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MEC deve antecipar fim do vestibular

6/4/2009

O ministro da Educação, Fernando Haddad, deve anunciar hoje aos reitores de universidades federais que ainda este ano será aplicado o novo Enem, que substituirá o vestibular. O ministério já conta com a adesão de 35 das 55 instituições federais de ensino superior. Reitores divergem sobre o ritmo de transição para o novo teste

MEC decide antecipar o fim do vestibular


Ministério já tem adesão de 35 das 55 universidades federais ao novo Enem, que deverá substituir o exame

Demétrio Weber

BRASÍLIA. O ministro da Educação, Fernando Haddad, deve anunciar hoje, em reunião com reitores das universidades federais, que o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será aplicado já neste ano, independentemente do número de instituições dispostas a substituir o vestibular pelo teste.

Ontem, o ministro contabilizava a adesão de pelo menos 35 das 55 universidades federais à proposta de que o novo Enem passe a selecionar candidatos em todo o país.

Com o novo Enem, o Ministério da Educação (MEC) deseja que qualquer estudante brasileiro faça a prova e, de acordo com sua nota, tenha direito a uma vaga em universidades federais de todos os estados.

Hoje, em geral, os vestibulares selecionam candidatos a uma única instituição. O novo modelo é inspirado no SAT (Scholastic Assessment Test), teste realizado nos Estados Unidos.

A exemplo do que ocorre no vestibular, o sistema valerá para quem concluiu o ensino médio em anos anteriores. Mas, como as universidades têm autonomia para decidir as regras para seleção de calouros, o MEC não pode impor o novo modelo, dependendo assim da adesão das instituições.

Reitores divergem sobre ritmo de implantação do sistema

Disposto a convencer reitores, Haddad vai hoje à sede da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em Brasília. O evento termina amanhã e reunirá os 59 dirigentes de universidades e institutos federais de educação tecnológica vinculados à Andifes.

Em tese favoráveis à substituição do vestibular, reitores já divergem sobre o ritmo de implantação do novo sistema. De um lado, o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Aloisio Teixeira, disse ao GLOBO que espera ver o sistema em vigor na UFRJ já este ano. De outro, o reitor da Universidade Federal de Uberlândia, Alfredo Júlio Fernandes Neto, defende uma transição de três anos.

O reitor da Universidade de Brasília (UnB), José Geraldo de Sousa Júnior, lembra que os reitores não darão a palavra final.

Isso porque esse tipo de decisão cabe aos conselhos internos, com representantes de diferentes departamentos, estudantes e funcionários.

— Como é um sistema de adesão, podemos aderir imediatamente ou na sequência, dependendo de como o modelo se desenvolva. Não sei se haverá pré-testes ou um piloto — diz José Geraldo.

Hoje, o Enem seleciona os bolsistas do programa Universidade para Todos (ProUni), em instituições privadas. O teste conta pontos também nos vestibulares de centenas de instituições públicas e particulares.

Como o GLOBO mostrou ontem, um balanço preliminar da Andifes indica que pelo menos 13 universidades federais adotam o Enem como critério parcial de seleção. No Rio, a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) utiliza exclusivamente o Enem para selecionar metade dos calouros a cada ano.

Em seu novo formato, o Enem terá 200 questões e uma redação. Hoje são apenas 63, mais a redação. As perguntas ganharão relação direta com os conteúdos do ensino médio.

Atualmente, o Enem dá menos atenção aos conteúdos, privilegiando a capacidade de raciocínio.

O MEC planeja aplicar o teste em outubro e não em agosto, como ocorria até o ano passado.

O exame será realizado num sábado e domingo e não mais num único dia.

Estão previstas quatro provas, com 50 questões cada: uma de linguagens, sobre língua portuguesa e língua estrangeira; uma de matemática; uma de ciências naturais, com ênfase em química, física e biologia; e outra de ciências humanas, com ênfase em história, geografia, podendo conter perguntas de filosofia e sociologia.

O GLOBO