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Senado convoca 60 concursados para substituir terceirizados do setor de comunicação

26/3/2009

BRASÍLIA - Sessenta candidatos aprovados no concurso público do Senado para a área de comunicação social serão chamados para substituir servidores terceirizados que terão de ser afastados.

- Estamos convocando trinta concursados amanhã (sexta) e trinta na próxima semana - informou o 1º secretário da Casa, Heráclito Fortes, na manhã desta quinta-feira.

A intenção é substituir parte dos terceirizados, que somam mais de 3 mil no Senado, por servidores concursados.

- Acredito que conseguiremos substituir até 300 terceirizados. Se necessário, poderemos até fazer outros concursos - adiantou o senador.

Heráclito disse que essa é mais uma medida tomada com o propósito de enxugar o quadro administrativo da Casa e "diminuir os exageros nas despesas do Senado". Outros cortes devem ser feitos, mas nas diretorias ainda deve levar pelo menos um mês. ( Ouça: Heráclito Fortes fala sobre mudanças para enxugar estrutura do Senado )

O 1º secretário informou, ainda, que os terceirizados não serão demitidos de imediato. Afirmou que eles "vão ter prazo para sair até porque os outros estarão em fase de adaptação".

Heráclito defendeu que as primeiras providências estão sendo tomadas, como o afastamento de 50 funcionários com status de diretor , dos 181 listados, e explicou que, na realidade, o Senado tem 38 cargos de diretores. Segundo o senador, o excesso de funcionários com a função de diretor foi uma "espécie de subterfúgio para se ter algum tipo de aumento" sem de fato exercer o cargo, o que ele disse já estar sendo corrigido.


- Estamos tomando providências, mas fomos atropelados pelas denúncias que vieram de diversos setores. Estamos empenhados seriamente nessa redução de despesas e acima de tudo na transparência.

Na mesma entrevista, Heráclito disse que se reuniria dali a pouco com técnicos da Fundação Getúlio Vargas, instituição que assinou protocolo de intenções com o Senado para promover uma reformulação administrativa da Casa . Ele disse também que o contrato relativo aos terceirizados está sendo renovado com uma economia de R$ 7 milhões.

Senado demite sete parentes de diretores
Heráclito anunciou ainda a demissão de sete parentes de diretores que prestavam serviço à Casa como terceirizados, o que configurava uma forma de nepotismo disfarçado de terceirização (ou seja, a contratação de parentes de funcionários por empresas terceirizadas).

Entre os demitidos estão Dimitri Sales de Moreira, Janaína Muniz Pedrosa, Igor Pereira de Souza, Felipe Baere, André Abrego, Severo Augusto da Paz Neto e Luiz Eduardo Silva da Paz. Janaína Pedrosa, por exemplo, é filha do diretor-executivo da Gráfica do Senado, Júlio Pedrosa, e era contratada pela Servegel, empresa que fornece mão de obra para a Secretaria de Arquivo da Casa. Todos são filhos e filhas de diretores da Casa.

Ainda sobre essas mudanças administrativas, o primeiro secretário disse que a prática de nepotismo está sendo alvo de providências.

- Tanto é que oito funcionários já foram afastados e, à medida que tenhamos conhecimento, novos casos irregulares serão afastados - afirmou.

Diretores ainda não foram punidos por nepotismo
O Senado decidiu não punir com demissão a funcionária Alraune Reinke da Paz, outra terceirizada da Servegel que é mulher do diretor do Arquivo, Francisco Maurício da Paz, porque os dois teriam se conhecido quando já trabalhavam no Senado. Mariana Cruz, filha da diretora de Comissões do Senado, Cleide Cruz, também foi poupada, embora trabalhe na Steno do Brasil, empresa que fornece taquígrafos para a Casa.

Casagrande quer criação de site para divulgar gastos do Senado
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) propôs nesta quinta-feira a criação do "Portal de Transparência do Senado Federal" para divulgar na internet os gastos da Casa. Ao defender a medida, Casagrande argumentou que "é neste momento de crise que se devem buscar soluções para recuperar a capacidade de representação desta instituição".


- O maior problema que o Senado enfrenta hoje é a cultura da Casa, que se tornou uma instituição opaca e sem comunicação com a sociedade - afirmou.

Se o projeto for aprovado, o Senado terá de dar publicidade à execução orçamentária e financeira, licitações, contratos, convênios, diárias e passagens dos senadores, verbas indenizatórias e as despesas com pessoal.

Agência Senado; GloboNews TV; Adriana Vasconcelos - O Globo