O GLOBO

ARACAJU - Trânsito congestionado e muita confusão marcaram a manifestação dos moradores do bairro São Conrado, em Aracaju, na manhã desta quarta-feira. Eles fecharam a Avenida Heráclito Rollemberg e seguiram em caminhada para a Assembléia Legislativa de Sergipe. Eles protestavam contra a desapropriação de mais de mil casas do bairro, que deve ser cumprida neste domingo. Segundo estimativa dos manifestantes, até 10 mil pessoas podem ficar desabrigadas. O trânsito do local só foi liberado depois da chegada dos agentes de trânsito da SMTT e policiais do Batalhão de Choque.

Desde a semana passada mais de mil pessoas receberam notificações da Justiça Federal para desapropriarem as casas, em cumprimento à sentença que dá a um homem chamado Arquilino Fonseca a posse do terreno. Junto com essa sentença também vem a ordem de desocupação de 25 residências para a recuperação da área, em favor do Ibama, por estarem localizadas numa área de preservação ambiental (manguezal).

O bairro São Conrado existe há cerca de 15 anos e iniciou com invasões. O terreno, segundo muitos moradores, realmente pertencia a seu Arquilino, que tinha uma fazenda no local. No entanto, pela falta de fiscalização as ocupações foram tomando conta da região.

- Se tem algum criminoso aqui esse criminoso é o próprio Arquilino. Foi ele quem cortou e devastou o mangue - reclamou um dos líderes da comunidade, José Ednaldo dos Santos, que faz parte da comunidade do São Conrado desde 1972.

Segundo Santos, ao longo desses anos a Prefeitura de Aracaju tentou realizar outros benefícios na área, mas foi impedida.

- Era para a prefeitura aumentar a creche e ele (Fonseca) loteou a área. Onde era para fazer uma praça, ele também loteou - disse.

Para Santos, o processo foi julgado à revelia.

- O pessoal não foi chamado e como não compareceu ninguém a juíza julgou à revelia. Nosso advogado vai hoje para a Justiça Federal, ler os autos do processo e ver se cabe recurso. Enquanto isso, vamos comover a sociedade com novos protestos - afirmou.

Os moradores não pretendem deixar suas casas no próximo domingo.

Emsergipe.com apud O GLOBO