|
DA
TRADIÇÃO À MODERNIDADE |
Sergipe é
tradição e modernidade, ao mesmo tempo.
Aracaju, a sua jovem capital, foi
projetada em 1855 pelo
Engenheiro-militar Pirro, e tem se
desenvolvido bastante nos últimos
tempos, apresentando ares de
modernidade, apesar da falta de uma
política urbanística mais consentânea
com o disposto no “Estatuto da Cidade”.
O seu Plano Diretor, aprovado pela
Câmara Municipal, em 1999, difere do
Projeto encaminhado à Câmara Municipal,
em fins de 1996, pelo Poder Executivo,
na gestão do atual Senador Click Sergipe - Onde Sergipe é a notícia,
que, se aprovado, traria para a capital
sergipana uma política urbanística e
ambiental muito mais próxima da
realidade e da necessidade de sua gente.
O
moderno porto de Sergipe tem contribuído
satisfatoriamente para o escoamento da
produção mineral e industrial, além de
atrair exportadores de Estados vizinhos.
O
turismo cresce a cada dia, mas precisa
crescer ainda mais, com a implantação de
obras e serviços. As belezas da costa
sul de Sergipe, que se estende até
Mangue Seco, na divisa com a Bahia, o
casario colonial de São Cristóvão e
Laranjeiras, o melhor São João do
Brasil, o Carnaval fora de época,
destacado pela imprensa nacional como um
dos melhores do país, o rio São
Francisco, com a beleza do seu “canyon”,
atraem um certo número de turistas, e
atrairiam muito mais se houvesse uma
melhor política de divulgação turística.
O
pequeno espaço geográfico de Sergipe
nunca foi e jamais será motivo para
tornar pequeno o povo sergipano. Povo
formado pela miscigenação promovida por
europeus, ameríndios e africanos, que
juntos “construíram o que temos e
constituíram o que somos”. Cabe-nos,
agora, aperfeiçoar tudo isso.
Em Sergipe, “fundem-se tradição e
modernidade, sob o fulgor do sol
nordestino e sob as bênçãos de Deus”.
Todavia, não se pode esquecer dos graves
problemas sociais que ainda rondam o
povo sergipano. Um dia, que se espera
não esteja distante, a prática executiva
mudará esse quadro. Afinal, a alguns dos
filhos de Sergipe não falta e não
faltará a coragem necessária para
promover as tão esperadas mudanças
sociais. |
|
SÍNTESE HISTÓRICA DE SERGIPE |
1. Doação
da Capitania da Bahia de Todos os Santos
por Dom João III, em 4 ou 5 de abril de
1534, numa extensão de “50 léguas de
terra da minha costa do Brasil a contar
da ponta Sul da barra do São Francisco
em direção à baía de Todos os Santos”,
em que se encontrava incluído o
território de Sergipe.
2. Fracasso da tentativa de colonização
da Capitania da Bahia de Todos os Santos
com a morte de seu donatário, Francisco
Pereira Coutinho. O território sergipano
permaneceu à margem da colonização
portuguesa, ocasionando a chegada dos
piratas franceses, atraídos pela
abundância do pau-brasil em seu litoral.
Contaram eles com a colaboração dos
Tupinambás, indígenas da região. Em 1548
as terras sergipanas seriam resgatadas
pelo Rei de Portugal, passando, a partir
daí, a denominar-se “Capitania de
Sergipe del Rei”.
3. Em 1575, Luís de Brito, Governador
Geral da região norte do Brasil, vai
tentar a colonização do território entre
os rios Real e São Francisco.
Inicialmente, a tarefa confiada aos
Jesuítas Gaspar Lourenço e João Salônio
foi bem sucedida, tendo alcançado as
margens do rio Vaza-Barris, sendo
lançados os fundamentos da colonização
nas três aldeias indígenas criadas: São
Tomé, Santo Inácio e São Paulo. Na
capela de São Tomé teria funcionado a
primeira escola de Sergipe. A
intervenção dos soldados de Luis de
Brito fez fracassar o início da
colonização jesuíta, ao travar-se a luta
em que foram destruídas as aldeias
indígenas após serem vencidos os
caciques Serigi, Surubi e Aperipê.
4. Nenhuma tentativa de colonização foi
feita após a luta, voltando os franceses
à terra sergipana. O desenvolvimento da
Colônia passou a exigir a comunicação,
por terra, entre Bahia e Pernambuco,
sendo imprescindível a colonização de
Sergipe. Em 1589, Cristóvão de Barros,
que governava interinamente a Bahia, na
qualidade de Provedor-Mor da Fazenda
Real, por ter falecido o governador
Manoel Felix Barreto, recebeu uma ordem
de Felipe, rei da Espanha e de Portugal
“para que fosse refrear os insultos dos
ferozes selvagens, os quais incorporados
com os franceses causavam por todo o
vasto distrito de Sergipe os danos mais
desastrosos”, como assinala o
memorialista citado no item 11. Deu-se,
assim, em 1° de janeiro de 1590, a
definitiva conquista de Sergipe quando
caíram vencidos Baepeba e outros
caciques. Foi erigida a fortificação de
São Cristóvão, que seria chamada de
cidade, sendo, de tal forma, a quarta
mais antiga do Brasil.
5. Foram distribuídas diversas
sesmarias, e a colonização sergipana se
processou no sentido sul-norte, escudada
na criação de gado. “Antes de ser
lavrador, o sergipano foi pastor”, como
disse Felisbelo Freire. Só no início do
século XVII surgiram os primeiros
engenhos, sendo de vital importância os
vales dos rios Real, Vasa-Barris,
Sergipe, Cotinguiba e Japaratuba.
6. Fixaram-se os religiosos Jesuítas
(1597), Capuchinhos (1603), Carmelitas
(1618 ou 1619) e, por fim, os
Franciscanos, que se tornariam
proprietários de terras, gados e
engenhos.
7. Contribuiu para a exploração do
interior sergipano, a lenda das Minas de
Prata da Serra de Itabaiana, à qual está
ligado o nome de Belchior Dias Moréia
(1619).
8. A invasão holandesa, em 1637,
interrompeu o progresso sergipano. Os
rebanhos foram dizimados, São Cristóvão
incendiada, os habitantes dispersos. A
matança dos rebanhos e o incêndio e
destruição da cidade foram praticados
tanto pelas tropas holandesas quanto
pelas tropas portuguesas, que batiam em
retirada, sob o comando do Conde de
Bagnuolo.
9. Após a expulsão dos holandeses, que
se iniciou em 1645, com a tomada do
forte holandês, no Rio Real, se vai
recompondo a vida sergipana com o
retorno da expansão da pecuária e o
desenvolvimento das culturas de
subsistência.
10. Em 1696, Sergipe adquire autonomia
judiciária com a criação da Ouvidoria de
Sergipe, sendo, em seguida, criadas as
primeiras vilas.
11. No século XVIII, cresceu o número de
engenhos, e nos fins do século, começou
pelo agreste, a expansão do algodão. Foi
muito tumultuada a vida de Sergipe:
problemas dos limites com a Bahia, lutas
entre ouvidores e capitães-mores,
prepotência dos senhores de terra.
12. Datado de 1808, há um documento
importante da realidade sergipana do
começo do século XIX: Memória sobre a
capitania de Sergipe, do bispo Dom
Marcos Antônio de Souza, que fora
vigário da Freguesia de Jesus, Maria e
José de São Gonçalo do Pé de Banco
(Siriri). Alcançava, na época, a
população de Sergipe 72.236 habitantes,
sendo 20.300 brancos, 19.954 negros,
1.440 índios e 30.542 raças combinadas
(mestiços). Vê-se quão dizimados foram
os habitantes primitivos. Existiam sete
vilas: Santa Luzia, Geru, Santo Amaro
das Brotas, Própria, Nossa Senhora da
Piedade de Lagarto, Santo Antônio e
Almas de Itabaiana e Vila Nova do Rio
São Francisco. Sobressaíam-se as
povoações de Laranjeiras e Estância.
13. Em 08 de julho de 1820, Carta Régia
de Dom João VI elevava Sergipe à
categoria de Capitania independente da
Bahia, nomeando, nesse mesmo mês,
Presidente, O Brigadeiro Carlos César
Burlamaqui.
14. Burlamaqui tomou posse no começo de
1821, só governando um mês, sendo
deposto por tropas vindas da Bahia, às
quais se aliaram muitos senhores de
terra de Sergipe. Seguiu-se um período
de lutas em que se confundem a luta pela
emancipação política sergipana e a luta
pela Independência do Brasil.
15. Em 05 de dezembro de 1822, Dom Pedro
I foi aclamado Imperador, festivamente,
pelos sergipanos, sendo nomeado, em
novembro do ano seguinte, o primeiro
Presidente, o Brigadeiro Manuel
Fernandes da Silveira, que enfrentou
sérios problemas com a classe dominante
da Província.
16. A Abdicação de Dom Pedro I, em abril
de 1831, foi festivamente recebida em
São Cristóvão, reflexo do forte
sentimento antilusitano desenvolvido
durante as lutas da Independência.
17. Em 1832, se afirmava a imprensa em
Sergipe com a circulação do primeiro
jornal, O Recopilador Sergipano, em
Estância, fundado pelo Monsenhor Antônio
Fernandes da Silveira (1832-1834).
18. O Ato Adicional (1834) trouxe à
Província de Sergipe, como às demais
Províncias, maior autonomia
administrativa com a instalação da
Assembléia Legislativa Provincial. Mas
os Presidentes das Províncias
continuariam a ser nomeados pelo
Imperador.
19. Em 1836, Sergipe passou por dias de
agitação com a Revolução de Santo Amaro,
que se estendeu por outras vilas. Nela
se definiram os partidos, Liberal e
Conservador, que dominaram a vida
política sergipana durante o Império.
20. Os presidentes se sucediam, pouco
permanecendo à frente da administração,
enfrentando o poder da classe dominante
dos senhores de terra, que controlavam a
Assembléia Legislativa Provincial, as
Câmaras Municipais e mantinham a Guarda
Nacional criada por Feijó em 1832.
21. A indústria açucareira era suporte
econômico de Sergipe. Dependendo do
comércio externo, as oscilações do preço
do açúcar repercutiam na vida da
província. Na década de 1860, o algodão
tomou impulso, alastrando-se o cultivo
pelo agreste, fazendo surgir prósperos
núcleos urbanos. Em 1884, com o
funcionamento da fábrica Sergipe
Industrial, começou a indústria têxtil
em Sergipe.
22. Em 1855. Inácio Joaquim Barbosa
transferiu a capital da velha cidade de
São Cristóvão para o povoado de Santo
Antônio do Aracaju, dentro da
geopolítica da época, em que o eixo
político deveria coincidir com o eixo
econômico.
23. As idéias abolicionistas ecoaram em
Sergipe, destacando-se a Cabana do Pai
Tomás, sociedade emancipadora que
funcionou em Aracaju, e os jornais, O
Libertador e O Descrito, fundados por
Francisco José Alves. Entre os
emancipacionistas destacou-se a poetisa
e professora Etelvina Amália de
Siqueira.
24. Só em 1888, foi fundado em Sergipe o
Partido Republicano, na cidade de
Laranjeiras, destacando-se entre os
propagadores das idéias republicanas,
Felisbelo Freire, Carvalho Lima Júnior,
Baltazar de Góis, Josino Menezes, Manuel
Curvelo de Mendonça e os jovens oficiais
de Exército e da Marinha, José Siqueira
de Menezes e Amintas José Jorge,
respectivamente.
25. A Proclamação da República foi
recebida festivamente em Sergipe,
assumindo o governo, provisoriamente,
uma Junta Governativa, que passou no mês
seguinte, ao Presidente nomeado por
Deodoro, o historiador Felisberto
Freire.
26. O advento da República não alterou a
estrutura sócio-política de Sergipe. Os
líderes monarquistas aderiram ao novo
regime, alijando do poder os setores
médios que se haviam batido pelo seu
triunfo. Em decorrência da promulgação,
em maio de 1892, da primeira
Constituição sergipana, foi eleito o
primeiro Presidente Constitucional, o
Capitão do Exército José Calazans. Este
não concluiu o mandato, deposto por um
movimento golpista liderado pelo Coronel
Manuel Prisciliano de Oliveira Valadão,
fato que fez surgir os partidos
conhecidos como Pebas e Cabaús.
27. As oligarquias voltaram ao comando
político do Estado, fazendo uso dos
métodos políticos de antigamente. Em
1906 a Revolta liderada por Fausto
Cardoso depôs o Presidente do Estado
Guilherme de Campos. Mas Fausto seria
assassinado e o governo restabelecido.
No Rio de Janeiro, meses depois, seria
assassinado o Senador Mons. Olímpio
Campos, por um filho e um sobrinho de
Fausto Cardoso, que lhe atribuíam a
morte do grande tribuno sergipano.
28. A Guilherme de Campos sucederam os
Presidentes Rodrigues Dórea, Siqueira de
Menezes, Oliveira Valadão, Pereira Lobo,
Graccho Cardoso e Manuel Dantas.
29. Em 1° de novembro de 1909 foi
inaugurado o serviço de água encanada de
Aracaju, a cargo da Empresa de
Abastecimento D’água do Pitanga, que, em
14 de fevereiro de 1910, teria a
nomenclatura alterada para Companhia de
Melhoramentos de Sergipe, com capital de
500:000$000 (quinhentos contos de réis),
divididos em 2.500 ações de 200$000
(duzentos mil réis) cada uma, cabendo a
Francisco de Andrade Melo o total de
2.200 ações.
30. O governo de Graccho Cardoso
(1922-1926) foi agitado pelo Tenentismo,
com os levantes de 1924 e 1926, sob a
liderança do Tenente Augusto Maynard
Gomes.
31. O Presidente Manuel Dantas seria
forçado a abandonar o governo, poucos
dias antes de terminar seu mandato, em
outubro de 1930, com a chegada a Sergipe
das tropas vitoriosas, comandadas por
Juarez Távora. O Presidente eleito, Cel.
Francisco de Souza Porto, não seria
empossado. Na gestão de Manuel Dantas o
cangaceiro Lampião entrou em solo
sergipano, onde seria processado por
crime de homicídio, em 1930, na cidade
de Nossa Senhora das Dores.
32. Após breves governos provisórios,
Getúlio Vargas nomeia para governar
Sergipe Augusto Maynard Gomes, empossado
em dezembro de 1930.
33. A Assembléia Constituinte Estadual,
instalada em maio de 1935, eleita que
fora no ano anterior, elegeu o médico e
militar Eronides de Carvalho, que
derrotou Maynard Gomes. Com o golpe de
1937, Eronides, que o apoiou, se tornou
Interventor até 1941, quando o
substituiu o Capitão Milton Azevedo.
34. Em 1942, Maynard Gomes volta à
chefia do Governo, nele permanecendo até
29 de novembro de 1945, quando Getúlio
foi deposto. No seu governo o submarino
alemão “U-507”, sob o comando do capitão
Harro Schacht, torpedeou alguns navios
mercantes na costa de Sergipe.
35. Após os governos provisórios de
Hunald Santaflor Cardoso, como
Presidente do Tribunal de Justiça, e do
Interventor Antônio Freitas Brandão,
assumiu o Governo do Estado, após
eleição, o jovem engenheiro José
Rolemberg Leite (1947-1951). A seguir,
governaram Sergipe Arnaldo Rolemberg
Garcez, Leandro Maciel, Luís Garcia e
João de Seixas Dória, que seria deposto
em abril de 1964.
36. A Seixas Dória sucederam Sebastião
Celso de Carvalho (1964-1967), Lourival
Baptista (1967-1970), João Andrade
Garcez (1970-1971), Paulo Barreto de
Menezes (1971-1975), José Rolemberg
Leite (1975-1979), Augusto do Prado
Franco (1979-1982), Djenal Tavares de
Queiroz (1983-1983), João Alves Filho
(1983-1987), Antônio Carlos Valadares
(1987-1991), João Alves Filho
(1991-1995), Albano do Prado Pimentel
Franco, que seria reeleito (1995-2003),
e João Alves Filho (2003-...).
Autor: José
Lima Santana |
Referências Bibliográficas |
CORRÊA,
Antônio Wanderley de Melo et ANJOS,
Marcos Vinícius Melo dos. História de
Sergipe – Para Vestibulares e Outros
Concursos. Aracaju: InfoGraphics, 2004.
FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe.
2 ed. Petrópolis: Editora Vozes/Governo
de Sergipe, 1977.
NASCIMENTO, José Anderson. Sergipe e
seus Monumentos. Aracaju: Gráfica
Editora J. Andrade, 1981.
NUNES, Maria Thetis. História de Sergipe
a partir de 1820. Rio de Janeiro:
Editora Cátedra/INL, 1978.
__________________. Sergipe Colonial II.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2000.
SANTANA, José Lima. História do
Saneamento Básico em Sergipe. Aracaju:
DESO, 1999.
SANTOS, Aldeci Figueiredo et ANDRADE,
José Augusto. Nova Geografia de Sergipe.
Aracaju: UFS/SEDL, 1998.
SOUZA, D. Marcos Antônio de. Memória
sobre a Capitania de Sergipe. 2 ed.
Aracaju: DEE, 1944.
VÁRIOS AUTORES. Sergipe Artístico e
Monumental. Aracaju: Governo do Estado
de Sergipe, 2000. |
|