuir esse valor”, sustentou.

Decisão
Apesar de Magela falar como o futuro relator da Comissão de Orçamento, o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), disse não haver decisão. Segundo ele, o deputado Virgílio Guimarães (MG) também está no páreo. “A disputa está aberta. Não está nada certo que será o Magela”, afirmou Vaccarezza. Mas, para mudar a indicação de Magela para o deputado mineiro, Vaccarezza teria de alterar os nomes propostos à comissão. A lista mais atualizada da Secretaria Geral não traz o nome de Guimarães entre titulares e suplentes. A instalação do colegiado está prevista para hoje.

Se o líder petista lança dúvida sobre Magela, sobre Almeida Lima é certa a nomeação. “Nós vamos apoiar o nome que o PMDB indicar”, disse. Renan empenhou-se na negociação pró-Lima, o aliado que o inocentou das acusações de quebra de decoro parlamentar por supostamente utilizar um lobista para pagar contas pessoais. O senador por Sergipe rejeita a compensação por ter poupado Renan. “Tenho uma relação que é pública e que me agrada com o Renan. O que fiz naquela época faria tudo novamente”, disse. “Mas não tem relação, ele apenas lutou para que eu fosse indicado. Fico envaidecido com isso”, acrescentou Almeida Lima.

Correio Braziliese