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Nosso maior medo... - O Lacrau(*)

8/4/2009

Ainda ontem eu conversava com uma amiga sobre o medo e as implicações de se deixar vencer por ele ou vence-lo. Lembrei-me então dessa antiga fábula Sufi e aqui a transcrevo:

Um Mestre da sabedoria passeava por uma floresta com seu fiel discípulo quando avistou ao longe um sitio de aparência pobre e resolveu fazer uma breve visita... Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também com as pessoas que mal conhecemos.

Chegando ao sitio constatou a pobreza do lugar, sem calçamento casa de madeira, os moradores, um casal e três filhos, vestidos com roupas rasgadas e sujas... então se aproximou do senhor, aparentemente o pai daquela família, e perguntou:

- Neste lugar não há sinais de pontos de comércio e de trabalho como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?
E o senhor calmamente respondeu:
- Meu amigo, nos temos uma vaquinha que nos da vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse produto nós vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros de alimentos e a outra parte nós produzimos queijo, coalhada, etc...; para o nosso consumo e assim vamos sobrevivendo.

Ao continuar a conversa, ficou muito claro que aquela família vivia a cada segundo o tormento do medo de um dia vir a perder a tão “preciosa” vaquinha.
O sábio agradeceu a informação, contemplou o lugar por uns momentos, depois se despediu e foi embora. No meio do caminho, voltou-se ao seu fiel discípulo e ordenou:
- Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali na frente e empurre-a, jogue-a lá em baixo.
O jovem arregalou os olhos espantado e questionou o mestre sobre o fato da vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família, mas, como percebeu o silencio absoluto do seu mestre, foi cumprir a ordem.

Assim empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer.
Aquela cena ficou marcada na memória daquele jovem durante alguns anos, e um belo dia ele resolveu largar tudo o que havia aprendido e voltar aquele mesmo lugar e contar tudo aquela família, pedir perdão e ajuda-los.
Assim fez, e quando se aproximava do local avistou um sitio muito bonito, com arvores floridas, todo murado, com carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim. Ficou triste e desesperado imaginando que aquela humilde família tivera que vender o sitio para sobreviver, "apertou" o passo e chegando lá, logo foi recebido por um caseiro muito simpático e perguntou sobre a família que ali morava há uns quatro anos e o caseiro respondeu:
- Continuam morando aqui.
Espantado, ele entrou correndo na casa; e viu que era mesmo família que visitara antes com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha):
- Como o senhor melhorou este sitio e esta muito bem de vida???
E o senhor entusiasmado, respondeu:
- Nos tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu, dai em diante tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem saibamos que tínhamos, assim alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora ...

Cada dia, é uma oportunidade de refletirmos sobre a “nossa vaquinha” e empurrá-la morro abaixo...

Obs.: Apesar de não questionar o tema central da fábula e concordar tanto que eu mesmo diariamente tento encontrar as “vaquinhas” que me limitam para atirá-las sem piedade pelo precipício, questiono apenas a atitude do mestre no sentido de não respeitar o Livre Arbítrio da família. Acho que cada um deve assumir a responsabilidade sobre suas vaquinhas e que ninguém tem o direito de decidir qual o momento da “vaquinha” do outro ser sacrificada.

 

Luz na mente e paz no coração!

 

* Lacrau é o pseudônimo de Davison Viana no grupo Fraternidade Literária Divina Comédia.
   Davison Viana é astrólogo, membro de várias ordens iniciáticas e acredita que um bom bate-papo com Deus resolve qualquer problema.

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Comentários

Postagem = Nosso maior medo...

Autorizado a publicar: sim

Mensagem: Quantas vaquinhas serão necessárias serem sacrificadas para que o povo das bolsas miséria distribuídas a êsmo pelo desgoverno, se animem e procurem o seu lugar ao sol com trabalho digno? Foi instituido no país uma fábrica de ociosos com as bolsas votos, que no futuro será difícil colocar essa gente no eixo, ou melhor dizendo; enfrentar um batente, como todo cidadão honesto, trabalhador que contribui com a pesada carga tributária. Não consigo admitir que tenhamos que sustentar mais essa falácia do desgoverno. Porque não oferecer oportunidade para que estes se profissionalizem em alguma função para que venha tirar o seu próprio sustento com um trabalho e salário digno?

Nome: S. Frampton
Estado: RJ

.


Frampton,

Fico grato pelo seu comentário. É sempre gratificante quando o que escrevemos suscita na alma do leitor questionamentos. Nada faz mais feliz a um cronista do que saber que esta estimulando o livre pensar e a visão crítica da vida.

Também é tranqüilizador saber que, apesar de ver sempre “triunfarem as nulidades” como já diria o grande Rui Barbosa, sempre poderemos contar com a sabedoria milenar de homens de todas as raças e credos que se debruçaram em conhecer a natureza humana para nos lembrar das coisas que, seja quais forem os artifícios de retórica usados, simplesmente estão ERRADAS.

Termino o agradecimento Frampton, citando um dos meus poetas favoritos: Luiz “Lua” Gonzaga:

“Uma esmola, para o homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”

Luz na mente e paz no coração!

Davison Viana

.


 
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